Quantcast
Channel: BDBD - Blogue De Banda Desenhada
Viewing all 858 articles
Browse latest View live

A BD A PRETO E BRANCO (12) - As escolhas de Carlos Rico (2)

$
0
0
JORDI BERNET (1944). 
Outro dos grandes mestres do preto e branco é o genial desenhador espanhol Jordi Bernet, que tem como obra de vulto "Torpedo 1936", com argumentos de Enrique Sanchéz Abuli (série publicada entre nós, nos anos 80, numa colecção de seis álbuns da Editorial Futura e, também, na revista "Mosquito"). Outras séries importantes de Bernet são "Clara de Noche", "Custer", "Jonah Hex", "Light and Bold", "Sarvan", "Historias Negras", etc. 
Fez também um episódio de Tex ("L'uomo di Atlanta") para a Bonelli Comics
Em 1991 foi-lhe atribuído o Grande Prémio do Salon del Comic de Barcelona, como reconhecimento pela sua obra.

Prancha de "L'uomo di Atlanta" (com argumento de Claudio Nizzi)
Prancha de "Torpedo 1936"




RUSS MANNING (1929-1981). 
Autor norte-americano, dono de um traço "limpo" e elegante, é reconhecido pelo seu trabalho em séries como "Magnus, Robot Fighter" (histórias de ficção científica, passadas no ano 4.000), "Tarzan" (de que Manning foi um dos melhores desenhadores), "Korak" ou "Star Wars" (escreveu e desenhou as tiras, de 1979-80).


Prancha de "Ricky Nelson"
Prancha de "Star Wars"


SERGIO TOPPI (1932-2013).
Italiano, nascido em Milão, fez publicidade, ilustração e desenho animado antes de se estrear na BD, em 1960. 
A qualidade do desenho aliada à soberba planificação que aplicava em cada prancha, fizeram de Toppi um nome incontornável da banda desenhada.
Em Portugal, tem obra publicada nas revistas "Jacto", "Jornal do Cuto" e Selecções BD", para além de alguns episódios da excelente série "À Descoberta do Mundo" (colecção de álbuns editados pela Dom Quixote).
Da sua obra imensa destacamos "Sharaz-De", adaptação dos Contos das Mil e Uma Noites de que apresentamos duas pranchas.

Pranchas da série "Sheraz-De"


Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

APRESENTANDO: SÉRA

$
0
0
Séra
Séra (aliás, Phoussera Ing) nasceu em Phnom Penh (capital do Reino do Camboja) a 24 de Junho de 1961. 
Filho de mãe francesa e de pai cambojano, sofreu os horrores da guerra civil no seu país natal e tinha 14 anos de idade quando o seu progenitor foi assassinado pela gentalha do cruel e sanguinário ditador Pol Pot.
Ele, a mãe e os irmãos, refugiaram-se na embaixada de França e pouco depois foram residir para Paris. Este "inferno", amargamente por ele vivido, marcou a sua personalidade e tem marcado em geral a sua obra, onde denuncia horrores, mas onde também há uma doce e nostálgica poesia.
No entanto, é um cidadão jovial e bem sociável e, uma vez, disse-nos: "Sou um revoltado positivo".
Já esteve em Portugal. A última vez foi quando foi homenageado no salão "Sobreda-BD / 2002". Ultimamente, reparte-se entre a França e o "seu" Camboja (em acções relativas à Banda Desenhada).
Com um estilo muito pessoal e inusitado, na sua bibliografia, já bem vasta, contam-se obras como:
Uma biografia da inolvidável actriz Rita Hayworth; os dramáticos e admiráveis temas cambojanos "Impasse et Rouge", "L'Eau et la Terre", "Lendemains de Cendres" e "3 Pas dans le Pagode Bleue"...
 

...a enigmática trilogia "Les Processionaires", com argumento de Philippe Saimbert; o segundo tomo da trilogia draculiana "Sur les Traces de Dracula", sob argumento de Yves Huppen, " Bram  Stoker"...
Capa e prancha de "Bram Stoker" (da série "Sur les traces de Dracula"), 
com argumento de Yves Huppen (Ed. Casterman, 2006)

...e, entre outros mais álbuns, "Antichambre de la Nuit", "Flic", "H.K.O.", "Secteur 7", "Sortie de Route", "Le Temps de Vivre", etc, tendo bem no topo, o maravilhoso, terno e poético, "Mon Frère, le Fou".

Dado a nossa plena amizade com Séra (pronuncia-se, sêrá), enviámos-lhe uma boa dose de questões para uma entrevista. Respondeu-nos que estava muito ocupado no Camboja, e que nos enviaria as respostas logo que pudesse... Se ele não se esquecer e o vier a fazer, aqui marcaremos um post com a programada entrevista.
Até lá, o nosso desafio aos leitores bedéfilos para que leiam (em francês) a sua obra e a todas as nossas corajosas editoras-BD para que o publiquem em português.
Vai uma vertical aposta?...
LB
Prancha de "Impasse et Rouge"

Prancha de "Dans la Pagode Bleue"

Prancha de "HKO"

Prancha de "Sortie de Route"

Capa de "Secteur 7"

NOVIDADES EDITORIAIS (53)

$
0
0
MIDNIGHT NATION - Edição Delcourt. Embora originalmente norte-americana, foi pela edição francesa que lemos esta obra extraordinária e inquietante. E muito bela também! O argumento, quase "aterrador" ante o que indica ou pergunta à Humanidade, é de Joe Michael Straczynski e o maravilhoso grafismo é de Gary Frank e a sua equipa de coloristas.
O herói David Grey - se é que este personagem pode ser adjectivado de herói - morre baleado em Los Angeles, quando cumpria o seu dever de inspector da polícia. Ao acordar, está num estranho plano de existência, entre a vida e a morte... Tem de viajar a pé até Nova Iorque para recuperar a sua alma. E tudo isso se torna numa odisseia sufocante. Tem como guia uma perigosa e enigmática mulher, a bela Laurel. E há encontros bizarros, como os vorazes andarilhos, uma espécie de diabólicos zombies e o famoso Lázaro que busca a morte, pois não sabe porque foi ressuscitado e depois nunca mais falaram dele... E há ainda o poderoso "chefe" dos andarilhos (Lúcifer, ou seja, o anjo caído Samael?), que explica a Grey certos aspectos "aterradores" sobre tudo o que existe (e como tudo surgiu e porquê), até o conceito da esperança, que não passa de uma mentira vazia e conveniente...
Uma obra fantástica para ser lida e discutida. E, sobretudo, para ser urgentemente traduzida e editada em português.


NI DIEU NI MAÎTRE - Edição Casterman. Argumento de Loïc Locatelli Kournwsky e grafismo de Maximilien Le Roy.
Uma obra de peso relatando a vida de Auguste Blanqui, um revolucionário e político do século XIX, que passou a maior parte da sua vida pelas prisões francesas, sem jamais abdicar dos seus ideais de socialista radical.
Sem dúvida, uma obra de qualidade.


GÉNIE DE L'INSOMNIE - Edição Lombard. Argumento de Bob de Groot e arte gráfica de Turk.
É o 45.º álbum desta série tão popular quão hilariante.
O sábio e inventor Léonard (uma bizarra caricatura a Leonardo da Vinci?) continua "sadicamente" a dar cabo dos nervos do seu humilde e ingénuo discípulo Basile.
São loucuras atrás de loucuras, onde aparecem os notáveis secundários desta série: a cozinheira Mathurine, o irónico gato Raoul, a ratinha Bernardette e a incrível caveira Yorik.
Um convite à risota em série. Um álbum muito aconselhável para nos aliviar do peso das nossas angústias quotidianas.


CELUI QUI N'EXISTAIT PLUS - Edição Vents d'Ouest. Argumento de Rodolphe e arte gráfica de Georges Van Linthout.
Será possível, por auto desafio, abdicarmos de tudo, mas mesmo de tudo, e recomeçarmos a viver? Por quanto tempo? E que consequências, quiçá trágicas, nos pode trazer tal aposta?
Norman Jones é um cidadão norte-americano com 40 anos de idade, que está muito bem na vida: tem um alto cargo numa empresa em Nova Iorque, ganha bem, tem esposa, dois filhos e uma amante. Mas um estranho tédio há muito que lhe corrói toda a sua vivência. Tudo lhe é cinzento e rotineiro e lhe dá a sensação de ser um inútil, que não saboreia a vida na sua autenticidade.
A 11 de Setembro de 2011, quando da hecatombe terrorista às Torres Gémeas (onde ele tinha o seu local de trabalho), por acaso, estava com a sua amante e não fora trabalhar. Não foi tarde nem cedo: aproveitando essa tragédia, de imediato abandona tudo (mas mesmo tudo!), programando-se como uma das vítimas do atentado ao World Trade Center. Só a sua amante fica a par desta sua decisão.
Uma obra muito bela e muito emotiva, onde o sonho e o dramatismo temperam fortemente a vontade de cada um de querer sentir a Vida!... Mais uma obra de leitura obrigatória!


L'OCÉAN - Edição Lombard. Argumento de Jean Dufaux, traço de Olivier Grenson e cores de Benoît Bekaert.
Depois de uma vaga pausa, eis o 12.º álbum, "L'Océan", da série "Niklos Koda".
Este herói, ex-diplomata e espião francês, está desaparecido... Que é feito dele?!...
Esta série, a pouco e pouco, foi descambando para os ambientes da magia, em especial, para a vertente sinistra da "magia negra".
Koda está por aqui muito envolvido. Por sua vez, a sua filha adolescente, Sélénie, que tem capacidades plenas para actuar nestes campos, mesmo que involuntariamente às vezes, anda numa incansável busca para reencontrar o seu progenitor...
Aqui temos pois, espionagem, política, interesses obscuros e magia, como ingredientes fortes neste novo capítulo da série.

PELA BD DOS OUTROS (11) - A BD SUL-AFRICANA

$
0
0
A Républica da África do Sul, ou República Sul-Africana, situa-se obviamente no sul de África, fazendo fronteiras com a Namíbia, o Botsuana, o Zimbábuè, Moçambique, o Reino da Suazilândia e ainda com o Reino do Lesoto (este, todo cercado pela África do Sul, como se fosse uma ilha). Tem como capital executiva a cidade de Pretória e como Moeda o Rand. Com vários povos mais ou menos autóctones, os portugueses sob o comando de Bartolomeu Dias, foram os primeiros europeus a aí chegar e a dobrar o famoso Cabo das Tormentas (depois, da Boa Esperança) em 1488. Muito mais tarde, foram chegando os holandeses e depois, os ingleses. Com o tempo, os holandeses assimilaram-se a colonos refugiados flamengos, franceses e alemães, dando origem ao povo e idioma bôer... 
Hoje nação moderna, rica e multirracial, é certamente o grande país, em todos os sentidos, do continente africano. Num passado recente, aqui viveram temporariamente o líder pacifista indiano Mahatma Gandhi (aliás, Mohandas Karamchand Gandhi) e o poeta português Fernando Pessoa.
Tem valorosos nomes ligados à política (Nelson Mandela, o bispo Desmond Tutu...), ao desporto (o atleta Oscar Pretorius, o jogador de râguebi François Pienaar, o futebolista Aaron Mokvena, o surfista Jordi Smith...), à canção (Miriam Makeba), ao cinema (o actor Sidney James, o realizador Peter Prowse...) e à literatura (Solomon T. Plaatje, Alan Paton, Athol Fugard e, entre muitos outros mais, os nobelizados Nadine Gordimer e John Maxwell Coetzee). É um infindável universo de valores!
E claro, também tem magníficos autores da sua Banda Desenhada, dos quais aqui se salientam alguns dos principais:
Enquanto Thomas Ochse Honiball (1905-1990) é um dos mais famosos veteranos, Daniel Mark Nel, é um dos representantes da nova geração, especialmente dedicado aos murais. De permeio e entre muitos outros, temos: Rayaan Cassiem, N.D. Mazin, Anton Kannemeyer e Williem Samuel.
Por fim, talvez os mais notáveis: 
Mogorosi Mothsumi...

...Conrad Botes...

...Roberto Millan...

...Karlien De Villiers (uma autora traduzida e editada em diversos países)...

...Zapiro (aliás, Jonathan Shapiro)...

...e Rico Schachrel (nascido na Áustria) que, em parceria  com Stephen Francis e Harry Dugmore, é o responsável da fenomenal série de tiras, "Madam & Eve" (A Senhora e Eva).
Esta série, verdadeiro delírio de popularidade, tem sido editada em vários países (sobretudo na Europa, excepto e por enquanto, em Portugal!!!...) e já deu origem a uma série televisiva sul-africana (iniciada em 2000), com as actrizes Val Donald-Bell (Madame) e Tina Jaxa (Eva), com  direcção de Andre Odentaal e Raymond Sargeant. Mais ainda: em Joanesburgo, foi levada à cena numa bem conseguida adaptação ao teatro musical.
"Madame & Eve", por Rico Schachrel, Stephen Francis e Harry Dugmore

É estranhamente curioso (ou será... incompreensível?) que Portugal, que por diversas razões está unido à África do Sul, continue casmurramente a desconhecer a Banda Desenhada Sul-Africana!...
LB

A BD A PRETO E BRANCO (13) - AS ESCOLHAS DE CARLOS RICO (3)

$
0
0


JOE KUBERT (1926-2012)
Nasceu na Polónia mas cedo emigrou para os Estados Unidos onde se tornou num dos maiores autores de histórias em quadradinhos. Foi assistente de Jack Kirby apenas com 16 anos! Depois, o seu espantoso talento espraiou-se por temas muito variados em séries como "Sargent Rock", "Tor", "Enemy Ice", "Flash", "Hawkman", "Tales of the Green Beret" ou "Tarzan" (estas duas últimas foram parcialmente publicadas no nosso "Mundo de Aventuras"). Desenhou também para a colecção "Tex Gigante" uma das melhores histórias deste personagem: "O Cavaleiro Solitário". Criou com a sua esposa Muriel, em 1976, a "Joe Kubert School of Cartooning and Graphics", ainda hoje uma referência entre as escolas de Arte americanas. 
Pranchas de "Cabelos de Fogo"
Pranchas de "Tarzan", que Kubert desenhou magistralmente



WALTER BOOTH (1889-1971)
Inglês, nascido em Walthamstow, foi autor de duas das mais populares séries publicadas em Portugal: "Rob the Rover" (conhecida entre nós como "Pelo Mundo Fora" e tida como a primeira banda desenhada não humorística) e "Captain Moonlight" ("Capitão Meia-Noite", na versão portuguesa). Sendo um autor com obra notoriamente "datada" (com legendas didascálicas, por exemplo) os seus magníficos desenhos, cheios de pormenor, continuam a fascinar-nos. Recentemente, o nosso José Pires encetou uma autêntica odisseia, restaurando prancha a prancha e publicando, em vários volumes, as duas séries. Uma excelente forma, afinal, de homenagear a obra deste grande mestre da banda desenhada a preto e branco. 

Prancha 1 de "Capitão Meia-Noite", restaurada por José Pires
Prancha 12 de "Rob the Rover", igualmente restaurada por José Pires



FRED HARMANN (1902-1982)
Norte-americano, foi ilustrador e editor de revistas e, também, um notável pintor de temática western. Chegou a pertencer aos estúdios de animação de Walt Disney, em Kansas City, mas foi na banda desenhada que teve o reconhecimento merecido ao desenhar durante um quarto de século(!) a série "Red Ryder" (que criou em parceria com o argumentista Stephen Slesinger). Alguns episódios de Red Ryder foram publicados no nosso "Mundo de Aventuras" com êxito assinalável. Em Pagosa Springs (Colorado) o Fred Harmann Art Museum continua a perpetuar a obra deste autor.

Vinheta de "Red Ryder"
A primeira tira de "Red Ryder", publicada a 6 de Novembro de 1938

Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

ENTREVISTAS (15) - PEDRO MASSANO

$
0
0
Pedro Massano
Pedro Massano, de seu nome completo Manuel Pedro Dias Massano Santos, nasceu em Lisboa a 15 de Agosto de 1948, residindo habitualmente na região de Tomar, à beira do Rio Zêzere.
Viveu vários anos da sua juventude na ilha de S. Miguel (Açores). 
Sem completar o curso, estudou Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL).
Colaborou para variadíssimos periódicos e fanzines e foi durante alguns anos, director do quinzenário "Eco Regional". 
Foi, também, um dos autores pertencentes à equipa da "Visão" (revista que revolucionou o panorama bedéfilo nacional e onde chegou a assinar trabalhos simplesmente como "Pedro").
Foi homenageado nos Salões BD de Sobreda, Moura e Viseu.
"Dick Tetiv" (2001), Ed. C.M. Moura
A sua 9.ª Arte é variada, indo das narrativas realistas às humorísticas. Editou o livro "Como Fazer Banda Desenhada" e criou um álbum de cromos, "As Aventuras do Capitão Igloo". Em tempos de "descanso", dedica-se também à Pintura e à Música (toca guitarra, piano e bateria). Em mini-álbuns, publicaram-se exemplos das suas séries "Os Passarinhos", "O Abutre" e "Dick Tetiv" (este, editado pela Câmara Municipal de Moura).
Os seus iniciais grandes triunfos foram os primeiros tomos das séries "Mataram-no Duas Vezes" ("A Lei do Trabuco e do Punhal") e "A Minhoca Tropicalda" ("Missão H...Órrível"), sob edição Europress.

Depois, vieram os dois primeiros tomos de "A Conquista de Lisboa", que em breve conhecerá a terceira e última parte.

Para a francesa Glénat e com argumento de Patrick Lizé, elaborou os dois primeiros tomos de uma prevista trilogia, "Le Deuil Impossible", versando, de certo modo, a vida de D. Sebastião I de Portugal. 
Capas de "Le Deuil Impossible" (tomos 1 e 2), Ed. Glénat

Colaborou nos colectivos "Uma Revolução Desenhada: o 25 de Abril e a BD" e "Salúquia" (este também editado pela Câmara Municipal de Moura). 
Recentemente, sob edição Gradiva, o belo álbum "A Batalha", narrando a épica Batalha de Aljubarrota. E é com este assunto que iniciamos a entrevista.

BDBD - "A Batalha", finalmente em álbum! Estás satisfeito?
Pedro Massano (PM) - Acho que toda a gente cumpriu bem e penso que o resultado final não podia ser melhor.

BDBD - No entanto, numa história sem enredo ou "novela", apenas relatando os preparativos, a batalha em si e o final do combate, mesmo assim, resultou em pleno. Foi difícil?
PM - Foi a minha principal preocupação desde o início da preparação do álbum. Estava fora de questão fazer uma história, posto que toda a gente já conhecia o assunto e o seu desfecho. Daí, ter tido o especial cuidado em "decifrar" o Fernão Lopes, o Froissart, o Ayalla e outros, para tentar enriquecer a narrativa de um modo mais viável e torná-la tão linear quanto possível.

BDBD - Pensas retomar alguma das tuas séries?
PM - Tenho tido pedidos de amigos para retomar a série "O Abutre"... Estou já a preparar tal ideia, mas será talvez para a Internet e não para livro.

BDBD - Portanto, a série de tiras como "Os Passarinhos" e "Dick Tetiv"...
PM - No campo do humor, tenho mais duas: "Tialgarf" e "O Merlo".

BDBD - Em França, publicaste dois álbuns da série "Le Deuil Impossible" que "parou" de repente. Porquê?
PM - Projectava-se um terceiro e último que chegou  a ser começado, mas houve divergências de opinião de ver essa história, por mim e pelo argumentista Patrick Lizé... Por outro lado, aos franceses pouco ou nada dizia esse tema... E ficou-se por aí.

PM - Mas, segundo uma ideia antiga tua, vais continuar com o João Brandão ("Mataram-no Duas Vezes") e com a Minhoca Tropicalda?
PM - Sim, há a ideia de continuar com uma e outra dessas séries. Já há coisas escritas e desenhadas... Mas não faço BD por compulsão. Será talvez por "dever cívico".

BDBD - Outras séries tuas foram, também subitamente, interrompidas como "Contacto em Lisboa" e a do super-herói "Skate Roller". Que tens a dizer sobre isto?
PM - "Contacto em Lisboa" era um propósito para ocupar o espaço onde se publicava no "Eco Regional", mas o jornal acabou... Era em tiras. De qualquer modo, para mim, a tira não faz sentido se não for humorística, o que não era o caso. É um modelo ou uma tradição que funciona mais para os norte-americanos. Quanto ao projectado super-herói Skate Roller, foi apenas o esboço de um delírio que se ficou por aí.
Tiras de "Contacto em LIsboa"
BDBD - E quanto a projectos bem mais próximos?
PM - Se é que podemos ter projectos com esta idade... Olha, estou a elaborar o terceiro e último álbum de "A Conquista de Lisboa" e... e tenho de facto projectos no ar, mas preciso de estímulos para tal. A ver vamos!...
LB


"Cianato" (in revista "Visão", n.º 2)
(in revista "Visão", n.º 3)

Pranchas de "Angola 1971" (in revista "Visão", n.º 7)

Tiras da série "Os Passarinhos"

Prancha de "Mataram-no Duas Vezes" (Ed. Europress)
Tiras do álbum "Dick Tetiv" (Edição da C.M.Moura, 2001)


"Manuel", primeiro episódio de "O Comboio do Ouro" (in revista "Selecções BD")
Prancha da série de super-heróis "Skate Roller", que não prosseguiu
Capa de "O Abutre 1" (Ed. Europress)


Prancha de "A Conquista de Lisboa"
Capa de "A Batalha"
Prancha de "A Batalha"

A BD A PRETO E BRANCO (14) - As escolhas de Carlos Rico (4)

$
0
0
TOMÁS MARCO NADAL (1929-2000)
Artista espanhol de eleição, começou bem cedo a sua carreira: aos 21 anos já desenhava "El Vengador" para Editorial Marco, estreando-se, assim, no mundo da BD.
Para a Editorial Bruguera entintou trabalhos de outros autores, em personagens célebres como "El Capitán Trueno".
Trabalhou muito para o mercado estrangeiro, em especial o francês, onde desenhou "SOS Titan" e "Kalar", a série que o consagrou como um dos grandes desenhadores da figura animal. Vários episódios de "Kalar" foram publicados, com grande sucesso, em Portugal na revista "O Falcão". 


Duas pranchas/vinhetas de "Kalar"



FRANK BELLAMY (1917-1976)
Nascido em Northamptonshire (Inglaterra), Frank Bellamy foi um notável desenhador. Colaborou com várias revistas britânicas (a mais importante das quais a famosa Eagle) com trabalhos como Commando Gibbs, Swiss Family Robinson, Heros the Spartan ou Robin Hood.
Em 1960 passa a desenhar Dan Dare e, mais tarde, assume a série Thunderbirds.
O seu último trabalho foi a série Garth que, durante cinco anos, publicou, sob a forma de tiras, no The Daily Mirror.

O Robin Hood de Bellamy...
...e cinco tiras de Garth, uma série que Bellamy revigorou com a sua classe.




TONY DE ZUÑIGA (1932-2012)
Nascido em Manila, este desenhador teve uma carreira notável na DC Comics e na Marvel, sendo mesmo o primeiro ilustrador filipino que trabalhou para o mercado norte-americano, abrindo, assim, caminho a outros compatriotas seus como Nestor Redondo ou Alex Niño.
Foi co-autor das séries Jonah Hex e Black Orchid.
Desenhou heróis famosos como Batman, Homem-de-Ferro, X-Men, Homem-Aranha ou Conan, o Bárbaro. 
Faleceu em 2012, vítima de um acidente vascular cerebral.

Prancha de "Medalyang Pilak"
Prancha de "Jonah Hex"

Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.



HERÓIS INESQUECÍVEIS (27) - JERRY SPRING

$
0
0
Herói-BD na linha "western" (ele há tantos !...), Jerry Spring tem um magnífico e especial carimbo: é um... Jijé! Jijé (1914-1980), que foi um incontestável mestre de tantos desenhistas que, por sua vez, também acabaram por merecer o epíteto de "mestre".
Jerry Spring apareceu pela primeira vez a 4 de Março de 1954, no n.º 829 da revista belga "Spirou", dando origem a uma série que logo conquistou uma multidão de público. 
E por essas cavalgadas excitantes pelas pradarias, lá andava o elegante e valentão Jerry Spring, quase sempre acompanhado pelo mexicano gorduchão e temerário Pancho, onde não falta também, muita poeirada e o fedorento suor de gentes, cavalos e bisontes...
A série comporta vinte e dois álbuns, com os primeiros 21 desenhados pelo seu criador e o 22.º, já desenhado por Franz. 
Surgiram ainda, na versão integral, mais cinco álbuns, com o magnífico traço de Jijé a preto e branco.
Capas dos cinco volumes da colecção "L'intégrale" dedicada a Jerry Spring

Em Portugal, as Edições 70 editaram quatro álbuns (apenas!...). Em revistas afins, algumas narrativas de Spring  foram publicadas no "Cavaleiro Andante" e no "Mundo de Aventuras".
Prancha de "O Segredo da Mina Abandonada" (in "Cavaleiro Andante", n.ºs 210 a 252)

Acrescentemos no entanto: o heróico Jerry Spring, não é apenas esse tremendo herói-BD no plano realista, pois prestou-se também a versões cómicas (argumento e traço), numa deliciosa cumplicidade Jerry Spring-Jijé, cujos episódios estão reeditados, pelas Éditions Dupuis, em "Jerry Spring, l'Intégrale Noir et Blanc / 5"; "Que Barbaridad!" (em seis pranchas, estreadas no suplemento "Le Trombone Ilustré", da revista "Spirou") e, em 1979, no número "Tintin Spécial Western", em três pranchas, "Le Baron Von Rischönstein Chez les Empa-pahutés", marcando esta breve e divertida história, a derradeira aparição de Jerry Spring sob o traço de mestre Jijé.
"Que barbaridad!" (in"Le Trombone Ilustré")

Por agora, ficamo-nos por aqui, pois em breve e se tudo correr bem (apesar da crise), Jerry Spring e os seus "irmãos" (Blodin e Cirage, Jean Valhardi, Tanguy et Laverdure, Barbe Rouge, etc.), aqui tornará, quando pudermos garantir o que, em justa e emotiva homenagem, se festejar: o primeiro centenário do nascimento do grande Jijé!...
LB




Prancha de "L'Or de Personne", por Jijé
Prancha de "Colére Apache", por Franz



PATOS & PATOS

$
0
0
Cães, gatos  e cavalos, são frequentíssimos, em diversos aspectos, na Banda Desenhada. E os patos?... Não tão frequentes, mas também têm o seu razoável lugar na 9.ª Arte.
(E não se ponham já a babar a imaginar um tentador e apetitoso "arroz de pato"... Há que ter cuidado, pois a sua carne tem alto teor de gordura e aumenta bem o colesterol de cada um. Mais: que a vossa gula não se excite já com um patê de pato barrado numa apetitosa tosta! Se imaginassem a tortura cruel que este palmípede sofre para que o seu fígado rebente e daí resulte um patê "delicioso"!... Comam antes as tostas com patês de sardinha, atum ou salmão...).
Mas vamos lá então aos patos mais famosos na BD, dois dos quais apareceram primeiro no Cinema de Animação: o Donald e o Daffy.


DONALD - surgiu a 9 de Junho de 1934, no Cinema de Animação pelas Produções Walt Disney, desenhado por Art Babbit. É um pato branco, vestido à marujo, azarado e refilão. Seu nome completo é, Donald Fauntleroy Duck. A sua popularidade subiu em flecha, vindo a ultrapassar a do Rato Mickey. Tem uma extensa família e uma boa lista de amigos. 
16 de Setembro desse mesmo 1934, sob grafismo de Al Taliaferro, estreia-se na Banda Desenhada. Porém, só em 1962, sob o talento de Carl Barks, surge o seu verdadeiro e primeiro grande triunfo nesta Arte.
Traduzido em inúmeros idiomas, teve e tem desenhadores próprios em certos países, como na Itália (Federico Pedrocchi, Mario Pinochi ou Giovan Battista Scarpi) e no Brasil (Bruno Pombo Lemos, Gonçalves Santos ou Vítor Siqueira Gonçalves).



TIO PATINHAS - no original, Uncle Scrooge. 
É um dos parentes de Donald. De origem escocesa, é empresário multimilionário e doentiamente avarento. E irascível também. 
Criado por Carl Barks directamente para a Banda Desenhada e inspirado no sovina Ebenezer Scrooge do "Conto de Natal" de Charles Dickens, surgiu em Dezembro de 1947. 
Keno Don Hugo Rosa, continuador de Barks, vem a anunciar o falecimento de Patinhas com cem anos de idade... Mas, mesmo assim, ele vai aparecendo em episódios posteriores.
Curiosidade: pelos anos 60/70, os países da Escandinávia, mormente a Suécia, proibiram  as vendas de BD com o Tio Patinhas, pois este personagem induzia e influenciava as crianças à ganância e à sovinice!...



DAFFY - este pato negro surgiu em 1937 no Cinema de Animação pelos estúdios da Warner Bros, criado por Tex Avery.
Porky, Bugs Bunny Speedy Gonzalez, são outros personagens com quem ele contracena com frequência, nem sempre com honestidade e lealdade... 
Não tardou que Daffy Duck passasse à 9.ª Arte, mantendo em paralelo, as suas tropelias pelo Cinema de Animação.  No papel, Tony Strobl e Phil De Lara, são os principais responsáveis.
De um modo ou de outro, Daffy, é absolutamente irresistível.


WLADIMYR - é uma ternura encantadora, este patinho filósofo que troca ideias com seus amigos, a rã Elodie e o cão Igor. Criadores do personagem-série, o casal Roque: Carlos Roque (1936-2006), português e desenhista, e sua esposa belga Monique, como argumentista. Apenas em brevíssimas ocasiões, houve argumentos por Raoul Cauvin e por Marck.
Wladimyr estreou-se, com "gags" quase sempre em sequência-tiras (duas por "gag") na revista belga "Spirou" a 3 de Abril de 1969. Muitos anos mais tarde, a extinta revista portuguesa "Selecções BD", publicou alguns episódios, dos muitos que existem com este pato. Não se compreende que, tanto na Bélgica como em Portugal, até hoje, não haja um álbum reunindo todas as graças de Wladimyr!...




CANARDO ou "Inspector Canardo" - há uma certa tangência entre este pato "inspector Canardo"  e a série televisiva do "inspector Colombo" magistralmente interpretado pelo actor Peter Falk, sobretudo no uso da gabardina branca (?!) e na constante aparência desleixada. Sob o talento de Benoît Sokal, Canardosurgiu a 2 de Março de 1978.
É um bizarro detective, bem "série negra", inveterado fumador e viciado sem qualquer moderação pelas bebidas alcoólicas. 
Atravès de Canardo, Sokal traça, a seu modo, um retrato sombrio da nossa sociedade actual. 
Pascal Regnaud prossegue a série, seguindo de perto a ideia de Sokal.



KVACK - é uma patinha simpática e personagem secundária, mas notória, da série "Hägar", criada  em 1973 pelo norte-americano Dik Browne e continuada, a partir de 1989, por seu filho Chris Browne.
Kvack é a fiel amiga e confidente de sua dona Helga (aliás, Hildegarde).
O termo, aqui o nome, "kvack"é uma paródia: a patinha é alemã e a sua dona é norueguesa e daí  que a simpática ave grasne com sotaque, pois em vez de "quak", o som será "kvack".




O PATINHO FEIO - é quase uma "missão impossível", distinguirmos quem é o maior: se o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875) se o desenhista português Fernando Bento (1910-1996). Dois génios!
Dois génios que, nas devidas circunstâncias, formaram parceria.
O palmípede "O Patinho Feio", não é um herói-BD, mas a sua "vida" existe em emotiva lição para a vida no texto de Andersen e no admirável traço de Bento.
Esta belíssima adaptação à Banda Desenhada Portuguesa, pertence à série "As Mais Belas Histórias Para Crianças", que foi publicada no saudoso "Diabrete", nos anos 40. Em dez pranchas (capa incluída), "O Patinho Feio" foi editado na citada revista, em 1949, do n.º 635 ao n.º 645. Uma espantosa e comovente maravilha!
LB




ENTREVISTAS (16) - JOSÉ RUY

$
0
0
JOSÉ RUY Matias Pinto nasceu na Amadora, onde reside, a 9 de Maio de 1930. Tirou o curso de desenhador litógrafo na Escola António Arroio (Lisboa). É aos catorze anos que começa a publicar banda desenhada em "O Papagaio". E nunca mais parou, a ponto de ser o nosso honroso desenhista que tem quase toda a sua obra editada em álbum. Dizemos quase, precisamente porque ainda não se recuperaram para a versão álbum, as suas primeiras criações, pormenor que teria e terá muito interesse para os coleccionadores e estudiosos da sua carreira. Citam-se, como exemplos soltos, as histórias "Os Cavaleiros do Vale Negro", "Homens do Mar", "A Bravura de Chico", "Nico e Cartucho em Raptores", "Piratas do Ar", etc.





A sua vasta obra foi publicada através de uma imensidão de periódicos.
Tem exposto a sua BD pelos mais diversos pontos de Portugal, mas também, no Brasil, Japão, Roménia, Alemanha, China, França e Cabo Verde.
Foi homenageado na Sobreda, Amadora, Moura, Beja, Lisboa, Porto, Setúbal, Bulgária e na cidade de Belém (Brasil). Na sua Amadora natal, uma avenida e uma escola básica, têm o seu nome.
Adaptou para a 9.ª Arte, diversos exemplos literários de Alexandre Herculano, Fernão Mendes Pinto, Wenceslau de Moraes, Gil Vicente, Luiz de Camões, Alves Redol e do brasileiro José de Alencar.
Prancha de "O Bobo" - adaptação da obra de Alexandre Herculano
(in"Cavaleiro Andante" n.º 266)
Prancha de "Peregrinação", segundo a obra de Fernão Mendes Pinto,publicada no "Cavaleiro Andante"

Capa de "Ubirajara", adaptação da obra de José de Alencar.
História reeditada no n.º 1 da colecção "Antologia da BD Portuguesa" - Editorial Futura (1982)

Focou algumas vezes o humor e elaborou algumas histórias de mera ficção e várias biografias, a saber: o Infante Dom Henrique, Nicolau Coelho, Pêro da Covilhã, Wenceslau de Moraes, Gutenberg, Almeida Garrett, Charles Chaplin, Columbano Bordallo Pinheiro, Humberto Delgado, Alves dos Reis, Jorge Dimitrov, Aristides de Sousa Mendes, Martins Sarmento, Leonardo Coimbra e João de Deus.
Prancha de "Gutenberg", publicada no "Mundo de Aventuras Especial" n.º 13 (Dezembro de 1976)

Elaborou uma sinopse de "História da Cruz Vermelha", traduzida em onze idiomas e distribuída em mais de 150 países. 
Alguns álbuns têm versões traduzidas: "A História de Macau" (em cantonês), "Aristides de Sousa Mendes" (em hebraico, francês e inglês) e, no nosso dialecto mirandês, "O Mirandês", "Os Lusíadas" e "João de Deus".
Estranhamos que uma das suas obras de honra, "A Peregrinação", que tem tido várias reedições, não tenha captado a atenção de editores estrangeiros, ao que José Ruy nos esclareceu: "Recebi de um pais de outro continente (América do Sul), o pedido para fazer um contrato de edição, que está em curso, e de tradução para a respectiva língua, da "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto".
A título de curiosidade, indicam-se alguns títulos-álbuns fundamentais da bibliografia de mestre José Ruy: "O Bobo", "Os Lusíadas" (três tomos), "Levem-me Nesse Sonho", "A Ilha do Futuro", "As Aventuras de 4 Lusitanos e 1 Porca", "Ubirajara", "Amarante", a série "Porto Bomvento", "Humberto Delgado", "Peter Café Sport e o Vulcão do Faial" (edição elaborada nos Açores), o álbum colectivo "Salúquia", "Autos das Barcas", "Farsa de Inês Pereira", "Auto da Índia", etc, etc.
 

E agora se segue a nossa "conversa":
BDBD - O José Ruy é um dos veteranos na nossa BD que está sempre e incansavelmente a produzir. Donde lhe vem essa energia?
José Ruy (JR) - Essa energia vem de metas, projectos... para se concretizar uma ideia ou um plano que nos é muito querido. Ou seja, quando estamos a fazer um trabalho pelo qual estamos apaixonados, esquecemo-nos de que não temos energia.

BDBD - A par deste mérito, tem conseguido sempre imediatos editores, enquanto outros colegas seus, com obras completas, se lamentam de não conseguirem quem os edite. Como vê esta situação?
JR - Aí devo confessar que serei um privilegiado. Como opinião pessoal para com as obras que tenho feito e segundo as tiragens obtidas, isso significa que tenho um público que acompanha e adquire o que vou criando, incluindo as tiragens específicas para bibliotecas. Isto representa para um editor uma garantia positiva de vendas.


BDBD - Edições de obras suas noutros idiomas também é outra glória que o honra. Satisfeito?
JR - Claro que me sinto satisfeito, no entanto, sem nunca ter forçado essa situação. Não me sinto privilegiado, mas são essas propostas que vêm ao meu encontro.

BDBD - É verdade que o saudoso mestre Eduardo Teixeira Coelho foi, de certo modo, o seu... digamos, guru nesta Arte?
JR - Foi, é e será sempre, enquanto ele estiver vivo na minha memória.

BDBD - Tem belíssimas obras de ficção, donde também, adaptações de clássicos da Literatura. Mas, de repente, deixou estas vertentes e tem-se limitado a biografias, que não deixam de ser louváveis. Mas será que abandonou mesmo as belas aventuras através da BD?
JR - Tenho  de lhe responder desta maneira: se observar minuciosamente todos estes meus trabalhos biográficos, eles também estão cheios de ficção, envolvendo a parte histórica e documental.

BDBD - "Os Lusíadas" e "Peregrinação" são as suas obras sempre tão bem lembradas. Também são as suas criações favoritas? Qualquer autor tem sempre exemplos preferidos do que cria, não acha?
JR - São duas das minhas três favoritas.

BDBD - E qual é a terceira?
JR - A terceira é a série "Aventuras de Porto Bomvento".
As três criações favoritas de José Ruy: "Peregrinação", "Os Lusíadas" e "Porto Bomvento"

BDBD - Das poucas vezes que abordou o humor, tem "Os Quatro Lusitanos e Uma Porca", tão acutilante como divertido. Voltaria a este género?
JR - Tenho um plano elaborado há dois anos, com o mesmo guionista do álbum citado, que pus de parte quando o José Pires criou uma obra do género, mas que ainda não foi publicada.

BDBD - Que sonho antigo gostaria ainda de adaptar à BD?
JR - Gostaria de voltar a abordar um tema que me é muito caro: os bombeiros. Em 1973, fiz uma pequena história com este tema para a revista "Pisca-Pisca", que desapareceu antes de ser publicada. Tenho alguns novos argumentos já feitos sobre o assunto. Esse é o meu sonho, que de certo modo, é uma história de ficção...

BDBD - E o seu próximo (imediato) projecto, já o pode divulgar?
JR - O meu próximo projecto  é "Carolina Beatriz Ângelo", que além de médica, foi a primeira mulher a votar em Portugal... em 1911. Mas já em 1907, tinha sido a nossa primeira cirurgiã a operar.

Muito e muito se pode escrever e/ou perguntar a José Ruy, um extraordinário e amável conversador, mas por óbvias razões, aqui fica registado o essencial.
LB


"Natal", trabalho de estreia de José Ruy, com 14 anos ("O Papagaio", 1944).







Capa para o n.º 13 dos "Cadernos Sobreda BD" (1998)
Capa de "José Ruy: Riscos do Natural", de Leonardo De Sá e António Dias de Deus
(Colecção NonArte, Âncora Editores - 2001)


Capa de "Leonardo Coimbra e os Livros Infinitos" - Âncora Editora (2012)

FIBDB 2014

$
0
0
Teve início a 31 de Maio e encerra a 15 de Junho, a 10.ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, o FIBDB 2014. 
Os coordenadores do BDBD estiveram lá no dia da inauguração. Foi tudo bem animado e com vasto público. 
De salientar, desde já, nos visitantes, três grandes veteranos da Banda Desenhada Portuguesa: Artur Correia, José Ruy e Baptista Mendes. Três honrosas presenças, infelizmente não anunciadas ao público presente...
De entre os numerosos artistas, estes não só visitantes mas também participantes, indicamos alguns: João Mascarenhas, Álvaro, João Amaral, Pedro Leitão, Hugo Teixeira, José Smith Vargas, Pedro Cruz, André Silva, Quico Nogueira, João Raz e António Valjean e, por sua vez, pela parte dos críticos-divulgadores-editores, as notáveis presenças de Machado Dias, Geraldes Lino, Pedro Mota, Rui Brito e João Lameiras.
O Festival é bem vasto e está espalhado por diversos pólos (Casa da Cultura, Castelo, Casa das Artes, vários Museus, etc.) e, para além dos criadores nacionais, contou com a presença de representantes do Brasil, França, Itália, México, Finlândia, etc.
Houve também a apresentação e lançamento oficial de várias publicações.
Um pequeno senão, a corrigir em edições futuras: a ausência de nomes sonantes, ao que poderíamos chamar "de pompa e circunstância", tanto pelo lado nacional como pelo lado estrangeiro. Mesmo a  presença do já conhecido francês Étienne Davodeau, não teve a força imaginada.
Há nomes a sugerir, como os portugueses José Garcês, Pedro Massano, Eugénio Silva, Vassalo de Miranda e/ou o belga Dany, o polaco Rosinski, o suíço Cosey, o espanhol Miguelanxo Prado, o italiano Enrico Marini... por exemplo.
De qualquer modo, está de parabéns o Paulo Monteiro pela sua absoluta e exaustiva luta pela Banda Desenhada e pelo Festival-BD de Beja. E também, pelo seu incansável cuidado de a todos bem receber num tocante anfitrionismo.
LB

Panorâmica das exposições no pólo central da Casa da Cultura
Uma jovem visitante atenta à "A Quadrinhofilia de José Aguiar"... 
...e dois quadros com pranchas da mesma exposição.

Baptista Mendes, Carlos Rico e José Ruy em amena cavaqueira no exterior da Casa da Cultura.
Autores brasileiros numa das várias apresentações de projectos e álbuns que ocorreram na Bedeteca

Cinco históricos da BD portuguesa: Artur Correia, João Mascarenhas, Baptista Mendes, José Ruy e Luíz Beira

Laerte, um dos nomes sonantes (a par de Étienne Davodeau) neste FIBDB 2014
Laerte, cartunista de excelência, autografando um álbum a João Sequeira
Aspecto da exposição de Laerte
Paulo Monteiro (ao centro, de costas) foi, mais uma vez, o grande anfitrião do Festival de Beja
Paulo Monteiro, o director do FIBDB, com André Silva

LITERATURA E BD (4) - CAMÕES E "OS LUSÍADAS"

$
0
0
Estátua de Camões, em Lisboa
No próximo dia 10 de Junho, evoca-se o 434.º aniversário do falecimento do Poeta dos poetas da História de Portugal, quando exalou o seu último (e amarguarado) suspiro: Luiz Vaz de Camões.
Deixou uma herança magnífica para a posteridade: a epopeia "Os Lusíadas", uma vasta, maravilhosa e invejável poesia lírica (o livro "Rimas") e, pelo menos, três peças teatrais ("Filodemo", "Auto de El-Rei Seleuco" e "Anfitriões"). Um outro livro de rimas, "Parnaso", foi-lhe criminosamente roubado quando vivia, na miséria, na cidade-ilha de Moçambique...
Sua sofredora mãe, Ana de Sá e Macedo, e o lendário e fidelíssimo "escravo" Jau (ou Jarco, como se cita numa versão mexicana), terão sobrevivido ao seu passamento.
Onde estão os seus ossos?... Ninguém sabe! Aquele belo túmulo no Mosteiro dos Jerónimos (onde tanto "chefe-de-estado" vai cerimoniosamente depôr uma coroa de flores e fazer uma insensível e hipócrita vénia), se tem lá algum esqueleto é, de certeza, de um qualquer ilustre desconhecido. Camões não está lá!...
Admirado pelo mundo inteiro (pelo menos pelos "Lusíadas"), tem estátuas em Portugal, Brasil, Moçambique, Goa, Angola, Macau. 
E pela Literatura mundial, não faltam obras alusivas via teatro, romances e ensaios. 
No Cinema, regista-se um filme de luxo, "Camões", realizado por Leitão de Barros em 1946, com a magistral interpretação do nosso saudoso actor António Vilar.
Luiz Vaz de Camões, português absoluto, atrevido, corajoso, espadachim, namoradeiro, valente soldado (que até perdeu um olho ao norte de Marrocos), amigo de paródias, sempre apaixonado por esta ou aquela, várias vezes conheceu a prisão ou o degredo. Viveu também em Marrocos, Goa, Macau e Moçambique, tendo sofrido um dramático naufrágio quando regressava de Macau para Goa, na costa do Camboja. 
A "Santa Inquisição" e alguns poetas rivais e invejosos, tiveram-no sempre "à perna". Mas foi ele que ficou, magnífico, para sempre!
Está bem lembrado pela nossa (e não só) Banda Desenhada. Ora vejamos o que nos foi possível apurar até agora:

DE AUTOR DESCONHECIDO - Foi publicada, no Séc. XIX, numa folha volante com 25 vinhetas, possivelmente a primeira versão em banda desenhada da "Vida de Camões".
"Vida de Camões" - Folha volante datada de 1880
in"Dicionário de Banda Desenhada - Léxico Disléxico", de Leonardo De Sá (Ed. Pedranocharco, 2010)


FERNANDO BENTO E ADOLFO SIMÕES MÜLLER - História publicada no "Diabrete", mais tarde reeditada num mini-álbum pela Gulbenkian e depois num álbum pela Futura. 
Duas pranchas de "Luís de Camões", in"Diabrete", dos n.ºs 702 a 730 (1950)

Capas das edições da Gulbenkian e da Futura, respectivamente

Ainda por este saudoso desenhista, o "Cavaleiro Andante" publicou ilustrações de algumas estâncias de "Os Lusíadas".
Capa de Fernando Bento ("Cavaleiro Andante", n.º 232)

Ilustrações sobre "Os Lusíadas", in"Cavaleiro Andante" n.º 61 e 76, respectivamente (1953).


JOBAT (ou José Batista) - Tem uma versão antiga, publicada no Diário Popular, em 1972, e que foi editada em francês, com argumento de Michel Gérac. Tornou a ser publicada, mais tarde, no semanário algarvio "O Louletano", na página "9.ª Arte: Memórias da Banda Desenhada", que Jobat coordenava.
Capa e vinheta de "La Vie Passionnante et Passionné de Camões",
de Michel Gérac e José Baptista (Jobat)

Prancha de "A Vida Apaixonada e Apaixonante de Camões",
publicada no semanário "O Louletano" (2003)

Tem também outra versão, mais curta, "O Trinca-Fortes", publicada no n.º 49 do "Jornal do Cuto".
Capa e pranchas 1 e 6 de "Trinca-Fortes", por José Baptista,
in"Jornal do Cuto", n.º 49 (1972)


CARLOS ALBERTO E JOSÉ DE OLIVEIRA COSME - Pela Agência Portuguesa de Revistas, o espantoso mini-álbum, a preto e branco, "Camões, sua vida aventurosa". Este exemplar é raríssimo de se encontrar. Esta obra foi reeditada a cores, pela Asa, em 1990. Consta que está esgotado...
Capa de "Camões, sua vida aventurosa"
(Edição da "Agência Portuguesa de Revistas", 1972)

"Camões, sua vida aventurosa", por Carlos Alberto e José de Oliveira Cosme,
em versão a preto e branco...

Capa da versão a cores - Edições ASA (1990)

Também com ilustrações de Carlos Alberto foi editada, em 1966 (com várias reedições posteriores), a caderneta de cromos "Camões" que, não sendo exactamente uma obra em banda desenhada, consideramos ter todo o interesse em aqui referir.
Capa e contra-capa da caderneta de cromos "Camões"...
...e duas páginas interiores da mesma.


JOSÉ MANUEL SOARES E RAUL COSTA - Existe um álbum, que já teve segunda edição, publicado pela Câmara Municipal de Odemira.
Capa do álbum "Luis Vaz de Camões", com edição da Câmara Municipal de Odemira (1990)...
...e duas pranchas do mesmo álbum.


RUI PIMENTEL E JORGE SERRÃO - "Camões aos Quadradinhos", numa adaptação da peça teatral homónima de Helder Costa. Tem edição da Agência Portuguesa de Revistas.
Capa e pranchas de "Camões aos Quadradinhos",
por Rui Pimentel (desenhos) e Jorge Serrão (argumento)
(Agência Portuguesa de Revistas)


RICARDO CABRITA - Camões participa no mini-álbum "Tágide: Um Poema à Constância".
 
Capa e prancha de "Tágide: um poema à Constância", de Ricardo Cabrita


LUÍS AFONSO - Tiras humorísticas publicadas no vespertino "Público". Camões aparece sempre nas tiras de 10 de Junho. Deixamos aqui apenas dois exemplos.
"Bartoon", por Luís Afonso (jornal "Público", 10.06.2011)
"Bartoon", por Luís Afonso (jornal "Público", 10.06.2009)


PEDRO CASTRO - Na sua "aceitável" colecção "Heróis", editou o último fascículo, o n.º 8, dedicado a Camões.
"Luís de Camões", por Pedro Castro (in"Heróis", n.º 8)


JORGE MIGUEL - Tem o belo álbum "Camões, De Vós Não Conhecido Nem Sonhado?", sob edição Plátano.
"Camões - De vós não conhecido nem sonhado?", por Jorge Miguel (Plátano Editora, 2008)


JOSÉ ANTUNES - Publicou, em 1957, na revista "Mundo de Aventuras" (entre os n.ºs 386 e 411) uma história chamada "Trinca-Fortes"... 

 
Capa e três pranchas de "Trinca-Fortes", por José Antunes, in"Mundo de Aventuras" (1957)

...e em duas pranchas publicadas no n.º 18 da revista "Camarada", em 1963, e reeditadas nos "Cadernos Moura BD", pela Câmara Municipal de Moura...
"Luís de Camões", por José Antunes, in"Cadernos Moura BD", n.º 5 (2004)

Publicou ainda uma capa na revista "Pisca-Pisca", onde se anuncia uma história completa sobre Camões (desenhada por Fernand Cheneval e à qual mais adiante faremos referência).
Capa da revista "Pisca-Pisca", n.º 6 (Junho de 1968), desenhada por José Antunes


EUGÉNIO SILVA E PEDRO CARVALHO - "Luís de Camões", em duas pranchas, para um livro escolar... 
"Lições de História Pátria - 3.ª classe", com desenhos de Eugénio Silva e texto de Pedro Carvalho
(Porto Editora, 1967)


...e também para um livro escolar e igualmente em duas pranchas, desenhou "Aventuras de um Poeta - Camões". 


JOSÉ GARCÊS - Das abordagens deste nosso mestre da BD, salientamos  as referências ao poeta em "Camões, o Autor da Epopeia Moderna", no n.º 134 da revista "Girassol", em 1972...
"Camões, o Herói da Epopeia Moderna", por José Garcês,
in revista "Girassol", n.º 134 (1972)

...e, em parceria com A. do Carmo Reis (autor do texto), na "História de Portugal em BD" (2.º volume).
Capa do segundo volume de "A História de Portugal em BD" (Edições Asa, 1985)


JOSÉ RUY - Sob edição da Editorial de Notícias, adaptou "Os Lusiadas" em três tomos...
Capa e prancha do primeiro volume.

Capa e prancha do segundo volume.

Capa e prancha do terceiro volume.

...e para a revista "Mama Sume" abordou Camões (segundo Almeida Garrett) em duas pranchas.
Camões visto por José Ruy na revista "Mama Sume"


BAPTISTA MENDES - Tem "A Vida de Camões", numa versão curta estreada no "Jornal do Exército" e depois incluída no álbum "Por Mares Nunca Dantes Navegados" (ed. Futura)...
"A Vida de Camões", por Baptista Mendes - Edições Futura (1980)

...e numa versão longa e a cores, ainda inédita.
"Camões", por Baptista Mendes (versão inédita)


ARTUR CORREIA E MANUEL PINHEIRO CHAGAS - Obviamente, incluíram o Poeta na divertida e didáctica "História Alegre de Portugal".
 
"História Alegre de Portugal" (volume 1), 
de Artur Correia e Manuel Pinheiro Chagas (Bertrand Editora, 2008)


Finalmente, deixamos aqui uma versão que descobrimos ao acaso, enquanto navegávamos na net, cujo autor é (supomos) Vítor Oliveira. Foi inserida no manual escolar do 10.º ano "Das Palavras aos Actos", publicado pela Asa. 
Versão de Vítor Oliveira (?), in"Das Palavras aos Actos" (Edições Asa, 2007)


Existirão mais desenhistas portugueses que tenham abordado este tema? É bem possível...
Vejamos agora o que conseguimos registar pelo estrangeiro.

BÉLGICA:

GAL - Da autoria de Gal (aliás, Georges Langlais), em quatro pranchas, "Camoëns, le Poète Soldat", publicada  na revista "Spirou" n.º 853, em 1954. 

"Camöens, le Poète Soldat", por Gal ("Spirou" belga, n.º 853)


YVES DUVAL E FERNAND CHENEVAL -"Luís de Camões, Herói e Poeta de Génio", também em quatro pranchas, publicada no "Pisca-Pisca" (n.º 6), em 1968, e mais tarde reeditada no "Mundo de Aventuras" (n.º 375), em 1980.
"Luís de Camões, Herói e Poeta de Génio" por Yves Duval e Fernand Cheneval 


BRASIL:

NICO ROSSO - Em 1973, sob edição Ebal, o álbum "Os Lusíadas", com uma prévia versão curta sobre a vida de Camões, pelo desenhista italo-brasileiro Nico Rosso. 
Capa de "Os Lusíadas" (Edições EBAL, 1973)...
...e duas pranchas por Nico Rosso


LAILSON CAVALCANTI - Em 2006, a editora Companhia Editorial Nacional, publicou "Lusíadas 2005" por Lailson Cavalcanti, uma adaptação verdadeiramente aberrante, por muito que o artista se tivesse convencido que a adaptação (?!!...) era inovadora. Achámo-la repulsiva e desrespeitosa a Camões e a Portugal.
"Lusíadas 2005" por Laílson Cavalcanti (Companhia Editorial Nacional)


FIDO NESTI - adaptou "Os Lusíadas" para a colecção "Clássicos em HQ".
"Os Lusíadas em Quadrinhos", adaptação do brasileiro Fido Nesti para a série
"Clássicos em HQ" - Editora Peirópolis (2006)


MÉXICO:

JUAN MANUEL CAMPOS - Há uma versão de Juan Manuel Campos, "Los Luisiadas - Luis de Camoens", da qual, e até agora, só conseguimos obter a capa que reproduzimos. 
"Los Luisiadas - Luis de Camoens" (Niesa Editores)


ALFONSO TIRADO - Por sua vez, em 1963, as Ediciones Recreativas, no fascículo ou mini-álbum n.º 87 de "Vidas Ilustres", editaram "Luis de Camoens" com grafismo de Alfonso Tirado.
"Luis de Camoens", por Alfonso Tirado (Ediciones Recreativas) (1963)

E, pelo Estrangeiro, quantas mais versões existirão que ainda não conseguimos "descobrir"?...

Para a elaboração deste post, agradecemos os apoios gentilmente prestados por Artur Correia, Baptista Mendes, Carlos Gonçalves, Eugénio Silva, Jorge Magalhães, José Coelho, José Eduardo Monteiro, José Garcês, José Manuel Vilela, José Ruy, Leonardo De Sá e Luís Afonso (e que nos perdoem se algum nome mais aqui nos escapou).
Viva CAMÕES!

BDBD - 2.º aniversário!

$
0
0
Tira de "Garfield", por Jim Davis
Faz hoje precisamente dois anos que iniciámos esta aventura chamada BDBD e a verdade é que só temos palavras para agradecer a receptividade com que fomos brindados pela grande maioria dos nossos visitantes - com uma ou outra excepção, claro, que esta coisa de agradar a todos não é tarefa fácil... 
Durante este tempo, tentámos manter a nossa identidade enquanto blogue, divulgando a BD de que gostamos, independentemente das qualidades e dos méritos que existem noutros géneros de banda desenhada de que aqui nunca falámos.
Rubricas como "A BD dos outros", "Heróis inesquecíveis", "A BD a preto e branco", "Literatura e BD", "Entrevistas", "BD e História de Portugal" ou "Novidades editoriais" continuarão a fazer parte deste blogue e a elas se juntarão, em breve, novos e interessantes temas.
Esperamos continuar a merecer a vossa visita e o vosso apoio. 
Já sabem que o BDBD vai manter-se por aqui.

Estatística do BDBD:

Posts...................................................................... 203
Comentários .......................................................... 307
Seguidores .............................................................. 79
Visitas ............................................................... 63.801

CENTENÁRIO DE JIJÉ COMEMORADO EM MOURA

$
0
0

Inaugura em Moura, no dia 24 de Junho (feriado municipal naquela cidade), uma exposição comemorativa do primeiro centenário do nascimento de Jijé, um dos maiores autores da BD belga.
Personagens ou séries inesquecíveis como Jerry Spring, Blondin et Cirage, Spirou et Fantásio, Tanguy et Laverdure, Jean Vallardi, Baden Powell ou Barbe Rouge desfilam pelos 16 quadros que compõem esta exposição, comissariada por Luiz Beira.  
A mostra poderá ser visitada até 21 de Julho, no Espaço Inovinter, no centro histórico da bela cidade alentejana.
A organização é da Câmara Municipal de Moura e do Gicav - Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu, tendo como colaboradores a Inovinter, a Câmara de Viseu, o Instituto Português da Juventude e a Expovis.
Após o encerramento em Moura, a exposição segue para Viseu, onde inaugurará em data e local a designar oportunamente.
CR

Mais matéria sobre Jijé poderá ser consultada aqui.

A BD A PRETO E BRANCO (15) - As escolhas de Carlos Rico (5)

$
0
0
JOSE ORTIZ (1932-2013)
Começou a carreira após ganhar um concurso instituído pela revista "Chicos". A partir daí, tornou-se num dos nomes maiores da banda desenhada espanhola e mundial.
Personagens como "Sigur, el vikingo", "Vampirella", "Tex", "Mágico Vento", "Ken Parker" ou "Tarzan" foram maravilhosamente ilustrados por Ortiz, um artista multifacetado que trabalhou em temas tão diferentes como a BD de terror, o western ou a BD bélica.

O Tex de Jose Ortiz
Prancha de "Apocalypse"




GIL KANE (1926-2000)
Nascido na Letónia, Gil Kane é o mais famoso pseudónimo de Eli Katz (Gil Stack, Stack Til, Phil Martell, Scott Edward ou Pen Star foram outras assinaturas do artista). Veio para os Estados Unidos com três anos, tendo mais tarde aí construído uma carreira notável como banda-desenhista.
Desenhou "Lanterna Verde", "Hulk", "Capitão América", "Homem-Aranha" e outros personagens famosos, aos quais acrescentou um traço dinâmico e elegante. 
Um dos seus trabalhos mais elogiados é a série "Star Hawks", onde Kane trabalha o preto e branco de forma magistral.
Uma tira de "Star Hawks"...

...e duas pranchas da mesma série.




VÍCTOR DE LA FUENTE (1927-2010)
Outro gigante da banda desenhada espanhola foi, sem dúvida, Víctor de la Fuente. Como primeira obra de vulto desenhou "Sunday", um excelente western, com guião de Victor Mora. Também "Los Gringos", "Trelawney", "Mathai-Dor" ou "Haxtur" são obras de referência deste grande mestre do preto e branco que, curiosamente, foi o primeiro não italiano a desenhar "Tex".
Foi premiado com o prestigiado Troféu Yellow Kid, no Festival de Lucca (Itália), em 1980, e com o Grande Prémio do Salon del Comic de Barcelona, em 2006. 

Episódio de "Mathai-Dor".
Duas pranchas de "Sunday", publicadas na revista "Jacto"


Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

JIJÉ COMEMORADO EM MOURA - A reportagem fotográfica (I)

$
0
0
Inserida num programa vasto que a Câmara Municipal de Moura preparou para comemorar o feriado municipal daquela cidade, a 24 de Junho, foi inaugurada a exposição sobre o Centenário de Jijé, no Espaço Inovinter - um local que, nos últimos anos, tem albergado exposições de banda desenhada e cartune de assinalável qualidade. 
Com a presença do Presidente da Câmara, Santiago Macias e de Romain Gillain, neto de Jijé a residir há alguns anos no nosso país (que se deslocou a Moura propositadamente para assistir à inauguração), a mostra abriu portas às 11:00 horas, perante um público interessado e muito atento à visita guiada.
Romain (um profundo conhecedor da obra do avô), acabou por fazer de cicerone, tendo a oportunidade de explicar aos presentes alguns detalhes sobre personagens ou séries desenhadas por Jijé, facto que valorizou (e muito) a visita, e que deixou os visitantes - entendidos e menos entendidos - com uma noção muito mais clara sobre a importância da obra deste autor belga.
Nota curiosa também para o facto de, no espaço onde decorre a exposição, estarem constantemente a passar vídeos com imagens, por exemplo, de Jijé a desenhar ou com reportagens sobre o Museu dedicado a este autor, em Bruxelas.
É caso para dizer que Jijé está, de facto, em Moura...
CR

Momentos antes da abertura ao público.
Em primeiro plano, uma das vitrinas com material que Romain Gillain trouxe propositadamente para mostrar em Moura
O neto de Jijé revelando aos presentes algumas curiosidades sobre "Spirou" e "Fantásio"
Romain Gillain afirmou que a biografia de "Don Bosco" só recentemente foi traduzida em Itália,
onde está a obter um grande sucesso.
"Jerry Spring", personagem que imortalizou Jijé, tem, naturalmente, posição de destaque nesta exposição
Romain explicando as razões porque o polémico álbum "Gringos Loucos" (que retrata uma viagem de
Jijé, Morris e Franquin aos Estados Unidos) não foi completamente do agrado da família Gillain.
Santiago Macias, o Presidente da Câmara de Moura, Romain Gillain e Carlos Rico
folheando algumas edições Moura BD que foram oferecidas ao neto de Jijé.

Nota: Agradecemos à Câmara Municipal de Moura a disponibilização das fotografias que ilustram este post.

NOVIDADES EDITORIAIS (54)

$
0
0
LE PEINTRE DES MORTS - Edição Lombard. Argumento de Stephen Desberg e grafismo de Henri Reculé. 
É o oitavo tomo da empolgante série "Cassio", demarcando-se como o segundo e último do "Ciclo da Múmia". Entre o passado e o presente, prossegue a pesada história plena de intrigas e vinganças, envolvendo o estranho assassinato de Lucius Aurelius Cassio. O temível e sinistro sacerdote egípcio Reptah é incansável a perseguir Cassio, pois nada garante que este, na actualidade, não esteja ainda vivo!... É esse tamanho mistério que a arqueóloga italiana Ornella Grazzi, apoiada pela freira Irmã Maria, tenta desvendar.
A aventura continua...

BOB - Edição Paquet. Argumento de Marc Legendre e grafismo de Charel Cambré, segundo Willy Vandersteen.
"Bob"é o primeiro tomo da série "Amphoria", o recomeço da famosíssima série "Bob e Bobette", criada por Vandersteen.
Mas aqui, já não estamos naquela pueril série engraçada. Agora, estamos um tanto lá para a frente no século XXI. Bob e Bobette não são mais aqueles petizes traquinas e arrojados. São dois jovens adultos bem corajosos, prontos a enfrentar situações um tanto dramáticas, sobretudo ante o jurado inimigo Krimson. Com uma certa tangência à série original, pois não deixam de estar presentes, o Prof. Barabás, Lambique, Jérôme e Sidónia.
É, da parte de Legendre e de Cambré, uma aposta arrojada e interessante a que estaremos atentos.

 
O CAPITÃO BARRIGUDO CASTANHO - Edição Gailivro (do grupo Leya). Autor: Pedro Leitão.
Da série "As Aventuras de Zé Leitão e Maria Cavalinho", este é o sétimo tomo.
São muito raras as séries infantis no panorama da Banda Desenhada Portuguesa. Pedro Leitão apostou (e muito bem!) por este campo.
Com aspectos divertidos e ingénuos, necessários para a compreensão e entusiasmo dos leitores infantis, Pedro Leitão tem essa magia de bem saber chegar a tal encanto.
Toca a continuar, Pedro Leitão!

 
IL  SALAÏNO - Edição Noctambule (do grupo Soleil). Autores: Bejamin Lacombe e Paul Echegoyen.
Um grande e misterioso senhor e mestre da Renascença europeia, disse pensamentos como: "Quem pensa pouco, engana-se muito", "A força nasce pela violência e morre pela liberdade" "A Pintura é uma poesia que se vê em vez de se sentir e a Poesia é uma pintura que se sente em vez de se ver"... Esse grande génio é conhecido por Leonardo da Vinci.
Muito e muito se tem dito, escrito e fantasiado sobre este raro génio da Humanidade, e tal vai continuar pelos tempos adiante. E no entanto, como é que ele viveu, amou e sofreu?
É esse retrato sensível e fascinante de um artista, criador e inventor, jamais igualado, que nos é indicado magnificamente por Lacombe e Echegoyen nesta curta série, "Léonard & Salaï", cujo primeiro tomo tem o título de "Il Salaïno". Atenção, pois!...


SAGA  VALTA / 2 - Edição Lombard. Argumento do belga Jean Dufaux e grafismo do argelino Mohamed Aouamri.
Há muito que se aguardava o segundo tomo desta espantosa e breve série, "Saga Valta"... Pressupunha-se que este seria o tomo final, mas haverá ainda um terceiro, já programado.
A digna inspiração da obra vem das maravilhosas lendas islandesas. Em "Saga Valta", lá se registam as regras sócio-políticas, as guerras, os enlouquecedores apetites sexuais e as intervenções do respectivo mundo mitológico.
Se Dufaux nos entusiasma pela sua perícia como argumentista, a arte de Aouamri é simplesmente bela e soberba.
Um grande "Bravo!" a esta parceria.

ENTREVISTAS (17) - MIGUEL REBELO

$
0
0
Miguel Rebelo
O Cartune e a Caricatura são, sem dúvida, "parentes" próximos da Banda Desenhada e esta, frequentemente, insere estes parentes nas suas pranchas. O Cartune, por sua vez, pode ser apenas uma ilustração ou apresentar-se em tiras ou mesmo numa prancha.
Aqui vos trago (LB) em apresentação e entrevista, um jovem cartunista: Miguel Rebelo. Mais ainda, porque há o "mau hábito" de só se falar dos que residem (desenhistas incluídos) em Lisboa e arredores, o que parece ser um certo tipo de "ostracismo". Acontece que o visado neste post, vive e labora no interior do país. E no Alentejo, há dois notáveis valores: o Luís Afonso e o Carlos Rico, meu parceiro deste blogue. Passemos adiante.
Miguel Rebelo, de seu nome completo Miguel Alexandre de Oliveira Ramos Rebelo, nasceu em Luanda (Angola) a 31 de Maio de 1971.
Reside em Viseu desde 1977, onde colabora para o GICAV (Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu), para o qual logo deu apoio em 1989 para o primeiro Salão-BD de Viseu. Licenciado, foi professor por vários anos, tendo também o mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica.
Até hoje, nunca fez propriamente Banda Desenhada, sendo sim, apenas cartunista. Mas também ilustrou livros, criou logotipos, produziu cartazes, decorou montras temáticas e expôs Pintura a óleo. Provisoriamente, deixou o ensino, mantém  o seu negócio livreiro (tem uma livraria em Viseu) e é cartunista da revista trimestral "Anim'arte", editada pelo GICAV.
Um tanto desiludido com o ambiente geral em Portugal, não afasta a hipótese de tornar a Angola e aí se dedicar à função editorial. Os seus cartunes são essencialmente de crítica social ou política, mormente em relação à região onde reside. Daí que esteja sempre bem atento ao mundo que o rodeia. 
Cartune inédito de Miguel Rebelo
Publicado na revista "Anim'Arte" #88


aqui vai a nossa conversa:

BDBD - Embora gostes, nunca até hoje, criaste propriamente Banda Desenhada. Porquê?
Miguel Rebelo (MR) - Porque sempre tive outras ocupações que não me deixam tempo para essas acções. E também porque nunca me surgiu o respectivo desafio. Além disso, nos meus tempos livres dedico-me a outras actividades mais... "domésticas".

BDBD - Mas ainda aceitas tal hipótese?
MR - Estou sempre disponível para boas hipóteses, ou seja, para quase tudo... Quase!...

BDBD - Foste professor e depois deixaste a carreira. Houve alguma razão para tal?
MR - Houve! "Eles" não me quiseram lá... A minha área é a Educação Visual e Tecnológica e parece que isso não interessa muito... É uma disciplina que sempre foi desvalorizada. Além disso, tive ocasião de ser colocado para ensinar alunos mais novos, mas não me sinto vocacionado para ensinar nesses escalões etários.

BDBD - Quais os cartunistas portugueses que mais admiras?
MR - Basicamente, o António. Tem um estilo próximo do que eu sigo. E é um crítico bem acutilante.

BDBD - Achas que um cartunista sofre um bocado com as suas críticas?
MR - Acho que sim...

BDBD - Há censura?
MR - Há, há censura. Pode não ser a de cortar o que se faz, mas a de ficarmos com a porta fechada para continuar. Não é uma censura do lápis azul... Há muitas maneiras de se cortar as coisas...

BDBD - Mas o cartune é apenas uma piada...
MR - O cartune é um rabisco, um boneco... Desenha-se um boneco em qualquer pedaço de papel. Mas quando é publicado, ultrapassa tudo. A crítica não é bem aceite em Portugal. Cada vez menos até...

BDBD - Mesmo  assim, farias dos cartunes a tua exclusiva carreira profissional?
MR - Da mesma maneira que pego em tudo, para mim nada é definitivo. Faria isso se me desse prazer e sendo, então e também, uma segura fonte de rendimento.

E por aqui se ficou esta nossa primeira entrevista. Força, Miguel Rebelo!
LB

Cartune inédito

Cartune inédito

Publicado na revista "Anim'Arte" #92

Cartune inédito

HERÓIS INESQUECÍVEIS (28) - BOB MORANE

$
0
0
Popularíssimo em diversos países, sobretudo nos francófonos, Bob (Robert) Morane, surgiu em 1953 na forma de romance de aventuras, pela pena do escritor belga Henri Vernes (aliás, Charles Dewisme). Em 1959. aparece a primeira narrativa adaptada à Banda Desenhada, por Dino Attanasio, "Bob Morane et l'Oiseau de Feu", no periódico "Femmes d'Aujourd'hui", antes de conhecer a versão álbum no ano seguinte.
Pela Banda Desenhada, já são mais de sessenta álbuns, pois a série continua com adaptações de romances já escritos ou com argumentos expressos pelo incansável Vernes.
Logotipo do Club Bob Morane
Através dos mais diversos cenários, uns mais exóticos do que outros, Bob Morane tem sempre como companheiro, salvo raríssimas excepções, o seu amigo escocês Bill Ballantine. Pela forte popularidade da série, há (na Bélgica) uma Avenida Bob Morane e um Clube Bob Morane.
As suas aventuras já foram adaptadas a séries de animação.
Episódio 1 da série de animação "Bob Morane"

Em finais dos anos 90, o realizador francês Christophe Gans ("Le Pact des Loups", etc), começou a preparar uma longa metragem (com actores) sobre este herói, que teria por título "The Adventurer" (a versão seria em inglês), mas a ideia... abortou.
Editoras mais diversas têm publicado (em estreia e/ou em reedições) as aventuras de Bob Morane, sempre tão entusiasmantes.


Quanto aos desenhistas, após os primeiros tomos por Attanasio, sucedeu-lhe no grafismo Gérald Forton, para mais uma pequena dose de tomos. E houve ainda a efémera e fraquíssima (foi um fiasco!) prestação para apenas dois álbuns, do jovem Frank Leclercq. De qualquer modo, Forton ainda voltou ocasionalmente à série...
Em 1967, dá-se o grande salto: mestre William Vance com o seu sempre esplêndido grafismo toma conta da série, valorizando-a notoriamente com o seu estilo e a sua arte. Depois de cerca de uma vintena de tomos, Vance passou o testemunho ao seu cunhado e ex-assistente, o espanhol Felicisimo Coria, que mantém a série numa linha espectacular e bem semelhante à do seu mestre.
Nota curiosa: tanto William Vance como Felicisimo Coria, são bem avessos a comparecer em festivais de Banda Desenhada, mas, mesmo assim, Coria teve a gentileza de estar presente no salão SobredaBD 2001.
Vernes (argumentista), Attanasio, Forton, Leclercq, Vance e Coria (desenhadores):
os autores de Bob Morane
Quanto a edições em Portugal das aventuras de Bob Morane, a coisa fia mais fina... ou pior, fia mais triste. São muito poucos os exemplos, que, curiosamente, se iniciaram na versão álbum, com apenas dois títulos editados pela Íbis em 1970: "A Espada do Paladino" e "O Segredo dos Sete Templos", ambos sob o traço de Forton. Em 1978, a revista "Flecha 2000" publicou três aventuras, sendo duas a reedição das que já existiam em álbum e mais, "O Vale das Cascavéis".
Também a edição portuguesa da revista "Tintin" publicou mais oito aventuras, cinco desenhadas por Vance e três por Coria.
"Sem gasolina em Serado", in revista Tintin (11.07.1981)
Bob Morane, personagem da invejável galeria dos heróis clássicos da Banda Desenhada, mantem-se vivo e actual. E também, a entusiasmar os bedéfilos com bom senso e bom gosto.
LB


"Bob Morane et "L'oiseau de Feu", com texto de Vernes e desenho de Dino Attanasio

"Bob Morane et la Valle des Crotales", com texto de Vernes e desenhos de Forton


"Les Murailles d'Ananké", com texto de Vernes e desenho de Leclercq


"Le Masque de Jade", com texto de Vernes e desenho de Coria

E terminamos com o Bob Morane desenhado por Vance, em duas aventuras publicadas na revista Tintin portuguesa: "O Imperador de Macau" e "Sem gasolina em... Serado".

in revista Tintin (01.12.1979)

in revista Tintin (29.12.1979)
in revista Tintin (17.10.1981)
in revista Tintin (24.10.1981)

NOVIDADES EDITORIAIS (52)

$
0
0
VERCINGÉTORIX - Edição Glénat. Autores: argumento de Éric Adam e Didier Convard; arte gráfica de Fred Vignaux e apoio do historiador Stephane Bourdin.
Trata-se do registo da luta do audaz líder gaulês Vercingétorix contra as ideias imperialistas e expansionistas de Júlio César.
Vercingétorix foi para a Gália o que Viriato foi para a Lusitânia.
Preso e vilmente acorrentado numa masmorra de Roma, o nobre gaulês, pressentindo que não tarda será executado (diga-se, assassinado) pede que César o visite para lhe falar... É por este modo que se desenrola esta BD, onde o valoroso Vercingétorix conta ao imperador toda a sua história.
Um grande aplauso para esta obra!

LA COLÈRE BLANCHE DE L'ORAGE - Edição Casterman. Autor: Benoît Sokal. É o último tomo da trilogia-série "Kraa". Uma espantosa conclusão de um "western" selvagem e violento. Uma obra magistral de Benoît Sokal.
Com as teorias do xamanismo a envolver o enredo, Kraa, uma autêntica águia real justiceira, e o seu protegido jovem índio órfão Yuma, vivem uma heróica luta de sobrevivência e de protecção da Natureza e de determinados valores sagrados. São acompanhados pela jovem enfermeira Emily. Tudo termina, muitos anos volvidos, de um modo dramático e bem emotivo.

CELUI QUI VERSE LE SANG - Edição Lombard. Argumento de Darren Aronofsky e Ari Handel e arte gráfica de Niko Henrichon.
É o quarto e último tomo da bíblica história de Noé, salvando na sua famosa Arca, os vivos (humanos e outros animais) que deve salvar por "indicação de Deus".
Violência, loucura, incestos, obsessões, etc, até que a terra é vista e revisitada para sempre para além das imensas águas diluvianas.

 
U-29 - Edição Akileos. Adaptação da novela "O Templo" de Haward Phillips Lovecraft, com argumento de Rotomago e grafismo de Florent Calvez.
Por volta de 1917... O "U-29"é um submarino alemão. Tem poderosos projectores e a sua tripulação está toda dominada por trágicas e alucinantes crises psíquicas...
Enquanto situações muito estranhas acontecem, o submarino, imparável, afunda-se até ao chão oceânico, onde se vislumbram as bizarras ruínas de uma cidade... A lendária Atlântida?!... No final, só o comandante está vivo e, mesmo assim, não se sabe por quanto tempo...

 
LAST MAN / 4 - Edição Casterman. Autores: Balak, Bastien Vivès e M. Sanlaville.
Por aqui, por mundos que não são bem "deste mundo", prosseguem as aventuras, descobertas e confrontos dos três principais personagens: a jovem e destemida Marianne Velba, seu filhote Adrian e o misterioso atleta Richard Aldana.
Uma série estranha, que não deixa de encantar.
Viewing all 858 articles
Browse latest View live