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Channel: BDBD - Blogue De Banda Desenhada
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APRESENTANDO: THEO

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Theo
Um dos talentos da nova geração da BD italiana, Theo, de seu nome Theo Caneschi, nasceu em Vinci a 9 de Junho de 1973. Desde a infância que se dedicava ao desenho, sem imaginar que dessa tendência o futuro já programava que tal seria a sua profissão.
Pelo ano de 1994, inicia os seus estudos artísticos na International School of Comics, uma escola de Banda Desenhada em Florença. É nesta cidade que ingressa, em 1998, no estúdio Inklink, onde um bom número de colegas se interessava pela 9.ª Arte franco-belga, uma descoberta e um incentivo para a sua carreira.
Entretanto, elabora numerosas ilustrações e reconstituições históricas para museus, não só italianos, mas também de outros países europeus.
O grande salto para a sua vida profissional surge pouco depois do ano 2000, quando a francesa Éditions Delcourt, que buscava um novo desenhista, lhe faz o desafio para uma série em vista de publicação: "Le Trône d'Argile" (O Trono de Argila).
Efectuados os necessários testes, vence em pleno e é contratado para desenhar esta série com argumentos de Nicolas Jarry e France Richemond.
A série, inédita em Portugal, começa a ser publicada em 2006 e conta já com cinco álbuns: "Le Chevalier a la Hache", "Le Pont de Montereau", "Henry, Roi de France et d'Angleterre", "La Mort des Rois" e "La Pucelle".


 

Em paralelo, Theo desejava fazer uma outra série em diferente época. Propõe a ideia à editora que lhe sugere o famoso e controverso argumentista Alejandro Jodorowsky, que procurava então um ilustrador para a sua nova série versando a vida do terrível papa Júlio II (Giuliano Della Rovere). 
Theo nem queria acreditar nesta hipótese, que bem cedo se confirmou, pois Jodorowsky logo o aceitou. O próprio desenhista confessou: "E agora vejo o meu nome ao lado do de Jodorowsky, o que acho bastante incrível!".
E assim nasceu "Le Pape Terrible", que tem os tomos: "Della Rovere", "Jules II" e "La Pernicieuse Vertu". Claro, é mais uma série de qualidade ainda inédita em edição portuguesa!
A arte gráfica de Theo, com beleza, firmeza e vigor, bem merece ser devidamente acompanhada pelos bedéfilos portugueses.
LB
Capa de "Della Rovere" (tomo 1 de "Le Pape Terrible")
Prancha de "Della Rovere"

Capa de "Jules II" (tomo 2 de "Le Pape Terrible")
Prancha de "Jules II"
Capa de "La Pernicieuse Perdu" (tomo 3 de "Le Pape Terrible")
Prancha de "Le Pernicieuse Perdu"

NOVIDADES EDITORIAIS (48)

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TEMPÊTES - Edição Soleil. Argumento de Christophe Bec e grafismo de Rafa Fonteriz.
"Tempêtes", é o segundo tomo da inquietante série "Le Meilleur Job du Monde".
O jovem e ambicioso negociante londrino Doug Ellis concorreu e foi escolhido para "o melhor emprego do mundo": durante seis meses, ele viverá numa vida de luxo (mais um ordenado fabuloso) numa ilha "deserta" e paradisíaca, ao largo da Austrália. Terá apenas de zelar e cuidar de toda a ilha  e respectiva mansão, e entreter os eventuais turistas.
No entanto, esta "prisão doirada"é, também, o refúgio camuflado de um antigo e sinistro médico nazi que aí executa experiências tenebrosas...

 
STATION 16 - Edição Lombard. Autores: argumento de Yves H. (aliás, Yves Huppen) e grafismo de Hermann (aliás, Hermann Huppen), ou seja, filho e pai, geniais autores da nobre Arte que é a Banda Desenhada.
"Station 16" filia-se na linha do "álbum único" (one shot). Fortemente tenebroso e magnificamente espectacular, faz-nos viajar (e a segurar a tranquilidade dos nossos nervos) por uma aventura estranha, sufocante e inquietante, que resulta em pleno no campo da Banda Desenhada.
Se o argumento de Yves é desafiador, a arte de seu pai Hermann, de cores aplicadas directamente, deixa-nos esmagados pela sua beleza e pelo seu vigor.
É urgente lermos esta obra em português!

 
BRUNO BRAZIL, L'INTÉGRALE 2 - Edition Lombard. Autores: Greg (argumentista), grafismo de William Vance e dossiê-prefácio de Jacques Plessis.
Que magnífica ideia, a da belga Lombard, de editar em versão "integral", as aventuras de Bruno Brazil!
É um encanto, um deslumbre, um êxtase... encontrarmos ou redescobrirmos as aventuras de Bruno Brazil, a quem em breve, dedicaremos um justo e devido post.
Neste segundo tomo "integral", reeditam-se as aventuras "La Nuit des Chacals" (A Noite dos Chacais), que se completa na narrativa seguinte, "Sarabande à Sacramento" (Sarabanda em Sacramento), e "Des Caïmans dans la Rizière" (Batalha no Arrozal) e "Orage aux Aleutiennes" (Tempestade nas Aleutinas).
É imperdoável não se ler e não se coleccionar a breve série integral referente Bruno Brazil!

 
LA MONDAINE / 1 - Edição Dargaud. Autores: Zidrou (ou Benoît Drousie) e Jordi Lefebre.
Uma apaixonante investigação policial nos ambientes obscuros da III República Francesa. Perversões e patifarias, sem qualquer tipo de medo (ou de cobardia) por dois firmes criadores da Banda Desenhada. 
Corajosa denúncia! Em frente!

 
LA LOI DE MURPHY - Edição Lombard. Autores: argumento de Benec, arte gráfica de Thomas Legrain e cores de Philippo Rizzi.
Sétimo tomo da série "Sisco", numa linha político-policial, cedo galvanizou os amantes da Banda Desenhada. De episódio (ou tomo) em episódio, todo o enredo se torna mais "escaldante" e impiedoso.
Uma série a descobrir (para quem, pecaminosamente, ainda não deu por ela) e a acompanhar com todo o entusiasmo.

HERÓIS INESQUECÍVEIS (23) - JIM DEL MÓNACO

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Popular herói da Banda Desenhada Portuguesa, Jim del Mónaco, é criação do argumentista Tozé Simões e do desenhista Luís Louro.
Nasceu a 12 de Outubro de 1985, no suplemento "Sábado Popular" do vespertino lisboeta "Diário Popular", hoje extinto. 
Com muitos aspectos irónicos, Jim del Mónaco, será, até certo ponto, uma paródia a Jim das Selvas e a Tarzan. O certo é que, de imediato, agarrou a simpatia dos bedéfilos nacionais. Tem como habituais companheiros, a sensual e sempre ansiosa Gina e o criado negro Tião, sempre astuto a safar determinadas situações.
Mas Jim del Mónaco passou pouco depois para a revista "O Mosquito" (V série), com publicação das Edições Futura, que, em Abril de 1986, lançou o primeiro álbum, ao qual se seguiram mais três, todos a preto e branco.
Jim del Mónaco, nas páginas de "O Mosquito" (V série)
Em 1991, as Edições Asa resolveram "agarrar" esta série, reeditando a cores os álbuns já existentes, prosseguindo com outros episódios novos, num total de sete tomos, datando o último de 1993.
"Menatek Hara" e "Em busca das Minas de Salomão",
duas das aventuras de Jim del Mónaco publicadas pela ASA

Jim del Mónaco também apareceu fugazmente publicado no fanzine "Hyena" (em 1986), no "Almanaque O Mosquito 1987" (em Dezembro de 1986), nas "Selecções BD" (em Janeiro de 1989).
Luis Louro e Tozé Simões, parodiando os seus personagens
Entretanto, a parceria Simões e Louro foi-se inclinando para outras séries que não tiveram o mesmo impacto popular.
Por fim, Tozé Simões "cansa-se" da Banda Desenhada e afasta-se. Luís Louro passa a criar sozinho ou com outros eventuais argumentistas (Nuno Markl, Rosa Lobato Faria, Rui Zink, João Manuel Lameiras e João Ramalho), mas noutras histórias, bem distantes de Jim del Mónaco.
A pouco e pouco, o próprio Luís Louro foi-se também afastando da Banda Desenhada para se dedicar à Fotografia (atitude definitiva?!...). 
Quando, em Abril de 2012, o entrevistámos para o semanário "Alentejo Popular", pôs a vaga hipótese de ainda regressar à BD pela sua série "O Corvo"... Porém, quanto a Jim del Mónaco, esse está "morto". Que teve a sua época. Que agora já nem usaria esse tipo de desenho... Que pena!
Todavia, subentendendo-se, o grande desenhista belga Hermann, também "deixou cair" o seu herói Bernard Prince e, no entanto, eis que Hermann pegou nele de novo e criou um Bernard Prince actualizado, com os personagens logicamente envelhecidos. E, na verdade, este álbum não foi nenhum fiasco...
Pelo Jim del Mónaco, apenas nos resta, pois, reler os álbuns existentes. Paciência!
LB
Jim del Mónaco em "O Mosquito" (V série)


Jim del Mónaco numa colecção de selos sobre
"Heróis Portugueses de Banda Desenhada", lançada em 2004.

ADEUS DELABY!... ADEUS CAVANNA!...

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Ainda o novel ano de 2014 está a gatinhar e, já em Janeiro, partiram para a viagem sem regresso dois grandes valores da Banda Desenhada: o belga Philippe Delaby, a 28, e o francês François Cavanna, a 29...


Philippe Delaby (1961-2014)
PHILIPPE DELABY nasceu em Tournai a 21 de Janeiro de 1961. Tinha oito anos quando seu pai lhe ofereceu o primeiro álbum de Banda Desenhada: "Tintin au Congo". Desde então as histórias aos quadrinhos não o deixaram mais. Aos 14 anos começa a frequentar a Escola de Belas-Artes de Tournai. Fascinado por Ingres e pela pintura flamenga, dedica-se a fazer quadros a óleo. Mas a BD está colada a ele. E, em 1987, estreia-se na revista "Tintin". A carreira prossegue, imparável, tendo recebido vários prémios, empenhando-se sobretudo por temas históricos.
Na sua bem notável bibliografia, contam-se as séries "Complainte des Landes Perdues" (apenas os tomos 5, 6 e 7, pois os quatro primeiros foram desenhados por G. Rosinski)...
Capa e prancha de "Complainte des Landes Perdues"

...e "Murena", espantosa e magnífica narrativa localizada na antiga Roma do imperador Nero, já com nove tomos, todos também publicados em português, sob edição Asa.
Será que, devido ao seu inesperado falecimento, por paragem cardíaca, a série fica por se concluir? Ou o argumentista Jean Dufaux e a editora Dargaud vão apostar na continuação, mesmo que já não seja com o brilhantismo do desenhista original?
Capa e prancha de "Murena"

Na bibliografia de Delaby, contam-se ainda primorosos "álbuns únicos" como "Arthur au Royaume de l'Impossible", "Bran", "Highlanders" e "Richard Coeur de Lion". 
"L'Étoile Polaire" foi uma série abandonada...
Capas de "Bran" e "L'épée et la croix"


François Cavanna (1923-2014)
FRANÇOIS CAVANNA nasceu em Nogent-sur-Marne (França) a 22 de Fevereiro de 1923. 
Vindo de uma família humilde, cedo se interessou pela leitura e pela ilustração. 
Foi jornalista, argumentista, tradutor e desenhista. Com uma delirante filosofia um tanto anarca, era um frontal crítico nos seus sarcasmos e mordacidades. Talentoso e seguro de si, nada temia. 
Estreou-se como jornalista em 1945. Em 1949, torna-se desenhista humorístico. E, em 1960, com alguns companheiros, funda a irreverente revista erótico-satírica "Hara-Kiri" que, em 1970, dá lugar ao famoso "Charlie Hebdo".
Desenhos de Cavanna - Logotipo da revista "Hara-Kiri"
e capa de um número de "Charlie Hebdo"

Cavanna escrevia sempre à mão. Escrevia e, claro, desenhava. Foi resistindo até ao fim, às diabruras amargas da Doença de Parkinson. Mesmo assim, não foi esta que o levou, mas sim, as consequências de uma fractura no fémur e a complicações pulmonares. E brincou até ao fim, pois terá pedido como último desejo, salsichas e uma cerveja...

Descansem em paz, Delaby e Cavanna!

JÚLIO DINIZ NA BANDA DESENHADA

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Júlio Diniz (1839-1871)
Há quem escreva agora Diniz com um s final em vez do z!... Será que alguém teve autorização do autor para tal mudança?!... E há ainda quem pronuncie (será uma chiqueza parva?) Denis em vez de Diniz... Presunções!
Júlio Diniz é o pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, nascido a 14 de Novembro de 1839 no Porto, onde faleceu a 12 de Setembro der 1871, vítima de tuberculose, doença que já fora fatal a sua mãe e que acabou por levar também os seus oito irmãos.
Terminou o seu curso de Medicina com alta classificação a 27 de Julho de 1861 na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Mas a doença já o minava e ia progredindo implacavelmente, e de nada lhe valeu o ir residir em ambientes mais puros (Grijó e Ovar, por exemplo), donde também a ilha da Madeira, vindo a falecer com quase trinta e dois anos.
Mas é uma glória portuguesa, sobretudo como escritor, ou seja, como Júlio Diniz.
Chegou a assinar alguns ingénuos textos com o pseudónimo de Diana de Aveleda.
Pela sua  bibliografia contam-se sobretudo, poemas ("Poemas", livro editado postumamente em 1873), contos, teatro ("O Casamento da Condessa de Amieira", "Os Anéis ou Os Inconvenientes de se Namorar às Escuras", "As Duas Cartas", "A Educanda de Odivelas", etc.) e, em posição de honra, os quatro romances que escreveu: "As Pupilas do Senhor Reitor" (1867), "Uma Família Inglesa "(1868, por alguns analistas considerado como uma obra-prima), "A Morgadinha dos Canaviais" (1868) e "Os Fidalgos da Casa Mourisca" (publicado postumamente em 1871, ano da sua morte).
Como cita Feliciano Ramos na sua "História da Literatura Portuguesa", "a estilização do artista não destruiu a nota de encantador regionalismo e, já que embuído pelos aspectos nortenhos de Portugal, foi um ponto intermédio, ou seja, um seguidor do idealismo romântico e um precursor do realismo.

Na Arte da Banda Desenhada, Júlio Diniz não está esquecido:
Em oito fascículos, esgotadíssimos e editados pela extinta Agência Portuguesa de Revistas, publicou-se em 1954, "Os Fidalgos da Casa Mourisca" por Carlos Alberto (que não aprecia com bons olhos esta sua criação) com algumas capas por José Manuel Soares.
Capas de José Manuel Soares...

...e pranchas de "Os Fidalgos da Casa Mourisca", por Carlos Alberto (1954)

Por sua vez, Baptista Mendes adaptou à banda desenhada a biografia do grande escritor, em duas pranchas, publicadas no "Jornal do Exército" (em 1976), no jornal "Alentejo Popular" (em 2010) e, mais recentemente, no n.º 65 da revista "Anim'arte". 
"Júlio Diniz", por Baptista Mendes ("Jornal do Exército", 1976)

Baptista Mendes é também o autor de dois excertos de "As Pupilas do Senhor Reitor", publicados no "Jornal do Exército" e depois republicados no "Mundo de Aventuras": "Para Ver o Sol Andar" (MA/341)...
"Para Ver o Sol Andar...", por Baptista Mendes ("Jornal do Exército", 1978)

...e "O Médico da Aldeia" (MA/416).
"O Médico da Aldeia", por Baptista Mendes ("Jornal do Exército", 1978)

E é no sempre atento e fraterno Brasil, que a extinta EBAL editou duas obras de Júlio Diniz: "A Morgadinha dos Canaviais" por Nico Rosso (de origem italiana) em "Edição Maravilhosa" n.º 147 (Maio de 1957)...


Capa e pranchas de "A Morgadinha dos Canaviais", por Nico Rosso
("Edição Maravilhosa", 1957)

...e "As Pupilas do Senhor Reitor" por Marcelo Monteiro e capa de Antônio Euzébio, em "Edição Maravilhosa" n.º 180 (Agosto de 1959).
"As Pupilas do Senhor Reitor", com capa de Antônio Euzébio...


...e pranchas de Marcelo Monteiro ("Edição Maravilhosa", 1959)

Seria fácil ficarmos por aqui, mas avançamos com mais umas achegas, embora noutras Artes, de adaptações da obra de Júlio Diniz, agora ao Cinema e à Televisão...

Terá sido entre 1959 e 1961, que a nossa RTP transmitiu uma adaptação de "Uma Família Inglesa" (ao fim e ao cabo, terá sido a nossa primeira telenovela). Lembro-me (eu, LB) de então ter visto alguns episódios... Contactei a RTP para obter melhores dados. Breve tempo depois, gentilmente, responderam-me que não me podiam valer pois nada lhes constava nos arquivos sobre este assunto!... Que estranho, mas paciência!

Entretanto, aconteceram filmes e seriados:

A MORGADINHA DOS CANAVIAIS, em 1949, com realização de Caetano Bonucci e Amadeu Ferrari; e em 1990, versão da qual não temos mais dados...
"A Morgadinha dos Canaviais" (versão de 1949)

OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA, em 1921,com realização de Georges Pallu; em 1938, com realização de Arthur Duarte; em 1964, com realização de Pedro Martins e, no Brasil, em 1972 (desconhecem-se melhores dados).

AS PUPILAS DO SENHOR REITOR, em 1924, com realização de Maurice Mauriad; em 1935, com realização de Leitão de Barros; em 1961, com realização de Perdigão Queiroga, com actores portugueses e brasileiros; em 1970, telenovela brasileira (desconhece-se o realizador); 1995, nova versão em telenovela brasileira (também se desconhece o nome do realizador); 2005, série portuguesa da RTP, com o nome de "João Semana", numa bizarra e trapalhona adaptação, talvez apenas para forçar a interpretação de Nicolau Breyner... (Acontece!).
Abertura da telenovela brasileira "As Pupilas do Senhor Reitor" (versão de 1995) 

E pronto! Se descobrirmos mais dados, eles aqui virão parar. Entretanto, procurem ler Júlio Diniz, que não vos faz mal nenhum.
LB

A BD A PRETO E BRANCO (7) - As escolhas de Luiz Beira (7)

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JESÚS BLASCO (1919-1995). 
Espanhol, é o mais famoso dos irmãos Blasco, que se dedicavam à Banda Desenhada. Será o mais internacional de todos. Abordou os mais diversos temas, incluindo o "western", e a série do seu pequeno herói "Cuto", é mais do que simplesmente admirada. Numa narrativa curta, "Jack, o Estripador" mostra bem a beleza do seu traço.
Prancha de "Jack, o Estripador"
 Prancha de "Garra de Aço", que Blasco desenhou magistralmente



JIJË (1914-1980). 
Belga, de nome próprio Joseph Gillain, é um dos fabulosos mestres da Banda Desenhada europeia. Do humor ao realismo, foi um guia inspirador e influenciador de tantos outros desenhistas. Participou em séries como "Jean Valhardi", "Barbe Rouge", "Tanguy et Laverdure", "Blondin et Cirage" e/ou, em tomos especiais, como "Baden Powell", "Don Bosco", "Charles de Foucauld" e "Christophe Colombo".
Mas o ponto mais alto e mais aclamado de toda a sua imensa e marcante carreira assenta na série "Jerry Spring".
Prancha de "Jerry Spring"
Prancha de "Jean Vallardi"




JOSÉ LUÍS SALINAS (1908-1985).
Argentino, com um traço fino, elegante e pormenorizado, é bem conhecido pelo "seu" herói "Cisco Kid", série que tão bem desenhou. Mas há que lembrá-lo também por outras correctíssimas obras suas: "Hernán, el Corsario", "As Minas de Salomão", "Dick, o Goleador", "Os Três Mosqueteiros", "Capitan Tormenta"...


"Cisco Kid", o herói por excelência de Salinas
Primeira prancha de Cisco Kid
Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco"é subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

O MISTÉRIO FERNANDES SILVA

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Fernandes Silva
Este é, talvez, um caso inédito (pelo menos, é o primeiro) do BDBD: que é feito de Fernandes Silva?... Quem nos ajuda a saber, o que quer quer seja, deste altíssimo valor da nossa BD? Deixamos aqui o nosso apelo, tão fraterno quão bedéfilo!
Ora agora vamos lá à vida, personalidade e invejável obra de Fernandes Silva.
De seu nome completo António Fernandes da Silva, nasceu em Lisboa a 18 de Agosto de 1931.
Frequentou a famosa escola-forja de desenhistas ilustres, Escola António Arroios.  
Há pouco mais de três anos, data em que terei (eu, LB) tido o último contacto pessoal com este mestre, vivia ele na Brandoa.
Como opção pessoal da sua personalidade, evitou (ou evita) de todo os "altos" convívios. Em encontros pessoais - mais duas ou três pessoas (ainda vá...) - era de uma afabilidade exemplar. Cuidado: digo "foi, era, é..." porque nada sei do mestre!
Eu telefonava-lhe sempre a 18 de Agosto, pelo seu aniversário, mas esse telefone já não existe!... Sabe-se, nos meios da BD, que tem um filho... de quem ninguém tem um qualquer contacto!...
Consegui-lhe duas entrevistas (que redundaram numa mútua amizade de encontros de ocasião), uma para o extinto semanário lisboeta "Branco e Negro" e outra para o "Almada BD Fanzine" n.º 6. 
Foi homenageado pelo conjunto da obra no Salão "SobredaBD/2000". Óbvio, não esteve presente, mas recebeu o respectivo "Troféu Sobredão" em sua casa, via correio postal, que agradeceu.
Até há pouco tempo, era normal encontrarmos Fernandes Silva, aos sábados de manhã, na FNAC (Chiado) ou na feira semanal de livros e postais, na  Rua Anchieta. Depois..."desapareceu". Ninguém sabe dele!... Nem eu, nem o seu amigo A.J.Ferreira, nem o Leonardo De Sá, nem o José Manuel Vilela, nem o Geraldes Lino... Que mistério!
Mestre José Ruy (mais ou menos seu vizinho), a meu pedido, incomodou-se a ir procurá-lo... Foi um incómodo amigo que deu no zero ou, como versejou o grande poeta Reinaldo Ferreira (filho), "um voo cego a nada". E agora?
Fernandes Silva pertence e pertencerá a um lugar de extrema honra de quatro grandes da Banda Desenhada Portuguesa de alto coturno: Eduardo Teixeira Coelho, Fernando Bento e, na linha explicitamente humorística, além dele próprio, também o extraordinário Artur Correia.
Ilustrador e desenhista (BD), Fernandes Silva estreou-se em 1950 no suplemento "República dos Miúdos" (do extinto jornal lisboeta "República"). 
Depois, demarcou-se bem nas publicações "Diabrete", "Cavaleiro Andante", "Flecha", "Pisca-Pisca" e "Camarada" (2.ª fase), sempre agarrando qualquer atento leitor bedéfilo tanto pelo seu traço fino e cativante como pela sua genial loucura do non sense da maioria da sua obra. Formidável!
Um dos seus primeiros heróis foi o traquina garoto "Cuca".
Aventura de "Cuca" publicada no "Cavaleiro Andante" (n.º 283)
Aventura de "Cuca" publicada no "Camarada" (n.º 10)

Mas o herói que o projectou com plena justiça e entusiasmo para a bela fama e popularidade, foi o incrível e avassalador "O Ponto", um detective de cabeça redonda e sem rosto e (lógico) fumador de cachimbo, tão herói como desastrado, que participou em três aventuras: duas no saudoso "Diabrete", que foram "Loja de Bonecos" e "Por Causa de uma Talhada de Melão" (esta, reeditada no n.º 8 dos "Cadernos Sobreda BD") e, na revista "Flecha", a terceira aventura que ficou tristemente incompleta porque a revista em questão se finou subitamente!...
"Loja de Bonecos" ("Diabrete" n.º 856)

"Por Causa de uma Talhada de Melão" ("Diabrete" n.º 883)

Uma outra loucura da sua arte, é "O Estranho Caso do Dr. Rapioca", publicada no "Diabrete" (do n.º 867 ao 874) e reeditada no "Almada BD Fanzine", n.º 6.
Prancha publicada no "Diabrete" (n.º 867)

Mas, porém, todavia, contudo... para além da irresistível paixão por "O Ponto", a cereja no topo do bolo da obra belíssima de Fernandes Silva, assenta em pleno na sua espantosa adaptação à BD (considerada, invejável e internacionalmente, como uma das mais belas e conseguidas) do clássico literário de Lewis Carroll, "Alice no País das Maravilhas" (história publicada no "Cavaleiro Andante" do n.º 1 ao n.º 26, com as duas últimas pranchas, a quatro cores, no respectivo suplemento, "O Pagem").
Prancha publicada no "Cavaleiro Andante" (n.º 18)

Criminosamente - é o termo - nenhuma obra deste genial autor-BD existe, até hoje, em álbum!... O único, justo e respeitável carinho, aproximativo, foram os exemplares (esgotados) no "Almada BD Fanzine" e "Cadernos Sobreda BD", acima citados.
Capas das publicações da Sobreda BD dedicadas a Fernandes Silva

Muito, muito e muito aqui fica por se dizer sobre a admirável vida e carreira de Fernandes Silva, assuntos que ficarão para uma provável e futura abordagem. Até lá, e uma vez que os contactos com o detective "O Ponto" não estão a funcionar, perguntamos (em re-apelo de ajuda):
- Que é feito desse grande senhor da BD Portuguesa que assinava como Fernandes Silva? 
LB

N.º Especial do "Cavaleiro Andante" (Junho de 1953)

NOVIDADES EDITORIAIS (49)

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O ESSENCIAL DE CALVIN & HOBBES - Edição Gradiva. Autor: o norte-americano Bill Watterson, que recebeu este ano o Grande Prémio de Banda Desenhada no Festival de Angoulême.
Esta sua fenomenal série é também muito popular e aplaudida em Portugal. Atendendo a que os álbuns estavam praticamente esgotados, em boa hora a Gradiva resolveu reeditá-los (e não só). Assim, este "O Essencial de Calvin & Hobbes", engloba os tomos "Calvin & Hobbes" e "Há Monstros Debaixo da Cama?", mais um trabalho inédito de Watterson.
Que os leitores saibam merecer este digna edição/reedição com mais de duzentas páginas. Parabéns, Gradiva!


LE FILS DE LA PERDITION - Edição Soleil. Autores: argumento de Christophe Bec, traço de Andrea Mutti e cores de Paolo Francescutto.
Uma obra maravilhosamente assustadora, profética e apocalíptica! Um tema, quiçá assustador e inquietante, que tem tanto de bíblico como de anti-bíblico.
A denúncia de uma terrível realidade ou apenas o relato das divagações de uma iluminada? Estarão bem à vista os confrontos do "fim dos tempos"? O sofredor personagem central, o maquinista do metropolitano de Paris, Perkis Sambatan, arrasta-se atormentado devido a um acidente de que não teve culpa alguma: atropelou mortalmente uma jovem grávida que se julgava portadora no seu ventre do Anticristo... Será, alguma vez, o suicídio (há vários registados nesta narrativa) a solução para os traumas?
Curioso: cita-se na abertura  deste álbum, uma frase de Denis Diderot, que diz: "Se há mil danados por um salvo, o Diabo tem sempre a vantagem, pois nunca abandonou o seu filho à morte"...


MAUVAIS GENRE - Edição Delcourt. Autora: Chloé Cruchaudet, segundo a obra "La Garçonne et l'Assassin" de Fabrice Virgili e Danièle Voldman. Baseado em factos reais, quase se pode considerar este álbum como uma obra-prima.
Paul e Louise amam-se e casam. Mas a Primeira Grande Guerra estoira e separa-os. Porém, Paul, dê lá para onde der, anseia escapar-se do inferno das trincheiras, deserta e encontra Louise em Paris. Está são e salvo, mas condenado a permanecer escondido num quarto de hotel. Para pôr fim à sua clandestinidade, Paul imagina então (com a cumplicidade de Louise), uma solução: mudar de identidade. Daí em diante, ele será Suzanne, pois o seu travestismo parece resultar.
Entre confusões de géneros e traumatismos da guerra, o casal vai então conhecer um destino para além do normal...


PERICO - Edição Dargaud. Autores: argumento de Régis Hautière, traço de Philippe Berthet e cores de Dominique David.
Tudo começa em Cuba, sob a ditadura imbecil (como imbecis são todas as ditaduras) do então presidente Fulgêncio Batista e, o senhor Fidel Castro programava a sua "salvadora" e "democrática" revolução...
Bem na linha negra, esta obra, que terminará no segundo tomo, narra com realismo e sem qualquer contemplação, a angustiante vivência sócio-politico-económica de um dos mais marcantes países insulares da América Latina, onde vigoravam corrupções, mafiosos, perigosas e sedutoras beldades femininas, traficantes sem qualquer escrúpulo, etc.
É nesta nada recomendável situação, que Joaquin, um jovem e apagado criado de um hotel, e a bela (e venenosa) cantora Elena, se vão cruzar e dar vazão a uma narrativa de peso...


PERDU DANS LE TEMPS - Edição Lombard. Autores: Laurent Queyssi (argumento) e Greg Tocchini (traço e cores). 
"Perdu Dans le Temps"é o primeiro tomo da série "Section Infini". 
Muito mistério bem ficcionado, tema que cai no gosto da maioria dos leitores. Podemos mesmo viajar no Tempo? Mais: ir ao futuro e vice-versa, é mesmo possível? E, se essa hipótese resulta, dará tranquilidade a cada um de nós?
É esta a grande proposta e o grande desafio desta série.

HERÓIS INESQUECÍVEIS (24) - O CAVALEIRO BRANCO

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Excluindo a versão "integral", as aventuras na Idade Média deste tão popular herói englobam 13 álbuns. O primeiro tomo, que abarca três episódios, tem argumento de Raymond Macherot (1924-2008) e arte de Fred Funcken (1921-2013).
Entretanto, Funcken conhece, apaixona-se e casa com Liliane, que passa a ser também a sua constante parceira nos argumentos, traço e cores (exceptuando o décimo álbum, "Le Trésor des Cathares", que teve argumento de Didier Convard).

Raymond Macherot, Fred e Liliane Funcken e Didier Convard

Em pleno século XIII, quando Jehan de Dardemont e o trovador seu amigo Tristan regressam das Cruzadas a França, deparam com este país em lutas angustiantes ante a ferocidade de opressivos e poderosos senhores e um povo cada vez mais sofredor e explorado. Todavia, há um misterioso justiceiro: o Cavaleiro Branco. Este é, nem mais nem menos, que o pai de Jehan.
Falecido o defensor dos oprimidos, Jehan assume, por sua vez, a identidade do Cavaleiro Branco.
Esta série estreou-se a 7 de Outubro de 1953 na edição belga da revista "Tintin". Em Portugal, estreou-se a 1 de Janeiro de 1955, no n.º 157 do "Cavaleiro Andante", onde os três episódios, sob o título comum do nome da série, foram
sucessivamente publicados. 
Em 1960, foi a vez de "Sem Piedade" (o 3.º álbum) e em 1962, "O Agressor Desconhecido" (o 6.º tomo), tendo, neste mesmo ano, sido publicado o episódio "A Sombra do Gládio" (o 8.º tomo) no n.º 95 da colecção "Álbum do Cavaleiro Andante".
Prancha de "Sem Piedade"
Prancha de "O Agressor Desconhecido"

Para tristeza de um largo número de bedéfilos portugueses, cremos que não consta mais nenhuma edição entre nós, o que nos tem mantido privados de admirar, pelo menos através desta maravilhosa série, a obra de Liliane e Fred Funcken, onde, para além da aventura pela aventura dos enredos, há o rigor do retrato da época através da arte gráfica que aí consta.
Note-se que muito e muito têm a aprender os novos (desenhistas e argumentistas) com a obra de aposta auto-exigente dos Funcken, em especial com a série "Cavaleiro Branco". Por outro lado, estes álbuns mostram entusiasmantes lições e cultura da História. Pois, amigos, o saber não ocupa lugar!..
LB


Prancha de "L'Héritier de la Horde d'Or"

"Le Trésor des Cathares", único álbum, até ao momento, com argumento de Convard


Prancha de "Le Nectar Magique"

A BD A PRETO E BRANCO (8) - As escolhas de Luiz Beira (8)

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JOSÉ MANUEL SOARES (1932). 
Português (infelizmente acamado há uma porção de anos), para além da sua admirável Pintura, tem muitas criações na Banda Desenhada, embora poucas em álbum. Salientamos: "Zeca", "De Angola à Contracosta", "Luis Vaz de Camões", "O Morcego de Veludo" e ainda, com bela distinção, "A Ala dos Namorados".

Prancha de "A Ala dos Namorados"
Prancha de "Luis Vaz de Camões" (edição da C.M. Odemira)



JOSÉ MUÑOZ (1942). 
Nasceu na Argentina, mas reside há muito em Barcelona onde, em parceria com o seu compatriota Carlos Sampayo, tem criado os mais notáveis exemplos da sua arte. De aplauso, as séries "Alack Sinner, Detective Privado" e "Carlos Gardel, a Voz da Argentina".


Prancha de "Nicaragua"
Prancha de "Alack Sinner"


JOSÉ PIRES (1935). 
Nascido em Elvas (Alentejo), reside desde há muitos anos na região de Lisboa. Tem obra publicada em Portugal, Bélgica e França. Para além do seu tão apreciado traço a preto e branco, também enveredou pela cor e, ultimamente, elabora a sua arte com apoio do computador. Foi homenageado na Sobreda e em Moura.


Prancha de O Perro Negro: "Sangue Bretão"
Prancha de "A Dama Pé-de-Cabra" (inédito)

Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco"é subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

DA BD PARA O PALCO: RUY MENDES

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Ruy Mendes
Quem não conhece Rui Mendes, digno actor e encenador do nosso Teatro e também com passagens frequentes pelo Cinema e Televisão?
Somos amigos (eu, LB, e ele) há longos anos... vamos lá, desde meados dos anos 60. 
Pois tenho-o abordado, volta não volta pelo telefone, para uma entrevista. É difícil, muito difícil mesmo, atendendo à sua ocupação pela carreira onde funciona. E seria para uma entrevista que, precisamente, iria versar, no essencial, a Banda Desenhada... É por isso que aqui o "trago" hoje. E que ele me perdoe se alguma "asneira" aqui registo.
Pois este artista nasceu em Coimbra a 19 de Julho de 1937 e seu nome completo é Rui Jorge Albuquerque Mendes. Reside, mais ou menos, na zona de Lisboa.
Como actor, teve belas interpretações no Cinema em filmes como "Raça", "Dom Roberto", "Os Abismos da Meia-Noite", "A Hora da Liberdade", etc.
No Teatro, onde se estreou em 1956 com "A Ilha do Tesouro", destacou-se em peças como "A Tia de Charley", "Knack", "Tio Vânia", "O Rapaz dos Bonecos", etc, etc. 
Foi co-fundador do Grupo 4/Teatro Aberto e do Teatro Adoque.
Cursou Arquitectura e, quase no fim, desistiu e não completou o curso.
Também fez Banda Desenhada. Exacto!
Foi na extinta revista-BD "Camarada", pelo menos, através do ano de 1958.
Tinha um personagem-herói humorístico, o "Procópio Banana", quase sempre em tiras e com textos do saudoso mestre António Manuel Couto Viana. Nesta revista, assinava tudo como Ruy (com ípsilon) Mendes.
Aventuras e Desventuras de Procópio Banana ("Camarada", n.º 3)
Tira de Procópio Banana ("Camarada", n.º 5)

Não há muito tempo, eu e o Rui/Ruy, cruzámo-nos na estreia de uma peça no Teatro da Trindade. Nessa balbúrdia vaidosa das estreias teatrais, que é sempre um espectáculo paralelo ao espectáculo em si, consegui falar-lhe mais uma vez na ideia da entrevista e foquei-lhe o Procópio Banana. Ele sorriu abertamente e disse-me: "Hiiii, isso foi há tanto tempo!..."
Pois foi! Mas a sua divertida arte desse tempo ficou. E mais: nesse momento, num breve "clic", percebi-lhe um certo brilho especial nos olhos. Que foi, Rui/Ruy? Uma saudade pela Banda Desenhada?...
LB

Tira de Procópio Banana ("Camarada", n.º 7)
Procópio Banana ("Camarada, n.º 8)
Tira de Procópio Banana ("Camarada, n.º 20)
Tira de Procópio Banana ("Camarada", n.º 25)


NOVIDADES EDITORIAIS (50)

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BRUNO BRAZIL, INTÉGRALE / 3 - Edição Lombard. Argumentos de Greg, grafismo de William Vance, cores de Petra e dossiê por Jacques Pessis.
É o terceiro e último tomo, na versão integral, das aventuras de Bruno Brazil. A seguir à narrativa escaldante "Quitte ou Double pour Alak 6" (onde morrem dois elementos do "Comando Caimão", Bill Brazil e Texas Bronco), seguem-se todas a histórias curtas com este herói, terminando com a narrativa incabada, "La Chaîne Rouge". Em relação a esta, onde aparece um novo elemento no "Comando", a bela loira Cheree Lamour, apenas seis pranchas elaboradas e algumas páginas "futuras" com o texto de Greg. O álbum encerrra com o romance de Jacques Acar, "Demandez Papa Confucius", com personagens da série e algumas ilustrações por William Vance.


LA PORTE DE BRAZENAC - Edição Dargaud. Autores: Rodolphe e Leo (como co-argumentistas) Patrick Pion (no traço) e Florence Spiteri (nas cores).
Para além da beleza gráfica, ressalta o bizarro enredo: tudo se passa algures no centro de França, numa tranquila e bucólica paisagem. Mas o grande mistério surge: nessa mesma paisagem, acontecem dois mundos em simultâneo, um no século XVIII e outro no século XXI!...
Uma estranha e invisível porta leva os personagens de uma época a outra (e vice-versa), com os respectivos confrontos. Que porta é essa?!...


LA BIBLE SELON LE CHAT - Edição Casterman. E... pelo que indica este impagável álbum (logo na capa), os autores são: Philppe Geluck & Deus!... 
Louco, irresistivelmente louco e hilariante, este álbum!
"O Gato" (assim, muito simplesmente e sem nome) é divertida criação do mordaz autor-BD belga Philippe Geluck.
Desta vez, ultrapassou tudo quanto até hoje nos divertiu com as filosofias falhadas e cabotinas do seu impagável e anafado "O Gato". Uma espantosa paródia que a nada e a ninguém ofende (salvo ao fantasma do cruel e abominável cardeal Torquemada).
Pois... "O Gato", sempre acompanhado pelo fiel e servil Pascal (alusão ao judaico-cristão "cordeiro pascal"), imagina-se Deus criador... Topam?
Toca a ler este álbum delirantemente provocador de salutares gargalhadas!


EUSÉBIO, PANTERA NEGRA - Edição Arcádia. Autor: Eugénio Silva.
Pois, era bem justo que esta bela obra biográfica sobre o inultrapassável (até agora) futebolista (glória para Moçambique e glória para Portugal) reaparecesse.
A primeira edição, por outra editora, estava há muito esgotada. A Arcádia (do grupo editorial Babel) tomou o gesto necessário. E disso está de parabéns, bem como o Eugénio Silva.
No entanto, para esta reedição, muitos esperavam (e tal não aconteceu) que mais algumas pranchas fossem acrescentadas, indo até ao triste falecimento deste ídolo do futebol. Pronto, adiante!
E, aproveitando o ressurgimento da Arcádia com edições de BD, e pelo autor em questão, os alvitres para as reedições de "Inês de Castro" e de "Matias Sandór" (ambos esgotados) e, acima de tudo, a edição do tão esperado e inédito "José do Telhado"... São apostas antecipadamente ganhas!


POMPÉI - Edição Çá et Là. Autor: Frank Santoro.
É uma obra estranha e nada vulgar. História de amores e intrigas  na Pompeia em tempos queimada e destruída pelo implacável vulcão Vesúvio...
O álbum tem todas as pranchas a sépia e o grafismo parece (ou é?) todo elaborado no esquema de meros esboços...
Apesar de tudo, interessante... muito interessante mesmo.

HERÓIS INESQUECÍVEIS (25) - IZNOGOUD

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"Quero ser primeiro-ministro no lugar do primeiro-ministro!"... Onde será que já ouvimos isto?!... Ou não terá sido em Portugal? 
Não, não foi!... Os personagens são outros e o país é um desses do mundo das "mil e uma noites". Que confusão a nossa!
Afinal, trata-se do mesquinho, ambicioso e pândego grão-vizir Iznogoud, servidor hipócrita do califa Haroun El Poussah, que ele tanto inveja e que por isso, sempre escabuja enraivecido que quer ser "califa no lugar do califa" (Je veux être calife à la place du calife!). Ora pois!...
René Goscinny e Jean Tabary
Esta série apareceu na "Record" (publicação francesa) a 15 de Janeiro de 1962, com argumentos de René Goscinny (1926-1977) e arte gráfica de Jean Tabary (1930-2011). Por sua vez, o nome Iznogoud, deriva da expressão inglesa "He's no good" (Ele não é bom), que tem como seu cúmplice o bronco Dilat Larat. Por outro lado, o bonacheirão do califa Poussah, também não é bem uma flor que se cheire...Enfim, trapalhadas atrás de trapalhadas que resultam no bem divertir os leitores.
Inicialmente como personagem secundário, Iznogoud, caiu cedo na popularidade e daí, o ser eleito como a figura mais grata da série (tal como Haddock em relação a Tintin ou Gaston Lagaffe em relação a Spirou e Fantásio, por exemplo).
 "Le Grand Vizir Iznogoud", o primeiro álbum da série (1966)

Depois do falecimento de mestre René Goscinny, Tabary assumiu-se como autor completo da série, que conta com mais de uma trintena de álbuns, muitos deles traduzidos e editados em diversos países. Em Portugal, foram editados
oito: três pela Meribérica-Líber e os outros cinco pela Asa.
No entanto, em Portugal, a estreia de Iznogoud aconteceu na revista "Pisca-Pisca" em Março de 1968, onde várias "tropelias" suas foram publicadas. Mas também se editaram algumas no "Jornal da BD" e na revista "Flecha 2000".
Nicolas Tabary
E assim é que, em cada episódio, Iznogoud arranja um método infalível para se desembaraçar do califa e tal, sempre se reverterá infalivelmente contra ele. E o gorducho e pouco inteligente Poussah,  persistirá a chamar ao seu vizir de "meu bom Iznogoud"!...
Com a morte de Jean Tabary, é Nicolas Tabary (seu filho) quem, actualmente, assegura a continuação das aventuras de Iznogoud.
Claro que a espantosa popularidade desta série não se limitou à Banda Desenhada.
A partir de 1995, a televisão francesa (via Cinema de Animação), começou a emitir adaptações desta série. 
"Iznogoud" - série de animação realizada por Bruno Bianchi

E, em 2005, Patrick Braoudé, realizou a longa-metragem "Iznogoud" com actores de carne e osso, tendo nos principais papéis Michaël Youn (Iznogoud), Jacques Villeret (Haroun El Poussah) e Arno Chevrier (Dilat Larat). 
Introdução do filme "Iznogoud, Calife a la Place du Calife" (2005)

Não vimos, até ao momento, este filme e tão pouco nos consta que tenha sido exibido em Portugal... Se foi, a publicidade terá sido ínfima, que nem demos por ela.
LB

Cartaz do filme "Iznogoud, Calife a la Place du Calife"




O primeiro álbum desenhado inteiramente por Nicolas Tabary, sendo responsáveis
pelo argumento Muriel Tabary-Dumas e Stéphane Tabary, irmãos de Nicolas.
O último álbum da série (até o momento), com desenho de Nicolas Tabary e
argumento de Nicolas Canteloup e Laurent Vassilian

A BD A PRETO E BRANCO (9) - As escolhas de Luiz Beira (9)

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JOSÉ RUY (1930). 
Nascido na Amadora, tem exposto e tem sido publicado nos mais diversos países. É o desenhista português com o maior número de álbuns editados, focando os mais diversos temas. Há bons anos a esta parte, tem apostado na cor, mas não podemos olvidar o seu traço pelo preto e branco.
Prancha de "Porque Não Hei-de Acreditar na Felicidade?"
Prancha de "Amaterasu, a Deusa da Luz do Sol" (da série "Lendas Japonesas")

MILO MANARA (1945). 
É mais um italiano a brilhar com o seu talento gráfico no preto-e-branco. Foi desenhista de alguns argumentos de Hugo Pratt. Tem obra de peso (às vezes, espraiando-se pelo campo erótico-pornográfico), sempre muito aplaudida. Numa vertente menos conhecida, porém marcante, abordou em jeito de julgamento judicial, algumas figuras da História. Daqui, por exemplo, o caso do paranóico e cruel "Robespierre".


Prancha de "Robespierre"
Prancha de "Verão Índio"




MILTON CANIFF (1907-1988). 
Aqui temos um dos mais admirados e clássicos desenhistas norte-americanos, inspirador - e às vezes "copiado" - de tantos outros colegas, fossem ou não seus compatriotas. Fabuloso no seu preto-e-branco!... Para além de "Terry e os Piratas", o seu "Steve Canyon" entusiasmou e ainda hoje entusiasma muito bom bedéfilo.
Prancha de "Steve Canyon"

Prancha de "Terry and the Pirates"



Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco"é subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

A BD A PRETO E BRANCO (10) - As escolhas de Luiz Beira (10)

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NOËL GLOESNER (1917-1995). 
Francês, pleno de um invejável, encantador e elegante grafismo, talvez devido à sua natural humildade, quase nunca lhe fizeram (ou fazem) a devida justiça pela sua arte. Algumas obras suas foram logo editadas com côr. Mas, pelo seu tão apreciado preto e branco, temos, por exemplo, "Mademoiselle Demi-Solde", "L'Orpheline du Far-West", "Boule de Neige ", etc., e acima de todas, a espantosa, longa e emotiva narrativa "Perdida na Tempestade" (Mademoiselle Ci-Devant), publicada em Portugal no "Cavaleiro Andante" (do n.º 210 ao n.º 313), tendo então feito um furor imenso no entusiasmo dos bedéfilos portugueses.
Arte de Noël Gloesner
Prancha de "Hello Jim"




PUIU  MANU (1928).  
É um dos mais consagrados desenhistas romenos, sempre jovem e imparável a desenhar. Embora algumas vezes tenha abordado a cor, a sua vastíssima obra assenta sobretudo numa correcta linha a preto e branco. Da sua extensa bibliografia, salientam-se os títulos "Ionita Tunsu", "Trei Luni de Vacantâ in Trecut", "Invincibilul", "Toate Pânsele Sus!", etc.


Prancha de "Ionita Tunsu"
Mais uma prancha de "Ionita Tunsu"



VÍTOR PÉON (1923-1991). 
Um português sempre pleno de entusiasmo criativo. Imenso!... Abordou diversos temas, do humorístico ao histórico e ao "western". Claro que a maioria só o relaciona ao herói "Tomahawak Tom". Mas Péon criou uma infinidade de narrativas (excluindo as que deixou incompletas ou apenas idealizadas), como "Ted Kirk" (duas narrativas), "Pirro", "A Reconquista de Angola", "João Davus", "A Vingança do Jaguar", "Gesta Heróica", "As Viagens de Diogo Cão", etc. Mas, para aqui, escolhi uma prancha de ""Aventura na Selva"...
Arte de Vítor Péon 
Prancha de "Reg Tooper, o Renegado"

Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco"é subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

HERÓIS INESQUECÍVEIS (26) - BRUNO BRAZIL

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A 17 de Janeiro de 1967, na edição belga da revista "Tintin", surgiu a primeira aventura de Bruno Brazilcom argumento de Greg (então assinando como Louis Albert) e arte gráfica de William Vance.
William Vance e Greg, autores de Bruno Brazil
Tratava-se da narrativa em cinco pranchas "Une Fleur Pour Cible", publicada com o título "Objectivo: uma Flor", quando foi editada em 1968 na edição portuguesa da revista "Tintin". Seguiram-se, nesse mesmo ano de 1967, mais quatro histórias curtas, cada uma com sete pranchas: "Piège Sous Globe" (Os Globos da Morte), "Réseau Diamant" (A Rede Diamante), "Le Bouclier de Verre "(O Escudo de Vidro) e "Les Poupées Ont la Vie Dure" (A Vida das Bonecas é Dura).
Bruno Brazil, inspirado em James Bond e com cabelos brancos, tal como o seu "colega" Bernard Prince (desenhado por Hermann), é um agente secreto corajoso, audacioso e atrevido. Trabalha a solo, seguindo de muito perto as instruções do seu enigmático superior, o Coronel L .
O êxito das narrativas é tão grande que, em 1968, vive a primeira grande história (44 pranchas), "Le Requin Qui Mourut Deux Fois" (O Tubarão Que Morreu Duas Vezes).


 
À esquerda, a primeira edição de "Le Requin Qui Mourut Deux Fois" (1968).
À direita, uma reedição da Lombard (1975) 

Mas Brazil, logo a seguir, fica a chefiar uma equipa por decisão do Coronel L: o famoso "Comando Caimão", cuja primeira narrativa tem precisamente este título. Quem são este elementos escolhidos a dedo? Aí vai: o latino-americano e ex-gangster Felipe "Gaúcho" Morales; Whip Rafale, antiga artista de circo e especialista no uso do chicote; Texas Broncorápido pistoleiro que participava em rodeios; Billy Brazilo irmão mais novo de Bruno e acabado de sair da academia militar; e, Lafayette Big Boy, ex-jockey de provas hípicas, exímio no uso de seu io-iô de aço.
O "Comando Caimão"
Seguem-se: "Les Yeux Sans Visage" (Os Olhos Sem Rosto), "La Cité Pétrifiée" (A Cidade Petrificada), "La Nuit des Chacals" (A Noite dos Chacais), "Sarabande à Sacramento" (Sarabanda em Sacramento) e "Des Caïmans Dans la Rizière" (Batalha no Arrozal).

 

 

Greg quis fazer algo diferente nos seus textos, humanizando objectivamente os heróis, que também fracassam, sofrem e morrem. E nesta batalha no arrozal, acontece a primeira baixa: Lafayette Big Boy tem um fim trágico. Este "assassinato" pelo argumentista chocou e revoltou os fiéis bedéfilos da série, mas nada feito!
É ainda neste episódio que Bruno Brazil conta com o apoio do garoto órfão tailandês Maï, que posteriormente virá a adoptar, e que conhece Gina Loudeac, turista-jornalista francesa, por quem se vem a apaixonar e acabará por casar.
Na aventura seguinte, "Orage aux Aléoutiennes" (Tempestade nas Aleutas), um novo elemento vem substituir Big Boy no "Comando": Tony Nomade, de longos cabelos loiros, com aparência de um "hippie"... e que usa uma estranha guitarra que afinal, não é um mero instrumento musical... E, no álbum seguinte (o nono), "Quittte ou Double Pour Alak 6" (Tudo ou Nada: Alak 6), novas baixas no "Comando Caimão"; num acto heróico, morrem juntos, Texas Bronco e Billy Brazil.
A existência da "equipa Caimão" está aparentemente  a chegar ao fim... O próprio Bruno Brazil parece cansado,e desinteressado de aventuras. No entanto, uma décima grande aventura começou a ser elaborada, "La Chaîne Rouge"  (A Corrente Vermelha), mas ficou inacaba. Aqui aparece um novo elemento, a bela loira Cheree Lamour.
A belga Éditions du Lombard, num belo e atento gesto, reeditou na "versão integral" (três tomos) todas as aventuras de Bruno Brazil, incluindo a incompleta "La Chaîne Rouge", a novela "Demandez Papa Confucius" de Jacques Acar (usando os personagens da série e com algumas ilustrações soltas de Vance) e ainda, três histórias curtas: "À Un Poil Près" (13 pranchas), "Ne Tuez Pas Les Immortels (8 pranchas) e "Fausses Manoeuvres et Vraies Embrouilles" (11 pranchas).
Capas dos três volumes da versão integral de Bruno Brazil (Editions Lombard)
Em Portugal, muitas das aventuras de Bruno Brazil foram publicadas na edição portuguesa da revista "Tintin", mas, quanto a álbuns, apenas três (!!!) pela Bertrand: "Batalha no Arrozal", "A Noite dos Chacais" e "Sarabanda em Sacramento". Que pena, da parte editorial portuguesa, esta desfeita a um dos mais encantadores heróis (série) clássicos da Banda Desenhada!..
LB
Prancha de "Sarabanda em Sacramento"
Prancha de "Orage aux Aléoutiennes"
Prancha de "Batalha no Arrozal"




NOVIDADES EDITORIAIS (51)

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A BATALHA - Editora: Gradiva. Argumento e arte gráfica de Pedro Massano, com base em textos de Fernão Lopes e Jean Froissart, entre outros.
"A Batalha - 14 de Agosto de 1385"é um espectacular álbum-BD há muito aguardado pelos bedéfilos portugueses, tanto mais que a arte de Pedro Massano merece sempre os mais calorosos aplausos.
E, se a feitura desta obra deu um grande trabalho ao autor, o resultado foi maravilhosamente conseguido. Parabéns, Pedro Massano!
"A Batalha"é um álbum de leitura obrigatória.


 
LE PRIX DU SANG ET DES LARMES - Editora: Lombard. Argumento de Jean-Christophe Darrien e traço de Claude Plumail. É o quarto e último tomo da série "Résistances". Com base histórica no drama da França ocupada pelos nazis, indo até à libertação de Paris, centram-se nesta obra, dois homens e uma mulher... em três modos de resistir durante a sinistra e trágica ocupação da França pelas forças de Hitler. Uma série com alta e emotiva carga dramática.


 
LA CHUTE - Editora: Akileos. Argumento de Jordan Mechner e grafismo de LeUyen Pham e Alex Puvilland. "La Chute"é o primeiro tomo da curta série "Templiers". Empolgante narrativa focando os Templários e as intrigas politicas de Paris (o rei Filipe IV, o Belo) e do Vaticano (o papa Clemente V) que determinaram as crueldades para exterminar os Cavaleiros do Templo na ambição para a posse de um hipotético tesouro...


 
UN VOLEUR DANS LA LOI - Editora: Casterman. Argumento de Jérôme Pierrat e arte gráfica de Vincent Burmeister. "Un Voleur dans la Loi"é o primeiro tomo da série "Vor". Narrativa violenta e escaldante, inspirada em factos reais, é um mergulho ao coração dos clãs mafiosos aparecidos do antigo Bloco Soviético.
Feroz, quanto basta!


 
ET LES EAUX INVAHIRENT LA TERRE - Editora: Lombard. Argumento de Darren Aronofsky e Ari Handel, e grafismo de Niko Henrichon. "Et les Eaux Invahirent la Terre"é o terceiro e penúltimo tomo da série "Noé", contando através de várias cenas espectaculares, o episódio bíblico do famoso Dilúvio.
Neste álbum, precisamente, o início da invasão das imensas águas a dominar a terra e a dizimar os ímpios...

A BD A PRETO E BRANCO (11) - As escolhas de Carlos Rico (1)

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Este tema, "A BD a Preto e Branco", surgiu de forma casual, em conversa com Luiz Beira. Na altura, o meu "sócio" do BDBD disse-me (como sempre diz, cada vez que lhe proponho novos temas para o blogue) que "sim senhor, era uma boa ideia mas que o assunto requeria muito tempo para escolher os autores, pesquisar sobre cada um e mais isto e mais aquilo"...  
A verdade é que o tema caiu-lhe de tal forma “no goto” que, poucos dias depois, me enviou uma lista com as suas escolhas, num total de 20 autores.
Começámos de imediato a trocar impressões, logo confirmando aquilo que já antevíamos: a lista pecava por defeito, pois embora estivesse recheada de grandes nomes faltavam muitos e bons desenhadores que, sem dúvida, também mereciam uma referência. 
Seria sempre difícil listar todos os grandes mestres da BD a Preto e Branco, mas a verdade é que faltavam demasiados "monstros sagrados" para deixarmos as coisas tal como estavam. Resolvemos, então, fazer o seguinte: o Luiz Beira escolheria mais 10 autores e eu faria a minha própria lista (também ela de 30 autores), perfazendo as nossas escolhas um total de 60 desenhadores! Desta forma, conseguiríamos ser muito mais abrangentes e, ao mesmo tempo, não se cometeriam tantas injustiças quantas as que, inevitavelmente se cometerão num leque, ainda assim, bastante curto. 
Da minha lista – que hoje começamos a divulgar – fariam parte muitos dos autores que o Luiz, entretanto, já seleccionara. Nesse aspecto, tive alguma vantagem e acabei por optar por nomes que, inevitavelmente, por falta de espaço, não entrariam numa primeira escolha.
Uma nota final apenas para dizer que, ao contrário de Luiz Beira, que decidiu ordenar alfabeticamente os autores que seleccionou, as minhas escolhas serão apresentadas de forma completamente aleatória.
E chega de conversa. Vamos, então, continuar esta viagem pelo mundo da BD a Preto e Branco.
CR

CARLOS GIMÉNEZ (1941)
É, incontestavelmente, um dos grandes autores espanhóis de sempre. Nascido em Madrid, o seu extraordinário talento espraiou-se em séries como "Gringo" (com vários episódios publicados no saudoso "Mundo de Aventuras"), "Dani Futuro", "Barrio", "Los Professionales", "Pepe", "Kulao, o Leproso" e, acima de todas, a autobiográfica "Paracuellos", onde o autor retrata a infância difícil de um grupo de crianças maltratadas numa instituição social. 
Tem uma carreira recheada de homenagens e distinções, destacando-se as que lhe foram atribuídas nos Salões de Barcelona e Madrid. 
Prancha de "Rambla Arriba Rambla Abajo", da série "Los Professionales"

Prancha de "Paracuellos"




ENRIC SIÓ (1942-1998)
Este versátil autor catalão (para além de banda desenhada, fez ilustração, publicidade e fotografia) publicou histórias em revistas como Valentine (Inglaterra), Pilote (França), Linus (Itália) ou Totem (Espanha). 
A sua obra-prima é a série "Mara". 
Desenhou, também, alguns episódios de "Battler Britton" (conhecido entre nós como Major Alvega). Foi-lhe atribuído, entre outras distinções, o Troféu Yellow Kid para Melhor Autor Estrangeiro, em 1971. Dois anos antes, o Salão de Luca (Itália), já o premiara pelo seu trabalho em "Aghardi".

Prancha de "Mara"

Prancha de "Aghardi"



TONY WEARE (1912-1994). 
Cidadão inglês, com o seu traço (aparentemente) "rude" tão característico, tem como obra de honra a série western "Matt Marriott" (com vários episódios publicados em Portugal no Mundo de Aventuras; actualmente, esta série está a ser recuperada e editada em formato fanzine por José Pires). Por doença que o ia imobilizando, não suportando a situação, suicidou-se a 2 de Dezembro de 1994. Ficou-nos a sua tão apreciada obra.


Duas tiras de "Matt Marriott"

Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

NOVIDADES EDITORIAIS (52)

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VERCINGÉTORIX - Edição Glénat. Autores: argumento de Éric Adam e Didier Convard; arte gráfica de Fred Vignaux e apoio do historiador Stephane Bourdin.
Trata-se do registo da luta do audaz líder gaulês Vercingétorix contra as ideias imperialistas e expansionistas de Júlio César.
Vercingétorix foi para a Gália o que Viriato foi para a Lusitânia.
Preso e vilmente acorrentado numa masmorra de Roma, o nobre gaulês, pressentindo que não tarda será executado (diga-se, assassinado) pede que César o visite para lhe falar... É por este modo que se desenrola esta BD, onde o valoroso Vercingétorix conta ao imperador toda a sua história.
Um grande aplauso para esta obra!

LA COLÈRE BLANCHE DE L'ORAGE - Edição Casterman. Autor: Benoît Sokal. É o último tomo da trilogia-série "Kraa". Uma espantosa conclusão de um "western" selvagem e violento. Uma obra magistral de Benoît Sokal.
Com as teorias do xamanismo a envolver o enredo, Kraa, uma autêntica águia real justiceira, e o seu protegido jovem índio órfão Yuma, vivem uma heróica luta de sobrevivência e de protecção da Natureza e de determinados valores sagrados. São acompanhados pela jovem enfermeira Emily. Tudo termina, muitos anos volvidos, de um modo dramático e bem emotivo.

CELUI QUI VERSE LE SANG - Edição Lombard. Argumento de Darren Aronofsky e Ari Handel e arte gráfica de Niko Henrichon.
É o quarto e último tomo da bíblica história de Noé, salvando na sua famosa Arca, os vivos (humanos e outros animais) que deve salvar por "indicação de Deus".
Violência, loucura, incestos, obsessões, etc, até que a terra é vista e revisitada para sempre para além das imensas águas diluvianas.

 
U-29 - Edição Akileos. Adaptação da novela "O Templo" de Haward Phillips Lovecraft, com argumento de Rotomago e grafismo de Florent Calvez.
Por volta de 1917... O "U-29"é um submarino alemão. Tem poderosos projectores e a sua tripulação está toda dominada por trágicas e alucinantes crises psíquicas...
Enquanto situações muito estranhas acontecem, o submarino, imparável, afunda-se até ao chão oceânico, onde se vislumbram as bizarras ruínas de uma cidade... A lendária Atlântida?!... No final, só o comandante está vivo e, mesmo assim, não se sabe por quanto tempo...

 
LAST MAN / 4 - Edição Casterman. Autores: Balak, Bastien Vivès e M. Sanlaville.
Por aqui, por mundos que não são bem "deste mundo", prosseguem as aventuras, descobertas e confrontos dos três principais personagens: a jovem e destemida Marianne Velba, seu filhote Adrian e o misterioso atleta Richard Aldana.
Uma série estranha, que não deixa de encantar.

ENTREVISTAS (14) - JOSÉ GARCÊS

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José Garcês
José dos Santos Garcês, ou seja, mestre JOSÉ GARCÊSnasceu em Lisboa a 23 de Julho de 1928 e, ainda no activo, é hoje o decano dos nossos desenhistas. 
Cursou na Escola António Arroio de Lisboa.
Para além da sua vasta e admirável obra pela Banda Desenhada, é um notável ilustrador e um meticuloso elaborador de construções de armar (Mosteiro da Batalha, Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, etc.)

Construções de armar de Garcês,
in"Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70) 

Na região da Amadora, onde reside, há uma escola e uma avenida que, merecidamente, têm o seu nome.
Garcês homenageado em Moura, em 2005
Foi homenageado nos Salões de Sobreda, Moura, Viseu, Lisboa, Porto e Amadora. Falta aqui o de Beja e disso lhe perguntámos: "Beja?!... Não, Beja nunca me convidou".
A sua BD espalha-se pelos mais diversos periódicos, havendo muitas criações suas por recuperar e salvaguardar em álbum, donde títulos como "Viriato", "O Sargento-Mor de Vilar", "Xan Tung", "Caramuru", "O Terrível Espadachim", "Rumo ao Oriente", "Os Cavaleiros de Almourol", "Palo Quiri", "A Dama Pé-de-Cabra" e tantas e tantas mais.
"O Sargento-Mor de Vilar" que estreou, em 1956, no Cavaleiro Andante
Prancha 2 de "A Dama Pé-de-Cabra" (revista Tintin, n.º 29, de 29 de Novembro de 1980)

Deu cursos de Banda Desenhada em Lisboa e nos Açores.
Álbuns com criações suas, há bastantes, como por exemplo: "Através do Deserto", os quatro volumes de "A História de Portugal em BD" (com uma edição em francês), "Bartolomeu Dias" (com uma edição em inglês), "Eurico, o Presbítero" (esgotado),  "Jardim Zoológico de Lisboa -125 Anos", "O Lince Ibérico", "O Tambor / A Embaixada", "História de Faro", "História de Olhão", "História da Guarda", "História de Oliveira do Hospital", "História de Ourém", "História do Porto" e "Cristóvão Colombo" (em dois tomos).
Prancha de "Através do Deserto"

Participou no álbum colectivo "Salúquia", editado pela Câmara Municipal de Moura. 
Duas (de três) pranchas de "A Lenda da Moura Salúquia", do álbum colectivo
"Salúquia: a Lenda de Moura em Banda Desenhada" (Ed. da C.M. Moura, 2009)

Por sua vez, em mini-álbuns (esgotados) foram recuperadas as histórias "O Falcão" (em "Cadernos de Banda Desenhada, Ed.Catarina Labey) e "Picaroto, o Baleeiro / Zé Miúdo" (em "Cadernos SobredaBD", Ed. Grupo Bedéfilo Sobredense). 

"O Falcão" ("Cadernos de Banda Desenhada" - Ed. Catarina Labey, 1987)

Este é um panorama geral e necessariamente resumido, da vida e obra deste grande mestre da 9.ª Arte Portuguesa. E agora, a entrevista:


BDBD - Sendo o decano dos nossos desenhistas, o que tem a dizer ante tal "estatuto"?
José Garcês (JG) - Olhe, eu consegui fazer quatro áreas distintas para uma editora do Porto... Por aqui e ante tanta coisa que fiz, penso que tenho "o serviço arrumado". Pouco mais poderei ou terei de fazer...


BDBD - E as obras traduzidas para outros idiomas?
JG - Foram os quatro tomos da "História de Portugal em BD", em francês, e uma edição, em inglês, de "Bartolomeu Dias". Que eu saiba, nada mais.

BDBD - Porque deixou a ficção?
JG - Não, não abandonei a ficção, mas... num plano geral pela BD, prefiro a linha documental, sobretudo os temas ecológicos.

BDBD - Creio que preparava os álbuns sobre "A História de Silves", "Santo António" e "A História de Moura". Como estão estes seus entusiasmos?
JG - Silves e Santo António, estão prontos... mas a "marinar". Moura... acho que está ainda "no ovo". O caso de Silves depende da respectiva Câmara. O "Santo António", também depende da Câmara de Lisboa, mas estou a procurar outros prováveis apoios.

BDBD - Que pensa das novas gerações da nossa BD?
JG - As jovens gerações, e não só, andam muito inflamadas com o computador. O computador "resolve" tudo. Quando pessoal como eu trabalha com o lápis, a pena e o pincel, recuso-me ao computador. O traço manual marca a personalidade do artista. O computador não tem essa personalidade. Aceitei as novas tecnologias, onde o computador faz, de facto, coisas
maravilhosas, mas onde não há "aquela alma" que o traço manual regista. Com o computador perde-se o traço característico de cada artista.

BDBD - A BD Portuguesa está em crise?
JG - O País está em crise... A BD do nosso País reflecte-se nessa mesma crise.

BDBD - Finalizando por hoje e agora, quais são os seus próximos projectos?
JG - (risos)Que boa pergunta!... Projectos há, de acordo com a minha idade e na ideia de fazer alguma coisa de jeito, pois... Olhe, enquanto eu puder e me deixarem fazer, terei  muito gosto em não desiludir os meus leitores. É tudo muito problemático...
LB

in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70)

in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70)

Prancha de "Palo Quiri"
Prancha de "Eurico, o Presbítero"
"José Garcês: as Fases Diversas", de Leonardo De Sá e António Dias de Deus
(Coleccção Nonarte - Ed. Época de Ouro, 2002)

"História de Faro em BD" (Edições Asa, 2005)


"História de Pinhel - Falcão, Guarda-Mor de Portugal" (Âncora Editora, 2004)


"Lince Ibérico: a sua História em Portugal" (Ed. Liga Para a Protecção da Natureza, 2011)


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