Quantcast
Channel: BDBD - Blogue De Banda Desenhada
Viewing all 858 articles
Browse latest View live

BREVES (9)

$
0
0
Cartaz de Susa Monteiro
BEJA BD - Com início amanhã, 29 de Maio, e encerramento a 14 de Junho, decorrerá em Beja o XI Festival de Banda Desenhada daquela cidade alentejana. Como sempre, muitos são os motivos para visitar o festival: exposições, sessões de autógrafos, apresentação de projectos, lançamento de livros, workshops, concertos desenhados, cinema e várias conversas à volta da BD...
O Festival terá também à disposição dos visitantes o Mercado do Livro (a maior livraria do país durante esse período) e o Mercado Geek (um amplo espaço comercial com várias tendas instaladas - venda de action figures, arte original, jogos, posters, prints, etc).
O primeiro fim-de-semana (29, 30 e 31 de Maio) contará com a presença de autores de todo o Mundo! E com a programação paralela a acabar às 4:30 da manhã!
Um Festival sem sono que atrai milhares de visitantes todos os anos...

HUMOR A VERDE E BRANCO - Entre 6 e 24 de Junho decorrerá em Moura a exposição de cartunes de Carlos Rico "Humor a Verde e Branco".
A mostra refere-se a uma selecção de cartunes, sob a forma de tiras, publicados semanalmente no jornal do Sporting, entre 2005 e 2012.
A produção da exposição é tripartida entre o Núcleo Sportinguista de Moura, a Câmara Municipal de Moura e o jornal do Sporting, tendo ainda a colaboração da Inovinter.
A inauguração está prevista para as 18:00 horas de dia 6, sábado, e contará com a presença de algumas personalidades do clube leonino.


Desenho de Eugénio Silva
VIRIATO NA BD - Ainda em Moura, de 16 de Julho a 2 de Agosto, decorrerá no Espaço Inovinter a exposição "Viriato na Banda Desenhada".
Comissariada por Luiz Beira, a exposição é uma co-produção entre a Câmara Municipal de Moura e o Gicav, dentro da linha que, nos últimos anos, tem pautado a estreita colaboração entre Moura e Viseu.
A mostra é constituída por dezena e meia de painéis onde se podem apreciar diversas adaptações da vida de Viriato à BD por desenhistas como José Garcês, Victor Mesquita, Baptista Mendes, Artur Correia ou Eugénio Silva, entre outros.
A exposição seguirá depois para Viseu, onde será apresentada, em meados de Agosto, na Feira de São Mateus.


Fernandes Silva (1931-2010)
FERNANDES SILVA:
O MISTÉRIO RESOLVIDO
Na sequência do nosso post de 23 de Fevereiro de 2014, “O Mistério Fernandes Silva”, que havia ficado no ar com a intrigante situação do que lhe teria acontecido... e ante um birrento acto de um certo e arrogante fulano que deambula pelo nosso mundo BD, que sabia que o nosso artista falecera, mas que se recusava a dizer a data enquanto não tivesse a “honra vaidosa” de tal divulgar num livro dele a publicar e que nunca mais dá à estampa (uma atitude mesquinha e repulsiva, por todos condenada!), nós, o BDBD, podemos hoje informar os bedéfilos (afinal, nós em avanço...) que, de fonte oficial e fidedigna, sabemos que o grande Fernandes Silva (aliás, António Fernandes da Silva) faleceu no dia 30 de Janeiro de 2010. O “mistério” está, portanto, resolvido!

EVOCANDO (14)... EDUARDO TEIXEIRA COELHO

$
0
0
Eduardo Teixeira Coelho
(1919-2005)
Faz hoje dez anos que Eduardo Teixeira Coelho nos deixou...
Considerado o maior dos banda desenhistas portugueses, justamente o primus inter pares, confesso  com tristeza, que foi o único dos nossos grandes da BD que eu (LB) não tive o prazer de conhecer pessoalmente. Paciência!
Nasceu em Angra do Heroísmo a 4 de Janeiro de 1919 e faleceu a 31 de Maio de 2005 em Florença (Itália), onde residia.
Assinou por vezes como ET Coelho, outras apenas como ETC. No estrangeiro, chegou a assinar com o pseudónimo Martin Sièvre.
Foi ilustrador, pintor e desenhista. Estreou-se a 16 de Abril de 1936. Depois, tornou-se um dos autores fixos da revista “O Mosquito”, que deixou de se publicar em 1953 e, no ano seguinte, agastado com as limitações do regime de Salazar, emigrou: Espanha, França, Inglaterra e novamente França, onde teve também uma brilhante carreira.
Nos inícios dos anos 70, radicou-se em Itália, mas criando apenas para a França.
Em 1973 recebeu o prémio “Yellow Kid” no Salão Internacional de Lucca e, em 1986, recebeu o troféu “Mosquito Especial”.
Em 1997, foi-lhe atribuído o “Grande Troféu” do Festival Internacional da Amadora.
É ilimitado o que se pode contar da sua vida e obra, mas devido às circunstâncias e também porque não sabemos tudo, nesta sentida evocação, apenas registamos os aspectos fundamentais.
Da sua enorme bibliografia, salientamos algumas obras ou séries estreadas em Portugal: “Os Guerreiros do Lago Verde”, “Os Náufragos do Barco Sem Nome”, a trilogia das “Mouras”, a série “Falcão Negro”, “Os Doze de Inglaterra “ (uma maravilhosa obra-prima!), alguns contos de Eça de Queiroz (“A Aia”, “Suave Milagre”, “A Torre de D. Ramires”, “O Defunto” e “O Tesouro”), etc, etc.
"Falcão Negro" (in "Cavaleiro Andante"#135)
"Os Doze de Inglaterra", com texto de Raúl Correia (in "O Mosquito", 1950-51)
"O Defunto" (in "O Mosquito")
"O Suave Milagre" (in "O Mosquito")
E ainda “Fátima”, estreada em álbum pela Futura.
Capa e prancha de "Fátima" (Edições Futura, 1985)

Em Espanha: “XA-39”, “Bodas Índias”, “El Hechicero de los Matabeles”, “El Dios de la Montaña”, etc.

Em Inglaterra: “Bowmen of King Harry”, “The Story of the Sleeping Beauty” e “Knights of the Red Eagle” (nova versão de “A Torre de D. Ramires”, segundo Eça de Queiroz).
"Bowmen of King Harry" (in "Comet" #380, 1955)
No Brasil: com belas capas de Jayme Cortez, publicaram-se os contos de Eça, “nascidos” em “O Mosquito” (Portugal).
Na República de San Marino: “Marino, il Santo del Titano”.
"Marino, il Santo del Titano" (AEIP Editore, 1996)
E, finalmente em França, entre outras, as séries “Cartouche”, “Robin dos Bosques”, “Ragnar, o Viking”, “David Crockett”, “Yves, le Loup”, “Ayak, le Loup Blanc” e “Decameron”, para além de narrativas soltas como “Vasco da Gama”, “S. Francisco Xavier”, “La Traversée de l’Australie” e “Till Ulenspiegel”.
Pranchas de "Ayak, le Loup Blanc" (in "Mundo de Aventuras" #400, 1981)
Prancha de "Ragnar, le Viking: Sur la Terre des Francs" (in "Vaillant" #1065, 1965) 
Prancha de "Robin des Bois: La Torque d'Or" (in "Pif Gadjet" #1543, 1974)
Algumas das criações de ET Coelho foram também traduzidas e publicadas na Alemanha, Itália e no Líbano. E várias histórias originalmente estreadas em França, tiveram também a sua versão em português em alguns dos nossos periódicos do género.
Com alguns álbuns ou mini-álbuns que por cá se editaram (muito poucos), destacam-se os dois tomos de “Decameron”, segundo Giovanni Boccaccio, sob edição da Futura...
Capa e prancha do primeiro tomo de "Decameron" (edição Futura, 1988)
Capa e prancha do segundo tomo de "Decameron" (edição Futura, 1988)

... e os seis tomos de "O Caminho do Oriente", com texto de Raúl Correia.
As seis capas de "O Caminho do Oriente" (edição Futura, 1984)

Que mais haverá para se dizer sobre Eduardo Teixeira Coelho?... Tudo!...
A finalizar, solicitámos a mestre José Ruy, que foi grande amigo de ETC, que para aqui desse em curtas palavras um parecer que definisse o nosso evocado de hoje:
"Eduardo Teixeira Coelho produziu uma pedrada no charco no campo da ilustração narrativa, não só em Portugal. Tive o privilégio de ser o único autor português de histórias em quadrinhos a trabalhar com ele numa íntima colaboração durante muitos anos. É um artista único, com um estilo próprio e inconfundível".
LB


Capa de "ET Coelho: A Arte e a Vida" (Edições Época de Ouro, 1998)

EVOCANDO (15)... MANUELA TORRES

$
0
0
Manuela Torres (1934-2007)
Da pequena galeria das desenhistas portuguesas, já que não são em grande número, destaca-se MANUELA TORRES, que faleceu, faz hoje oito anos.
Nasceu em Lisboa a 7 de Junho de 1934 e deixou-nos na madrugada de 5 de Junho de 2007, em Mira-Sintra, onde residia com o marido e os dois filhos.
Professora, pintora e desenhista, era visita assídua, para não dizer constante, nos salões-BD da Sobreda, sempre afável, sorridente e optimista, tendo a sua última aparição aí acontecido na derradeira edição deste Salão, em 2006. Precisamente neste Salão-BD, foi homenageada na edição de 1991, em simultâneo com Carlos Alberto e o espanhol Tito.
Licenciada em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes e em Cenografia pelo Conservatório Nacional, pelos anos 50 viveu algum tempo na capital de Moçambique, onde se estreou na Banda Desenhada no vespertino “Notícias da Tarde”.
Em Portugal, colaborou para diversas publicações como “Joaninha”, “Lusitas”, “Fagulha”, “Girassol” e ainda no “Almada-BD Fanzine” e “Cadernos Sobreda-BD” e, talvez como seu derradeiro trabalho nesta Arte, no fanzine “Efeméride" #2, sob edição de Geraldes Lino.
Capas da revista "Girassol", por Manuela Torres

"Férias na Praia", in revista"Girassol"
Capa para o "Almada BD Fanzine" #4 (1990)
Pranchas de "Sobreviver", in "Almada BD Fanzine" #4 (1990)
Capa de "Cadernos Sobreda BD" #2 (1991), com desenho de Manuela Torres
"O Príncipe Valente no Século XXI", in "Efeméride" #2 (Edição Geraldes Lino),
o último trabalho de Manuela Torres
Foi com surpresa e muita tristeza que o nosso mundo bedéfilo tomou conhecimento do seu inesperado falecimento, tanto mais que quase ninguém sabia que padecia de um mal cancerígeno.
Tal como no caso de José Antunes (já aqui focado no nosso post de 27 de Março), o GBS (pelo menos o seu fundador) espera que a Junta de Freguesia de Sobreda (Almada) registe com a devida e merecida honra, o nome de Manuela Torres e o do já citado José Antunes, na toponímia sobredense. É tempo, e é de consciência digna e cultural. E de gratidão também!...
Pelo mundo da nossa BD, Manuela Torres jamais será esquecida.
LB

"Bigodi, o Gatinho Sábio", por Manuela Torres (desenho) e Maria Guedes (texto)

Pranchas de "O Ourives da Corte"
Pranchas de "A Peste"

PARABÉNS, BEJA BD!

$
0
0
Teve inauguração às 21 horas do dia 29 de Maio (e encerra a 14 de Junho) a 11.ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja. Se não é a melhor e mais positiva edição desta festa da 9.ª Arte, é mesmo uma das melhores.
Cada vez com mais prestígio nacional e internacionalmente, tudo isso se deve ao empenho absoluto de Paulo Monteiro e sua equipa, onde se inclui o grato e atento apoio da Câmara Municipal de Beja.
Com actividades variadas e diversos aspectos sedutores - a feira dos álbuns, a tasquinha, a exibição na inauguração do Grupo Coral de Beja (que vozes!)... - por aqui marcaram presença, através dos três primeiros dias, gente “de peso”, de que indicamos alguns nomes: para além dos dois coordenadores do BDBD, os desenhistas José Ruy, Artur Correia, Baptista Mendes, Luís Louro, João Amaral, Álvaro, Ricardo Cabral, Rui Pimentel, Manuel Morgado, Miguel Montenegro, Pedro Mota, entre outros, pela parte portuguesa. E também alguns responsáveis de edições: Maria José Pereira, José Freitas, Machado Dias, Geraldes Lino , João Lameiras e Rui Brito.
Dodo Nitá, em momentos diferentes, teve duas interessantes intervenções sobre a BD na e da Roménia.
A Polónia, que é “o país de honra” desta edição, esteve representada pelo argumentista e editor Pawel Timofiejuk e pelo tradutor Jakub Jankowski.
O Brasil brilhou com artistas seus, de entre eles João Spacca, Marcelo Quintanilla, Sama e Sérgio Chaves.
A França contou com o afável Stanislas. O outro francês anunciado, Ted Benoît, ficou no seu país devido a um grave problema de saúde.
Por sua vez, o belga Yslaire, com presença anunciada, não deu sinal de vida!...
Também a Espanha tem obras expostas.
Muito e muito público interessado e belo convívio entre os criadores de BD de várias gerações.
Parabéns “Beja-BD” e que venha de lá a edição de 2016!
LB
A exposição do brasileiro Spacca, à entrada do Festival
"Improvisos na Toalha de Mesa", a exposição dos esboços que Geraldes Lino há muitos anos colecciona
Entrada da exposição do francês Stanislas
Vinheta de "Volta: o Segredo do Vale das Sombras", de André Oliveira e André Caetano
"Volta: o Segredo do Vale das Sombras": sem dúvida, um grande projecto
e uma das melhores exposições do Festival.

Baptista Mendes, Artur Correia e esposa deste visitando a bela exposição de Spacca 
Muito divertidos, João Amaral, Luís Louro, Carlos Rico, Luiz Beira, Machado Dias e Spacca
Maria José Pereira num momento de convívio
Miguel Montenegro a autografar
João Amaral personalizando um livro de autógrafos
O autógrafo de João Amaral
José Ruy na entrevista conduzida por Cristina Gouveia
Dodo Nitá falou sobre "Tintin na Roménia", com Pedro Mota
Paulo Monteiro, o director do Festival, com Dodo Nitá

E VÃO TRÊS!

$
0
0
Tira de "Garfield", por Jim Davis
Logo, à “hora do chá”, o BDBD sopra as três velas do bolo.
Exacto, amigos, este nosso (e vosso) blogue festeja hoje o seu terceiro aniversário. Tem sido uma bonita caminhada com algumas angústias, muitas alegrias e o sempre saudável carinho dos visitantes.
Haja pois saúde e boa disposição para se continuar com um vibrante entusiasmo. E, neste aniversário, da parte dos coordenadores, um enorme e reconhecido abraço a todos os que nos têm apoiado e incentivado.
Luiz Beira e Carlos Rico

NOVIDADES EDITORIAIS (72)

$
0
0
TERRE PROMISE - Edição Delcourt. Argumento de Leo e Rodolphe e traço de Zoran Janjetov. “Terre Promise” é o primeiro tomo da série “Centaurus”.
O planeta Terra tornou-se impossível para a vida. A bordo de uma gigantesca “nave-mundo”, os nossos descendentes atravessam o espaço em busca de um planeta de acolhimento, que julgam existir na constelação do Centauro... Mas cuidado com as armadilhas!


LE PRIX DE LA DÉFAITE - Edição Lombard. Argumento de Juanra Fenández, traço de Mateo Guerrero e cores de Javi Montes. É o segundo tomo da série “Gloria Victis”.
O jovem Aelio prometera que jamais seguiria a profissão de seu pai, um notável auriga que morreu tragicamente numa corrida de carros. Mas, doze anos depois, por diversas circunstâncias e pressões, o jovem irá seguir esse destino...


CONQUISTADOR / IV - Edição Glénat. Argumento de Jean Dufaux, traço de Philippe Xavier e cores de Jean-Jacques Chagnaud. É precisamente, o quarto tomo da série “Conquistador”.
A obra é soberba, relatando a fúria ambiciosa dos espanhóis para dominarem o império asteca e se apoderarem do respectivo imenso tesoiro. Pelo caminho, muitas traições e crimes e também... insólitas intervenções justiceiras da Natureza...
Apesar de toda a beleza desta série, o argumento não segue a realidade dos factos históricos.


R.I.P. RIC! - Edição Lombard. Argumento de Zidrou e traço de Simon Van Liemt. O que poderia ser o 79.º tomo da série “Ric Hochet”, é, afinal, o primeiro tomo de uma nova fase de aventuras com o mesmo herói.
O argumento é ousado e interessante, mas o traço de Liemt ainda não deslumbra e, fatalmente, não nos escapamos a compará-lo, mesmo sem querer, com o do saudoso Tibet. O futuro dirá como será a evolução...


SAUVAGE - Edição Lombard. Argumento de Jean Van Hamme e Didier Alcante e traço de Francis Vallès. É o quinto tomo da série “Rani”, localizada no decorrer do século XVIII, com início em França e prosseguindo depois na então Índia Francesa.
Uma bela e agitada série que merece bons e calorosos aplausos.


ERIN - Edição Soleil. Argumento de Corbeyran e arte gráfica de Ugo Pinson. É o primeiro tomo da série “Stonehenge”.
Para quem gosta das sedutoras história e lendas dos Celtas, esta é uma forte série que vai entusiasmar os leitores. A arte de Pinson é simplesmente magnífica.
A ler e a apreciar!
LB

CIRCULAR DO CLUBE PORTUGUÊS DE BANDA DESENHADA

$
0
0
Logótipo do Clube Português de Banda Desenhada

Recebemos, através do nosso amigo Carlos Gonçalves, uma circular que nos dá conta do "renascer" do Clube Português de Banda Desenhada (CPBD), entidade que - como é sabido - teve, durante largos anos, papel activo na divulgação da 9.ª Arte, nomeadamente através do Festival BD de Lisboa (entretanto extinto) e do Boletim do CPBD (que ainda hoje edita).
Esta nova vida do CPBD - que já tem uma estratégica parceria com a Bedeteca da Amadora - promete desenvolver uma actividade muito mais regular e com iniciativas bastante interessantes. Precisa, no entanto, do apoio de todos nós, gente da BD, de forma a conseguir pôr em prática todos os objectivos a que se propõe.
Está, por isso, a lançar uma campanha de angariação de sócios que se deseja de sucesso, para que, finalmente, o Clube Português de Banda Desenhada reocupe o lugar que merece no nosso panorama bedéfilo.
Aqui fica a nota do CPBD, na íntegra:


LEILÕES DE BANDA DESENHADA, ATELIÊ DE DESENHO, EXPOSIÇÕES, COLÓQUIOS, LANÇAMENTO DE NOVAS PUBLICAÇÕES (DAS EDITORAS), CURSOS DE BANDA DESENHADA E DEBATES         

Lisboa, 24 de Maio de 2015
Amigo(a) e futuro(a) sócio(a)

Esta é a meta que se propõe atingir o Clube Português de Banda Desenhada (agora renovado). Mas para tal, o CPBD precisa de sócios(as) e da sua preciosa ajuda, pois de outro modo irá manter-se amorfo e quase sem atividade.
Ao longo destes últimos quase 40 anos, e depois de grandes sucessos a nível de exposições, tais como a dos “100 Anos de Histórias aos Quadradinhos” (que se realizou na FIL, em 1978, e se tornaria itinerante), exposições nas Belas Artes, no Fórum Picoas e no Palácio da Independência, o CPBD caiu no esquecimento de todos.
Criou Festivais, que se tornariam um marco no panorama da Banda Desenhada portuguesa, onde foram instituídos os prémios “O Mosquito”, que distinguiam pessoas que se tinham evidenciado no campo da 9.ª Arte, quer por trabalhos efetuados quer pela sua divulgação.
Hoje consegue unicamente manter a publicação do seu Boletim aperiódico, o fanzine mais antigo que se publica em Portugal. Queremos fazer mais e chegou a altura de se tornar sócio do CPBD, se ainda não o é, ou de renovar a sua assinatura se já pertencer aos seus associados.
Mercê de uma parceria com a Câmara Municipal da Amadora/Festival de Banda Desenhada e com novas instalações a serem-nos cedidas por esta edilidade, sitas na Avenida Brasil 52-A - Falagueira - Amadora, o CPBD está perante o abrir de um novo futuro, com toda as iniciativas que agora se propõe levar a bom termo. Ajude-nos a concretizá-las.
As instalações são amplas e oferecem grandes possibilidades para a concretização de qualquer evento. O comboio fica perto e brevemente serão servidas pelo Metro.
Para ser sócio(a) do CPBD a quota mensal é de € 2.00, totalizando € 24.00 anuais. Os sócios(as) que renovem a sua adesão ou se iniciem como sócios(as), pagarão este ano o valor de € 14.00 respeitantes aos últimos sete meses do ano.
Futuramente e para simplificar o sistema, poderão fazer a transferência anual da sua quotização através do Multibanco.
Se souber desta iniciativa, visite-nos na Tertúlia da Banda Desenhada que se realiza todas as primeiras terça-feiras do mês, a partir das 20h00 na Casa do Alentejo - Rua das Portas de Santo Antão - Lisboa.
Enquanto não existir endereço eletrónico do CPBD, os contactos poderão ser efetuados para:

ou por escrito para a Av.ª Duque d’Ávila n.º 26, 2.º, 1000-141 Lisboa.

Melhores cumprimentos
O CLUBE PORTUGUÊS DE BANDA DESENHADA

UMA OBRA... VÁRIOS ESTILOS (3) - BEAU GESTE

$
0
0

A Legião Estrangeira, a francesa (porque houve e talvez ainda exista a espanhola... bem mais violenta), sempre foi um fascínio e/ou um fantasma romântico da Literatura e do Cinema. Só isso, para fazer pulsar paixões de todo o género, mas sem força de qualquer verdade na crueza plena do seu autêntico realismo. É que a Legião Estrangeira é só para homens de acentuada virilidade e de coragem absoluta, pois senão...que a tal ninguém se arrisque.
Muito e muito, quase mais que as areias do deserto, se tem escrito e descrito sobre a valente Legião Estrangeira. Valente, briosa e honrosa!
Pois é por esta força de Honra e do seu conotado romantismo, que aqui nos focamos agora.
O tema de “Beau Geste” tem apaixonado assolapadamente, sobretudo escritores e cineastas, não se escapando também a outras vertentes artísticas. E pela Banda Desenhada, para além de inúmeras outras apostas, citamos apenas dois exemplos, talvez os mais conseguidos:
HENRY C. KIEFER , que desenhou para a publicação “Classics Illustrated”, depois com esta sua versão editada em português, no Brasil, na “Edição Maravilhosa” #47, em 1952.
"Beau Geste", por Henry C. Kiefer (in "Edição Maravilhosa", #47, 1952) 

FERNANDO BENTO, exímio artista da BD Portuguesa, nesta sua adaptação aprimorou-se com uma das suas criações de honra que até foi, em devido tempo, editada na Bélgica, pelo menos em edição flamenga. Em Portugal, a versão foi editada semanalmente no “Cavaleiro Andante” do #1 ao #52. Posteriormente, em 1982, surgiu em álbum, hoje esgotado, pelas extintas edições Futura. É urgente
ler ou reler esta versão-BD!
"Beau Geste", por Fernando Bento (in "Cavaleiro Andante", #1 a #52)

Rodapé:
1)  A este tema, a Legião Estrangeira e extra-Beau Geste, pela Banda Desenhada, outras duas obras importantes: “Sob Duas Bandeiras” de Ouida e grafismo de Maurice Del Buorgo (em “Obras-Primas Ilustradas” #5), e “Palo Quiri” por José Garcês, que foi publicada em “Titã” (1955), “Mundo de Aventuras” (1980) e “Jornal de Almada” (1994).
2)  Dos inúmeros livros-crónicas, salientamos duas obras de peso: “Doze Anos na Legião Estrangeira” de Sidney Tremayne e tradução de Frederico Carvalho, sob edição Livraria Clássica Editora-1936, esgotado; e “Chegar É Já em Si Bastante” de José da Câmara Leme, sob edição Bertrand-1966.
3)  Pelo Cinema e afins, pois há por aí muita fantasia para fazer facilmente sonhar, suspirar e... algumas  versões até, para fazer rir. Para ver e esquecer!

Nosso habitual agradecimento aos apoios prestados por Carlos Gonçalves e a José Manuel Vilela.
LB

NOVIDADES EDITORIAIS (73)

$
0
0
VOLTA - Edição Polvo. Argumento de André Oliveira e arte de André Caetano.
Num belíssimo preto-e-branco, “Volta: O Segredo do Vale das Sombras”, conta-nos a história de um ciclista que perdeu a memória e o rumo e vai dar a uma estranha aldeia, afastada do mundo e vivendo temores, hábitos e superstições do passado.
Uma muito estranha e muito entusiasmante narrativa.

PSICOPATOS - Edição Arcádia. Autor: Miguel Montenegro.
Foi uma grata surpresa lermos este divertido álbum de Miguel Montenegro, autor que havia “desaparecido” dos meus contactos, sabendo apenas  que se editava em
publicações da norte-americana Marvel... E tão pouco o conhecíamos na linha humorística.
Este álbum, “Psicopatos - Entre Loucos, Quem Tem Juízo É Pato”, é uma maravilhoso delírio de análise e críticas, com aspectos sarcásticos, algum non sense e tudo o mais que nos alerta e diverte.
Aconselhamos vivamente a leitura desta obra.

NE PAS CRAINDRE LA MORT - Edição Lombard. Argumento de Patrick Weber, traço de Christophe Simon e cores de Alexandre Carpentier. Aparentemente, com este terceiro tomo, termina a série “Sparte”.
Christophe Simon, que foi discípulo de mestre Jacques Martin, está cada vez mais firme no seu talento e saber de bem desenhar. O enredo de Weber, para além dos
aspectos de ficção, leva-nos a rever o que se aprendeu no liceu sobre os usos, costumes e leis da clássica Esparta.

AS BARBAS DO IMPERADOR - Edição Schwarcz. Argumento de Lilia Moritz Schwarcz e arte gráfica de Spacca (aliás, João Spacca de Oliveira).
Já há alguns anos havíamos aplaudido uma outra obra desta parceria, “D. João Carioca”. Agora, neste precioso álbum, relatam-nos a vida do segundo e último imperador do Brasil, D. Pedro II. Mas não só! Narra-nos toda uma rica e agitada História do Brasil desses tempos e a admirável personalidade do monarca, inteligente, culto e patriota.
É mais uma obra-BD cuja leitura vivamente aconselhamos... se a encontrarem à venda em Portugal. Foi apresentada ao público bedéfilo no XI Festival Internacional de BD de Beja.
LB

A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (8)

$
0
0

8) A NOVA REDAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DO JORNAL

Tive oportunidade, no artigo anterior, de descrever as peripécias e modificações na redação d’O Papagaio, e a importância da arte gráfica no resultado do trabalho de desenho iniciado no estirador.

Em 1949 foi-nos anunciado, aos colaboradores do jornal "O Papagaio", de que ia haver uma fusão de publicações no Grupo Editorial «Renascença Gráfica» e que este jornal seria integrado como suplemento na revista "Flama", que existia já.
A redação passou a funcionar na instalação da União Gráfica, Rua de Santa Marta, n.º 48, primeiro andar, em Lisboa.
"O Papagaio" perdeu a sua independência e passou a ser um destacável da revista e impresso só a preto e uma cor.
Imagens destacadas de recentes anúncios de venda na Internet, de exemplares (já raros).
A revista "Flama" ficou com 24 páginas, sendo 12 impressas pelo processo «Rotogravura» que melhor se aproxima do aspeto da fotografia, com uma sobrecarga a vermelho, em tipografia, na capa e contracapa. O resto do interior era em tipografia, com algumas páginas a duas cores, onde foi incluído "O Papagaio" que passou a ser então uma «Secção Infantil» ou um «Suplemento».
Primeiro começou por ocupar três páginas da revista e mais tarde passou a duas , uma folha para dobrar ao meio fazendo quatro páginas mais pequenas, mas a pesar de tudo com melhor arrumação para o conteúdo. Havia contos nas páginas fora do suplemento que continuaram a ser ilustrados por nós.
O diretor da revista era o jovem desportista Mário Simas, e o chefe de redação o Frei Diogo, pessoa espetacular, conhecedor do que fazia e de um valor humano invulgar.
O Carlos Cascais manteve-se como responsável pelo suplemento e também por outras secções. Desta vez tínhamos um diretor presente e a relação entre nós, os colaboradores e os dirigentes era ótima.
Tínhamos menos espaço disponível na revista, por isso o aproveitamento passou a ser mais rigoroso e equilibrado. As Histórias em Quadrinhos ficaram praticamente entregues ao Vitor Silva e a mim.
Foi nesta fase que iniciei uma série a que chamei de «Lendas Japonesas», baseada em traduções de Wenceslau de Moraes, dando largas à minha apetência pelas culturas orientais.
Como o processo gráfico se tinha alterado tivemos de nos adaptar, o que me levou a criar soluções técnicas para tirar um melhor partido do efeito, mas tendo em conta não encarecer o orçamento oficinal da revista.
A cor que se sobrepunha aos originais a traço era agora desenhada separadamente por nós e reproduzida em zincogravura para o processo tipográfico.
Eis o primeiro modelo, com a página no formato da revista e, ao lado, depois da transformação em 4 páginas, metade do tamanho.  A cor sobre o preto variava entre o vermelho, o azul, o verde ou um tom-de-mel.
A ilustração de Natal é do meu amigo Vítor Silva.
Nas cores não tínhamos possibilidade de fazer meias-tintas, pois a zincogravura era só a traço, preto e branco; para o conseguirmos precisaríamos de utilizar a «fotogravura» que era bem mais cara e que não estava previsto no orçamento da revista.
Lembrei-me então de experimentar fazer o desenho da cor sobre papel Fabriano e empregar lápis litográfico (bem negro) tirando partido do grão do papel para criar esbatidos por meio do granitado.
Mostro aqui uma das vinhetas das «Lendas», que eram desenhadas ao dobro para beneficiarem da redução. A cor era feita sobre o papel «Fabriano» sobreposto ao original e trabalhada à transparência com tinta-da-china e lápis litográfico. Depois de feita a zincogravura a impressão final ficava com o aspeto da terceira imagem, dando realmente a ilusão de esbatidos. A cor era dada na máquina na altura da impressão.
Entretanto o Mesquita dos Santos dono da «UPI», União Portuguesa de Imprensa, frequentador das tertúlias n’O Mosquito, abordou-me por causa destas «Lendas Japonesas» que estava a publicar na "Flama". Sabendo que eram feitas zincogravuras para a impressão, e que estas depois da publicação ficavam postas de parte, pois a revista não iria repetir as histórias, avançou com uma proposta singular.
Eu passaria a fazer os desenhos para a agência que me pagava o mesmo que a "Flama", e a «UPI» encarregava-se de fazer as gravuras e cedê-las à revista por um preço simbólico, um quarto do seu custo, mais o preço dos desenhos. Depois da impressão as gravuras seriam devolvidas à agência.
A partir dessas gravuras a «UPI» faria «Flans» ou moldes num material especial, uma fibra muito leve parecida com o cartão. Derretendo chumbo sobre esse molde conseguia-se o equivalente à gravura original. Essa operação era chamada de «estereotipia».
Os «Flans», devido à sua leveza, podiam ser enviados pelo correio com portes acessíveis, para jornais de África, por exemplo, destinados a novas publicações.
No destino, depois de feita a estereotipia, podiam inserir as ilustrações nas revistas e livros. Nos anos 40 a tipografia era o processo mais usado nessas paragens. Eu receberia 50% do que cada jornal pagasse. Era uma novidade, pois pela primeira vez este tipo de operação se fazia em Portugal relativamente a Histórias em Quadrinhos nacionais.
Quando o Mesquita dos Santos apresentou a proposta à "Flama" a administração mostrou-se desconfiada. Onde estaria o lucro da agência, se lhe cediam as gravuras por um preço muito abaixo do custo? Embora o Mesquita lhes explicasse o plano, custou a convencerem-se, mas venceu o facto de pouparem dinheiro. Por isso a partir de certa altura no cabeçalho das «Lendas» surgiu o nome da «UPI».
O Mesquita dos Santos enviou as propostas para jornais de África…

(Continua)



No próximo artigo: A ARTE GRÁFICA E AS ILUSTRAÇÕES

BREVES (10)

$
0
0
Os fundadores do Clube Português de Banda Desenhada (da esquerda para a direita): António Dias de Deus, José Sobral, Vasco Rivotti, Vítor Péon, Carlos Gonçalves, Jorge Magalhães e António Amaral. O último, à direita, é o jornalista Diamantino Bravo, que na altura os entrevistava (imagem retirada, com a devida vénia, do blogue do nosso amigo Jorge Magalhães, que podem consultar clicando em O Gato Alfarrabista).
O Clube Português de Banda Desenhada (CPBD) prepara-se para comemorar o seu trigésimo-nono aniversário com o habitual almoço de confraternização. As inscrições terminam na próxima sexta-feira, pelo que quem quiser comparecer neste convívio bedéfilo terá de "dar cordas aos sapatos"...

CIRCULAR DO CLUBE PORTUGUÊS DE BANDA DESENHADA
ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO

Lisboa, 22 de Junho de 2015   

Caro/a Consórcio/a:

Ao longo dos anos o Clube Português de Banda Desenhada, apesar de não ter tido grande atividade no campo da Banda Desenhada e de se ter mantido modesto nas suas diligências, conseguiu no entanto, mercê de um conjunto de meia – dúzia de sócios, que suportaram a renda da sua Sede de modo a que este tenha funcionado até hoje, devido a uma quotização mensal entre todos. Tal permitiu que o CPBD se tenha mantido atual em três situações, que nunca foram abdicadas por estes sócios. Manter a edição da revista oficial do Clube, haver reuniões quinzenais para troca de impressões e celebrar todos os anos o aniversário deste, através de um almoço de confraternização. É pois deste que iremos falar a seguir. No dia 28 deste mês, completam-se 39 anos que o CPBD, mal ou bem, tem subsistido e, como tal, há que festejar e preparar o futuro desta Associação, que será aquilo que os sócios assim o desejarem, pois ela não funcionará em pleno se não houver esforço e dedicação por parte de todos, não só através da angariação de novos sócios, como colaborando em futuras ações de desenvolvimento das suas atividades. Será pois, no dia 4 (sábado) de Julho próximo, no Restaurante Moisés, sito na Av. Duque d’Ávila, nº. 123, em Lisboa, pelas 12H30/13H00, que será celebrado o seu aniversário. Agradecemos a sua comparência e a respetiva confirmação para os telemóveis: 962645028 (Carlos Gonçalves) e 919008172 (Paulo Duarte) ou para os e-mails: davisgoncalves@sapo.ptpmsduarte@iol.pt

O CLUBE PORTUGUÊS DE BANDA DESENHADA








VALÉRIAN NO CINEMA

O realizador francês Luc Besson está a preparar uma longa metragem versando o álbum da série “Valérian”, “O Império dos Mil Planetas”, a estrear em 2017.
Os actores principais são a inglesa Cara Delevigne e o norte-americano Dane De Haan.




ANIVERSÁRIOS EM JULHO

Dia 03 : Arlindo Fagundes
Dia 10 : Juan Espallardo (espanhol)
Dia 11 : João Mascarenhas
Dia 16 : Hugues Barthe (francês)
Dia 17 : Hermann (belga)

NOVIDADES EDITORIAIS (74)

$
0
0
NAPOLÉON - Edição Lombard. Autores: Liliane e Fred Funcken.
A 18 de Junho de 1815 (fez agora 200 anos), o imperador francês Napoléon Bonaparte foi derrotado na sangrenta e heróica (para ambos os lados) Batalha de Waterloo (zona que hoje pertence à Bélgca).
Contra uma coligação de ingleses (sob o comando do Duque de Wellington), prussianos (sob o comando do general Blücher) e mais pequenas forças de outros países, Napoleão  tinha a secundá-lo generais de nomeada como Michel Ney, Pierre Cambronne e Emmanuel de Grouchy. E, se não fosse um erro estratégico de Ney e a não chegada a tempo das forças sob o comando de Grouchy, muito provavelmente, Bonaparte teria ganho a batalha...
Registando este bicentenário, as Éditions du Lombard (Bélgica) editaram um belíssimo (diríamos, magnífico) álbum integral sob o admirável talento do casal Funcken, de narrativas localizadas no período napoleónico.
Precedido antes das bd's de um extraordinário dossiê, seguem-se duas histórias de 44 pranchas (“Waterloo” e “Le Sultan de Feu”) e mais catorze curtas de quatro pranchas, finalizando com “Quand Leroy Habillait l’Empire”. Destas, onze têm argumento de Yves Duval e uma de Michel Deverchin.
Álbum de luxo e de forte registo histórico, dele se exige uma atenta e apaixonada leitura por todos os bedéfilos.


LE ROI DES CORSAIRES - Edição Glénat. Argumento de Arnaud Delalande e Erick Surcouf e grafismo de Guy Michel, assistido por Steven Cabrol.
Brilhantemente, trata-se do terceiro e penúltimo tomo da série “Surcouf”, narrando a vida e as proezas heróicas do corsário francês Robert Surcouf. E aqui também já entra em cena Napoléon Bonaparte que, ouvindo falar das heroicidades do corsário, fica seriamente interessado em conhecê-lo...
Para além de todo o empolgante enredo com História e alguma ficção, tem momentos gráficos espectaculares.


BALADÁ  EROICÁ - Edição Dodo Nitá. Argumento de Octav Pancu-Iasi e grafismo de Puiu Manu.
Um mini-álbum (por enquanto só em romeno) com um terno e misterioso enredo com a força do elegante traço a preto-e-branco de Puiu Manu, o decano dos desenhistas romenos. O seu belo traço, de certo modo, faz-nos lembrar o do nosso saudoso Fernando Bento.
Pode ser que esta obra apareça em português...


DEIXA-ME ENTRAR - Edição Polvo. Autora: Joana Afonso.
Tem a notória marca gráfica de um dos talentos femininos da nova geração da BD Portuguesa. E... muito bem!
A narrativa é, aparentemente, seca e monótona, mas isso é só aparentemente.
Toda a história é bela e, ante o “aparentemente” atrás focado, há um ponto central que raras vezes é abordado na Banda Desenhada: a solidão humana. E a sensibilidade de Joana Afonso segurou muito bem este tema.
LB

EVOCANDO (16)... JAYME CORTEZ

$
0
0
Jayme Cortez (1926-1987)
É com grata admiração que hoje evocamos o nosso desenhista Jayme Cortez, pois faleceu precisamente a 5 de Julho de 1987, em S. Paulo (Brasil), vítima de paragem cardíaca.
Nasceu no Bairro Alto (Lisboa) a 8 de Setembro de 1926, sendo então Jaime Cortez Martins, de nome.
No início de 1947 estabeleceu-se no Brasil, pais que o tem em alta consideração e no qual veio a naturalizar-se, tendo também casado com uma cidadã brasileira.
Directa ou indirectamente, foi discípulo de Eduardo Teixeira Coelho, vindo depois a criar os seus próprios e variados estilos gráficos e pictóricos. Tive (eu, LB) a glória de ter convivido com ele, se bem que efémeramente, num jantar bedéfilo em Lisboa em 1986 (a última vez que visitou a sua cidade natal).
Jayme Cortez é um caso muito especial na Banda Desenhada Portuguesa, embora, tal como seus colegas Eduardo Teixeira Coelho e Vítor Péon, tenha desandado do nosso País (só Péon tornou para entre nós vir a falecer).
Cortez começou a sua carreira de desenhista e cartunista em Portugal... aos onze anos de idade (!!) no suplemento infantil do matutino lisboeta “O Século”.
Nos inícios dos anos 40 do século passado, estreou-se em “O Mosquito”, com a história “Uma Espantosa Aventura”. Mas é no imenso e consciente Brasil que ele é considerado com respeito e admiração. Aqui desenvolveu toda a sua carreira (BD, Ilustração, Capas, Pintura, etc.), valorizando bastante as H.Q. no país onde foi adoptado.
Foi mestre de consagrados desenhistas brasileiros, como Eugenio Colonnese, Messias de Melo e Rodolfo Zalla. Chegou a colaborar com o português António Lopes Cardoso, aparentemente esquecido em Portugal e estranhamente “perdido” também pelo imenso Brasil...
Com Álvaro de Moya, Miguel Penteado e Syllas Roberg, Jayme Cortez foi um dos co-organizadores da primeira exposição internacional de Banda Desenhada do mundo, inaugurada a 18 de Junho de 1951 em São Paulo.
Colaborou nas edições do famoso Maurício de Sousa.
É autor de vários livros didácticos: “A Técnica do Desenho”, “Mestres da Ilustração”, “Manual Prático da Ilustração”, etc.
Alguns dos livros técnicos de Jayme Cortez

Foi actor em três filmes de José Mojica Martins: “Delírios de um Anormal”, “Mundo, Mercado do Sexo” e “Perversão-Estupro”.
Foi premiado pela sua carreira de desenhista no Festival de Lucca (1986 - Itália), tendo antes, em 1984, recebido o Prémio Ângelo Agostini (Brasil).
E é neste mesmo Brasil que é criado o “Troféu Jayme Cortez” para determinados e honrosos fins.
Salientam-se ainda as admiráveis capas que Jayme Cortez elaborou para os fascículos ou mini-álbuns, publicados no Brasil, versando as séries-BD “Oscarito e Grande Otelo” e “Mazzaropi”...
Capas de "Oscarito e Grande Otelo" e "Mazzaropi"

...e as edições locais dos textos de Eça de Queiroz adaptados por Eduardo Teixeira Coelho.
Capas de "A Torre de D. Ramires" e de "O Tesouro" (in "Aventuras Heróicas", Edições La Selva)

Da sua curta obra criada em Portugal, sobretudo para o público juvenil, salientam-se “Uma Espantosa Aventura”, “O Vale da Morte”, “Os Dois Amigos na Cidade dos Monstros Marinhos” e “Os Espíritos Assassinos” (esta, reeditada nos “Cadernos de Banda Desenhada” #2, em Março de 1987).
Prancha de "Os 2 Amigos na Cidade dos Monstros Marinhos"

No Brasil, da sua extraordinária carreira, demarcam-se as suas duas primeiras histórias, “O Guarani” e “Caça aos Tubarões”.
Depois, Cortez avançou muito no seu estilo e aprofundou-se notavelmente em temas do insólito e do terror, donde obras como “Zodíaco”, “O Retrato do Mal”, etc, até “Saga do Terror”, publicado postumamente pela Editora Martins Fontes.
Primeira prancha de "O Retrato do Mal"
Prancha final de "O Retrato do Mal"
Que o mundo bedéfilo português não esqueça também este grande valor que foi (e é) Jayme Cortez.
LB


Pranchas de "Os Seis Terríveis" (in "O Mosquito")

Capa e pranchas de "Os Espíritos Assassinos", in "Cadernos de Banda Desenhada" (1987)
Capa para "O Defunto" (in "Aventuras Heróicas"#7 , Edições La Selva)
Capa para "A Aia" (in "Aventuras Heróicas" #10 , Edições La Selva)
Capa para a revista "Capitão Radar" 
Capa para "Almanaque de o Terror Negro"
Capa para a revista "Os 3 Patetas" (Edição Seleções Juvenis)

Capa para o álbum "Zodíaco"
Da esquerda para a direita: António Barata, José Abrantes, Jayme Cortez, José Ruy, Luiz Beira e Differ
(na última vez que Jayme Cortez esteve em Portugal, em 1986)

NOVIDADES EDITORIAIS (75)

$
0
0
LA PALETTE ET L’ÉPÉE - Edição Glénat. Autor: Milo Manara. “La Palette et l’Épée” é o título do primeiro tomo da série  “Le Caravage”.
Michelangelo Merisi, dito Caravaggio (nome da localidade onde nasceu e que ele adoptou como nome artístico), nasceu a 29 de Setembro de 1571 e faleceu a 16 de Julho de 1610. Há versões que dizem que ele foi assassinado...
Vivendo de um modo febril para a sua Pintura, revolucionou esta arte, para além de ter sido um constante ser dado a diversos amores, paródias boémias e brigas. Mas isso é outra história!
Milo Manara, admirador absoluto da arte deste pintor seu compatriota, entregou-se a sério a fazer a sua biografia através da Banda Desenhada. O primeiro tomo, de dois, já está disponível e encanta-nos completamente. A ler!


LA PRISONNIÈRE DE L’ARCHANGE - Edição Casterman. O desenhista Olivier Pâques e Bernard Drion, prosseguem a série “Loïs”, inaugurada por mestre Jacques Martin, donde este sétimo tomo, “La Prisonnière de l’Archange”.
Marie-Anne de Bourbon, a filha favorita de Louis XIV de França, é raptada por um grupo (o “Arcanjo”) de conspiradores que querem derrubar o monarca e instaurar a república. O destemido Loïs Lorcey é encarregado pelo rei de França de salvar a princesa e pôr tudo nos eixos...


MODESTE ET POMPON, L’INTÉGRALE - Edição Lombard. Autor: André Franquin, com algumas pranchas com argumentos de Greg, Goscinny, etc.
São cerca de cem pranchas de “Modeste e Pompon”, desenhadas por mestre André Franquin, reunidas num álbum integral e bem divertido.
Bem mais tarde, Franquin convidou o seu colega italiano Dino Attanasio (a residir em Bruxelas) para prosseguir esta série. No entanto, as pranchas por Attanasio não fazem parte deste volume.
Este integral de “Modeste e Pompon”, pela arte de Franquin, é um álbum que aconselhamos, sobretudo para se ler paulatinamente e com muitos risos, por este tempo de altos calores.


LA CHUTE DU REICH - Edição Casterman. Seguindo a ideia inicial de Jacques Martin, Olivier Weiberg e Yves Plateau, prosseguem a série “Les Reportages de Lefranc”, donde este quarto tomo.
É um álbum-documento, bem precioso, com textos, fotografias e cuidadas ilustrações, relatando e registando a queda da Alemanha de Hitler, precisamente os momentos decorridos em 1945.
LB

HERÓIS INESQUECÍVEIS (37) - O PONTO

$
0
0

A 29 de Agosto de 1951, no n.º 852 da saudosíssima revista “Diabrete”, aconteceu um estoiro maravilhoso: o nascimento do herói-BD, O Ponto!...
Pela “estranja”, nada constava de semelhante. Por cá, foi uma firme e encantadora sacudidela na “modorrinha nacional” (como diria Fialho de Almeida), tanto nos leitores como no seio dos nossos desenhistas de então.
Treze pranchas, do n.º 852 ao n.º 864 da já citada revista “Diabrete”, encantaram-nos e divertiram-nos com a história “Loja de Bonecos” ou “O Mistério do Cofre Sarapintado”... 
Pranchas de "Loja de Bonecos", in "Diabrete"(1951)

Foi a loucura das loucuras pela mestria da arte e do humor non sense de mestre Fernandes Silva (1931-2010). Não havia nada que se parecesse pela Banda Desenhada, mormente na nossa, na portuguesa... Era uma incrível narrativa “disparatada” e encantadora!
O herói?... Simplesmente, “O Ponto, o Detective Sem Rosto”.
Pois ele é atrevido e desastrado, pequenino, com uma enorme cabeça (lembrando um aumentado ovo de avestruz), sem qualquer traço no rosto, mas tendo como adereços, o chapéuzito e o clássico cachimbo, que era típico na época em todos os detectives. Só um talento extraordinário como foi (e é) Fernandes Silva teria e teve a deliciosa “loucura” de inventar O Ponto. Na verdade, uma maravilha!...
Ainda nesse 1951, o “Diabrete” publicou a segunda aventura de O Ponto, do n.º 875 ao n.º 887, com o título “Novas Aventuras Por Causa de Uma Talhada de Melão”. Mais tarde, em 1992, com total e amiga autorização do autor, esta narrativa foi publicada no n.º 8 dos “Cadernos Sobreda-BD”.
Pranchas de "Novas Aventuras por Causa de Uma Talhada de Melão", in "Diabrete" (1951)

Depois... depois, só por 1955, agora na revista “Flecha”, apareceu a terceira e tão esperada aventura de O Ponto, intitulada “O Ponto, Detective Privado”.
Durou do n.º 12 ao n.º 37. Mas, desoladoramente para os bedéfilos, ficou incompleta pois a revista finou-se subitamente e o nosso desenhista, desiludido, desinteressou-se... Que pena!
Pranchas de "O Ponto, Detective Privado", in "Flecha" (1955)

De qualquer modo, a revista “Flecha” maltratou quanto baste a publicação desta aventura: começou por prancha/página e passou a tiras mesquinhas em rodapé. Incrível atentado!...
O Ponto, será levianamente apelidado de anti-herói. Mas os anti-heróis não são também heróis?... De qualquer modo, é um marco indelével na BD Portuguesa.
Obrigado, Fernandes Silva!
LB

Capas de "Almada BD Fanzine" #6 (1991) e "Cadernos Sobreda BD" #8 (1992),
publicações onde O Ponto foi personagem em destaque.

NOVIDADES EDITORIAIS (76)

$
0
0
LA PARODIE - Edição Lombard. Autor: Michel Rodrigue, com uma breve apresentação por Jean Dufaux.
É uma loucura! Uma verdadeira bomba de paródia atravessando o panorama da Banda Desenhada. Começa logo pela capa, “inspirada” na do álbum “La Zizanie” (A Zaragata) da série “Astérix”... Em cheio!
Depois, num rodar sem freios de situações bem divertidas, surgem heróis famosos, muito bem caricaturados, dos quais se salientam aqui alguns (apenas alguns) deles: Thorgal, Robin dos Bosques, XIII, Enak, Alix, Panoramix, Prof.Tournesol, Darth Vader, Philémon, Blacksade, Prof. Mortimer, Cap. Blake, Corto Maltese, Michel Vaillant, Niklos Koda, Lucky Luke, etc, etc. E nesta balbúrdia andam todos à
procura de uma “coisa” especial chamada... CIVILIZAÇÃO!
E mais não contamos. Leiam e alegrem-se com esta obra.

L’OFFRANDE - Edição Delcourt. Autor: Benoit Roels.
“L’Offrande” é o primeiro tomo da série “L’Ombre Inca”.
Lea é uma adolescente de origem peruana. Reside em França, nos subúrbios da cidade de Lyon, sem amigos e apenas com a sua mãe adoptiva. De repente, começa a sonhar todas a noites com uma rapariga que se parece com ela, que vagueia pelos Andes e que lhe fala numa língua que não entende... Trata-se de uma jovem quéchua (incorrectamente dita, inca) do século XVI, cuja alma errante terá entrado na sua cabeça...
Dois destinos absolutamente ligados?

COMBATTANS - Edição Casterman. Autor: Hugues Micol.
“Combattans” é o primeiro tomo da série “Le Printemps Humain”, numa bizarra ficção futurista, com o nosso planeta dominado por forças extraterrestres.
A Terra ultrajada? A Terra quebrada? A Terra martirizada... mas a Terra libertada?
Com subentendidas analogias sócio-políticas de uma Terra mais ou menos do presente, o tema desta série entusiasma fortemente ante as situações que expõe.
Obra muito interessante.

O ÁRABE DO FUTURO / 1 - Edição Teorema. Autor: Riad Sattouf.
Autor francês, nascido em Paris a 5 de Maio de 1978, Riad Sattouf é filho de mãe francesa e de pai sírio. Passou parte da sua infância na Líbia e na Síria. Seu pai, que tinha um fascínio pelo culto pelos ditadores árabes (general Kadafi, presidente Hafez Al-Assad, etc), educou-o à muçulmana, mas...
Autor de BD e cineasta, com prémios recebidos por estas duas vertentes, Riad foi durante dez anos colaborador da revista “Charlie Hebdo”.
“O Árabe do Futuro”, que será uma trilogia (já saiu em França o 2.º tomo), tem sido obra muito aplaudida e com direitos de tradução para dezasseis idiomas,incluindo o árabe.
A obra que  é uma maravilhosa autobiografia, plena de uma subtil e arrasadora ironia, encanta-nos em cheio. E merece bem calorosos aplausos, sobretudo porque já tem o primeiro tomo em português.
Como sugere a crítica de uma publicação francófona: "Vivam os dois próximos volumes!"
LB

A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (9)

$
0
0

9) A ARTE GRÁFICA E AS ILUSTRAÇÕES

Deixei claro no artigo anterior as alterações profundas realizadas na redação d’O Papagaio, e também no aspeto do jornal que passou a ser um suplemento da revista «Flama» do mesmo grupo editorial, «Renascença Gráfica». 

Embora o processo que apresentei no artigo anterior, de usar papel «Fabriano» e lápis litográfico para fazer a cor sobre os desenhos, de modo que resultasse com o aspeto de meias-tintas, mesmo em zincogravura, pensei arranjar um outro mais prático e que pudesse também ser utilizado facilmente pelos colegas. Pedi para que na União Gráfica fizessem uma zincogravura de uma trama, como se pode ver na imagem, e tirassem provas de prelo em papel acetinado mas fino. As provas tinham o formato das tiras dos nossos originais que executávamos em tamanho grande. O ponto desta trama reduziria conjuntamente com o desenho dando então uma tonalidade cerca de 30% da intensidade da cor forte.
Sobre os originais a traço depois de desenhados a tinta-da-china sobrepunha essas tiras, e à transparência, tapava com guacho branco as zonas que queria ficassem brancas, sem trama, e com tinta-da-china pintava o que desejava ficasse em cor forte. Veja-se o exemplo em baixo, os desenhos do traço e da cor, prontos a serem reproduzidos em zincogravura.

Quando os desenhos eram reduzidos para o tamanho em que iam ser impressos na revista, a trama apertava, apresentando à vista o aspeto de meio-tom como se pode observar em baixo, à esquerda.
Em cima à esquerda a ilustração no tamanho em que foi impressa n’O Papagaio.
À direita uma ilustração do Vítor Silva mostrando como usou estas tiras de papel impresso com a trama. A imagem está no formato do original, antes da redução.
Exemplo das Histórias em Quadrinhos do Vítor Silva com a aplicação deste processo. À direita uma das vinhetas antes da redução, para se poder ver o ponto a olho nu, sem auxílio de lupa. Desta forma as reproduções mantinham-se em zincogravura, não obtendo esbatidos mas conseguindo uma meia-tinta uniforme e sem ser preciso usar «fotogravuras» que eram mais caras.
Mas foi apenas o Vítor Silva quem também utilizou este meu processo, pois sendo igualmente um profissional gráfico reconheceu a vantagem da inovação. A arte gráfica tem em tudo o que fazemos para reproduzir, uma notória importância no efeito que pretendemos conseguir no final do trabalho, ao ser impresso.
Esta nova redação d’O Papagaio/Flama passou a ter outra vida, com mais movimento, com a presença de outros colaboradores da revista mãe, e entre eles destaco o Neves de Sousa, um jovem a formar-se em jornalismo, muito magro (sublinho isto porque depois deitou muito corpo) e que estava sempre com pressa, a correr de um lado para o outro. Simpaticamente o Carlos Cascais alcunhou-o de «Ventoinha». Ele sabia mas não se importava e até achava graça. Criei então uma personagem com esse nome, que entrou em algumas histórias publicadas n’O Papagaio.
Esta personagem «Ventoinha» representava um jovem jornalista que sofria toda a espécie de azares. Por exemplo, quando ia ver o resultado das fotografias tiradas, verificava que se tinha esquecido de meter o rolo na máquina, e coisas assim.
Nessa altura publiquei uma série de pequenas histórias em que o cenário escolhido foi o território português.
Continuávamos, os colaboradores, sem ter qualquer imposição de temas nem alteração ao que apresentávamos. O clima era saudável e gostavam do nosso trabalho pois íamos evoluindo. O Carlos Cascais, poeta e escritor, colaborava com poemas e contos que ilustrávamos.
A última história dessa série que publiquei foi um pouco mais longa do que as outras, e viria a ser mesmo a derradeira neste suplemento.
Foi com o semblante fechado que o Carlos Cascais, num dia triste, nos transmitiu uma notícia que recebera da administração: tinham decidido acabar com o suplemento infantil. Achavam que não se justificava mantê-lo pois não tinham qualquer indício de interesse vindo do público.
Era natural, uma vez que não havia uma secção de correio dos leitores dando-lhes a possibilidade de colocarem questões, justificando respostas e estabelecendo o diálogo.
Estávamos no início da década de 50 do século XX quando «O Papagaio» deixou de «palrar». Dizia-nos o Frei Diogo depois dessa decisão que não tinham recebido uma única carta a perguntar o motivo de terem acabado com o suplemento, nem a demonstrar terem sentido a sua falta. O Vítor Silva ainda se manteve algum tempo a ilustrar contos e novelas para a "Flama".

(Continua)

No próximo artigo: A REDAÇÃO DE "O CAVALEIRO ANDANTE"

BREVES (11)

$
0
0

VIRIATO NA BD
Continua a decorrer em Moura, até 2 de Agosto, a exposição "Viriato na Banda Desenhada", uma co-produção entre a Câmara Municipal de Moura e o Gicav, com a colaboração da Câmara Municipal de Viseu, da Junta de Freguesia de Viseu, do Instituto Português do Desporto e Juventude e do Pólo de Moura da Inovinter.
A mostra, comissariada por Luiz Beira, tem trabalhos de autores portugueses e espanhóis. 
Após o encerramento, a exposição segue para Viseu, onde a 30 de Agosto abrirá portas durante a Feira de São Mateus sendo, em simultâneo, lançado o álbum "Viriato", de José Garcês, reedição de uma história publicada entre 1952 e 1953 no "Cavaleiro Andante".



CASEMATE / 83 
A revista francófona “Casemate”, mensal por hábito, neste n.º 83 aposta nos meses de Julho e Agosto. Traz um belo recheio de assuntos de muito agrado. Indicam-se alguns deles em destaque:
- a entrevista com Riad Sattouff
- o dossiê Sfar e o seu “gato do Rabino”
- a entrevista com Elsa Charretier e Pierrick Collinet em “Arautos da Causa Homo” (Hérauts de la Cause Homo), onde chamam os bois pelos nomes com toda a frontalidade
- anúncio do 27.º Festival BD Solliès-Ville (região francesa de Provence), de 28 a 30 de Agosto. Entre muitos  autores, estarão presentes : Baru, Boucq, Cestac, Cosey, Dany, Loustal, Enrico Marini, etc. Contactos: alien@wanadoo.fr ou www.festivalbd.com








RIC HOCHET... Pois!
A parceria edições Asa e jornal “Público”, tem estado a publicar às quartas-feiras uma breve dose (serão doze no total) de álbuns da série “Ric Hochet”. Muitas da aventuras indicadas eram (são) inéditas em Portugal.
O último tomo, “O Puzzle Mortal” sairá a 19 de Agosto.



Manuel Mestre (terceiro a contar da esquerda), durante a sessão de homenagens do Moura BD 1995.
FALECEU MANUEL MESTRE 
No passado dia 7 de Julho, faleceu o Eng.º Manuel Mestre, antigo Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Moura, entre 1989 e 1997, e o primeiro a apostar no Salão Moura BD (realizaram-se nos seus mandatos seis das primeiras sete edições e foram publicados o álbum "A Moura Salúquia", de Carlos Rico, e o catálogo "Humoristas Alentejanos", de Osvaldo de Sousa). 
Pessoa afável e de trato fácil, Manuel Mestre tinha 65 anos e faleceu no Hospital da Luz, em Lisboa, vítima de doença prolongada.
LB

ENTREVISTAS (19) - LUÍS AFONSO

$
0
0

Luís Afonso (Foto: Miguel Madeira)
Luís Afonso é um dos mais reconhecidos cartunistas portugueses da actualidade.
Nasceu em Aljustrel, em 1965, estudou em Lisboa mas reside em Serpa.
Depois de formar-se em Geografia, abdicou da carreira de docente para se dedicar por inteiro à publicação de cartunes e tiras BD na imprensa.
A partir daí, nunca mais parou de produzir "bonecos", em jornais e revistas como o Diário, Diário do Alentejo, A Bola, Público, Público Magazine, Grande Reportagem, Sol ou Jornal de Negócios, até ultrapassar os 20.000 cartunes publicados!
Apesar deste número astronómico, todos sabemos que a qualidade do seu trabalho não esmoreceu. Pelo contrário. Parece que, cada dia que passa, reforça o seu estatuto, deixando provavelmente a Sr.ª Merkel a pensar com os seus botões: "Este tipo é tão produtivo que até parece alemão!"
Em compensação, muitos portugueses pensarão: "Este tipo é tão produtivo que nem parece alentejano!"
Desafiá-mo-lo para uma entrevista, sem pressas e sem qualquer compromisso quanto a datas para nos dar as respostas. Não por ele ser alentejano, claro, mas de modo a deixa-lo à vontade e não prejudicarmos o seu plano de trabalho diário.
A verdade é que, apenas duas semanas depois, aqui está a entrevista do Luís Afonso. Fresquinha, portanto, para combater o calor que se faz sentir.
Aproveitem-na bem.


BDBD - Tens o curso de geógrafo mas ganhas a vida a fazer cartunes e tiras de Banda Desenhada. Como surgiu esta "mudança de direcção" na tua carreira?
Luís Afonso (LA) - Aconteceu por acaso. Sempre desenhei as minhas histórias de BD, mas como hobby. No primeiro ano de faculdade, em 1984, publiquei uma BD num suplemento de um jornal. Quando lá fui buscar as pranchas originais, no princípio de 1985, perguntaram-me se não queria fazer um cartune semanal, coisa que eu nunca tinha pensado, eu nem ligava muito a cartunes, confesso. Experimentei e desde essa altura nunca mais parei.

BDBD - Quando é que sentiste que, verdadeiramente, eras um cartunista e que era isso que querias fazer na vida? Foi um sentimento que te acompanhou logo que publicaste os primeiros desenhos ou foi aparecendo gradualmente, até encetares a tempo inteiro por essa actividade?
LA - Talvez só me tenha sentido verdadeiramente cartunista quando percebi que tinha de optar entre dar aulas de Geografia e trabalhar a tempo inteiro nos cartunes. Foi em 1993, quando comecei no Público. Como já colaborava n’ A Bola e na Grande Reportagem, começaram a ser coisas a mais, porque a profissão de professor é muito desgastante com as aulas, a preparação das aulas, a correcção dos testes, as inúmeras reuniões de professores, do Conselho Pedagógico, etc, etc. Ainda consegui conciliar dois anos, mas abandonei o ensino em 1995. Fiquei com pena, mas vou matando saudades quando me convidam para ir a escolas.

BDBD - Quem opta por fazer cartune tem sempre algumas referências que o acompanham para sempre. Quem foram, ou são, os cartunistas que mais admiras, que te despertaram o “bichinho” e te fizeram pensar em seguir-lhes os passos?
LA - Como te respondi atrás, comecei a fazer cartunes por acaso, sem estar ligado minimamente a esta área. Portanto, para o melhor e para o pior, comecei sem referências nenhumas. Conhecia o que toda a gente conhecia: a Mafalda, os Peanuts, o Mordillo, mais nada. Em Portugal só conhecia o Sam, do "Guarda Ricardo", porque na minha terra (Aljustrel) ia todos os dias a uma sociedade recreativa que tinha o Diário de Notícias na sala de leitura. E eu lia o Sam, mas sem me passar pela cabeça vir a fazer aquilo no futuro. Conheci-o mais tarde e, já numa perspectiva de jovem cartunista, admirava bastante o seu trabalho. Foi sem dúvida quem mais me marcou, sobretudo pela arte de fazer cartunes com a prevalência do texto. Foi uma grande responsabilidade ocupar o lugar que ele deixou no Público.

BDBD - Como te surgem as ideias para os cartunes? É algo que nasce espontaneamente ou requer da tua parte muito tempo de pesquisa e de concentração?
LA - Depende dos casos. Tanto me pode surgir uma ideia de repente como ter de andar um dia inteiro a pesquisar notícias na net para trabalhar. Mas a actualidade é tão fervilhante que às vezes tenho mais trabalho a decidir sobre qual a ideia que vou utilizar no cartune do que propriamente a encontrar uma.

BDBD - Qual foi o projecto, ou a série, em que trabalhaste que mais prazer te deu até hoje?
LA - É difícil dizer qual foi o projecto/série que me deu ou dá mais prazer, de uma forma ou de outra tenho tido prazer nos vários projectos e séries em que tenho trabalhado. Desde o Barba e Cabelo, com o qual consegui pôr uma tira diária sobre desporto/futebol na imprensa, o que não era nada comum na imprensa desportiva, e que já tem mais de 25 anos...
"Barba e Cabelo", in jornal "A Bola"

...passando pelo Bartoon (que continua a ser um desafio estimulante todos os dias, desde 1993)...
"Bartoon", in jornal "Público"

...até à tira SA (2003), no Jornal de Negócios, que me permitiu entrar a fundo no mundo da Economia e Finanças numa altura em que o Mundo tem atravessado a maior crise económica e financeira dos últimos cem anos. 
"SA", in "Jornal de Negócios"

...E há os outros projectos, como o Lopes, o escritor pós-moderno,  que começou na Grande Reportagem em 1991...
"Lopes, Escritor Pós-Moderno", in"Grande Reportagem"

...a série de animação A Mosca, que foi transmitida durante seis meses na RTP 1, em 2014... 

...ou a tira RIbanho para o Diário do Alentejo, em que eu fiz os textos e tu os desenhos durante cerca de 10 anos, até 2012.
"RIbanho", in"Diário do Alentejo"

BDBD - Tens algum tema que nunca tenhas trabalhado em que gostasses de pegar?
LA - Assim de repente, não me ocorre nada. Se calhar até já peguei em coisas a mais.

BDBD - Disseste-me um dia que gostas mais de escrever do que desenhar. No entanto, só tens um livro publicado (“O Comboio das Cinco”). Tudo o mais (e não é pouco) são argumentos para cartunes, tiras ou pequenas bandas desenhadas de poucas pranchas. Porquê?
LA - Já acabei um segundo livro só de texto. São seis contos e, em princípio, será lançado ainda antes do fim do ano pela Abysmo, que já me editou “O Comboio das Cinco”.  E já estou com mais projectos a esse nível. Como sabes, e tu tens conhecimento directo, cada vez me dá mais gozo escrever.

BDBD - Como se conseguem fazer dois ou três cartunes por dia, sete dias por semana, durante anos a fio? Isso não é viver em permanente "stress"?  Deve haver alturas em que estejas, porventura, sem inspiração, ou de férias, ou ocupado com qualquer imprevisto que possa surgir, ou por outra razão qualquer, e não te surjam ideias facilmente… Como resolves essas situações?
LA - Tenho de trabalhar todos os dias. Dantes ainda arriscava fazer meia dúzia de cartunes adiantados para ir passar uns dias de férias, mas não dá resultado: a actualidade é frenética de mais e não tem contemplações com atrasos na abordagem dos acontecimentos. Percebi que era pior retomar o trabalho do que continuar a fazê-lo, mesmo de “férias”. Assumi que trabalho todos os dias e não deixo de sair por isso. A minha família habituou-se a que eu trabalhe todos os dias. Felizmente a tecnologia actual permite-me fazer isso, consigo ler a informação e enviar os cartunes de qualquer parte.

BDBD - Tens ideia (ainda que por alto) de quantos cartunes já publicaste até hoje?
LA - De certeza mais de 20.000, talvez 25.000.

BDBD - Há alguns anos, dizias numa entrevista que esta actividade é muito desgastante e que o cartunista consome muita energia enquanto pensa e realiza o seu trabalho. Consegues ver-te, daqui por vinte anos, a fazer o mesmo que fazes hoje - dois ou três cartunes por dia - ou sentes que, com o tempo, terás, irremediavelmente, que abrandar o teu ritmo?
LA - Sinto que não devo fazer previsões porque podem falhar. Assim como as dos economistas. Mas ver-me vivo daqui por vinte anos já não era mau.

BDBD - Como vês a situação actual do cartune de imprensa em Portugal?
LA - A situação mantém-se tristemente estável. Somos praticamente os mesmos de sempre. É pena não haver espaço na imprensa para aparecerem novos nomes.

BDBD - A que achas que isso se deve?
LA - Há dois motivos, um interno e que vem de trás, outro externo e mais recente. O primeiro tem a ver com o facto de os jornais portugueses nunca terem tido a tradição de manter nas suas páginas vários cartunistas em simultâneo, ao contrário do que se passa noutros países. Tu pegas num grande jornal francês, inglês, norte-americano, brasileiro ou espanhol e encontras vários autores a coexistir, cada um com o seu estilo. Estar lá um não impede que estejam outros, como estar um colunista não impede que estejam outros. Aqui em Portugal há no máximo dois cartunistas por jornal. É o caso, por exemplo, de A Bola. Estou lá eu e o Ricardo Galvão. Ele mais virado para a caricatura e cartunes puramente gráficos, eu dedicado às tiras/cartunes onde predominam as palavras. Dois estilos completamente distintos e compatíveis. Mas o Ricardo não faz todos os dias e nos países que referi há vários cartunes por jornal todos os dias, portanto são realidades que nem se aproximam. Em tempos defendi a ideia de que os prémios para cartunes, em vez de servirem só para premiar os consagrados (eu fartei-me deles, deixei de participar já há uma dúzia de anos e mesmo assim tenho uma gaveta cheia de estatuetas horrorosas que não mostro a ninguém) deveriam apostar na revelação e publicação de novos talentos. O prémio pecuniário, em vez de se destinar a um veterano, serviria para manter um espaço semanal (ou diário, se o dinheiro fosse suficiente) num ou mais jornais para publicar novos autores. Desses, os que se destacassem poderiam ser convidados a trabalhar nesses jornais. Era uma forma de deixar que o talento aparecesse (porque ele existe, só que não tem espaço para se mostrar). Quanto ao outro motivo, o externo, é a crise que a imprensa atravessa, com o aparecimento da informação gratuita na internet, ainda por cima agudizada pela crise económica, o que faz com que, mesmo que o primeiro motivo não existisse, fosse difícil para os jornais contratarem mais autores.

BDBD - Que conselho dás a um jovem que queira iniciar-se nesta  carreira?
LA - Que pense duas vezes antes de se iniciar. Não, três.
CR 


"Histórias Invertebradas", in "Público Magazine"
"Barba e Cabelo", in jornal "A Bola"
"SA", in "Jornal de Negócios"
"Bartoon", in jornal "Público"
"Humor Ardente", in jornal "A Bola"
"Lopes, Escritor Pós-Moderno", in "Grande Reportagem"
"Lopes, Escritor Pós-Moderno", in "Grande Reportagem"
"O Sol aos Quadradinhos", in jornal "Sol"

UMA OBRA... VÁRIOS ESTILOS (4) - SCARAMOUCHE

$
0
0
É no trágico ambiente feroz da Revolução Francesa que Rafael Sabatini coloca a acção da sua bela e aplaudida novela “Scaramouche”, plena de romantismo e de aventuras com vários momentos de duelos à espada.
Rafael Sabatini nasceu a 29 de Abril de 1875 em Iesi (Itália) e faleceu a 13 de Fevereiro de 1950 em Adelboden (Suíça). De origem italiana, tinha também a nacionalidade inglesa e daí que seja “usurpado” pelos intelectuais de ambos os países.
Na sua bibliografia, salientam-se títulos como “The Lovers of Yvonne”, “The Lion’s Skin”, “The Sea Hawk”, “The Romantic Prince”, “The Black Swan “ e “The Lost King”, havendo dois romances de aventuras que se colocam no topo dos seus escritos, “Capitão Blood” e, sobretudo, “Scaramouche”.
Pela Banda Desenhada, “Scaramouche” tem quatro (no mínimo) registos de monta, a saber:

HENRY C. KIEFER - para os “Classics Illustrated”, depois com edição em português no Brasil, na “Edição Maravilhosa” #50 (1952).
Capa e pranchas de "Scaramouche", por Henry C. Kiefer, in "Edição Extra Maravilhosa"#50 (1952)

FRANÇOIS CRAENHALS - este saudoso desenhista belga adaptou, numa curta, a versão cinematográfica de George Sidney, que foi publicada em português no “Cavaleiro Andante” #110, em Fevereiro de 1954.
Pranchas de "Scaramouche", por François Craenhals, in "Cavaleiro Andante" #110 (1954)

FERNANDO BENTO - este português e nosso desenhista de honra criou a sua versão de “Scaramouche” para o “Cavaleiro Andante” do #395 ao #425 (1959-1960), que ainda não foi recuperada em álbum (?!).
Capa e pranchas de "Scaramouche", por Fernando Bento, in "Cavaleiro Andante" (1959-60)

DOUG HANSEN - ilustrador norte-americano, realizou, nos anos 70, uma adaptação algo livre desta obra.
Pranchas de "Scaramouche, the Greatest Swordsman in all the France",
 por Doug Hansen (1978)

Rodapé: Há versões para o Cinema e a Televisão, realizadas em 1923, 1952, 1956 e 1976, sabe-se lá com que “aproximações” dignas do romance original de Sabatini!...

Registamos o nosso agradecimento ao apoio prestado por Carlos Gonçalves.
LB
Viewing all 858 articles
Browse latest View live