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Channel: BDBD - Blogue De Banda Desenhada
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NOVIDADES EDITORIAIS (80)

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JIM DEL MÓNACO / Especial - Edição Asa /Leya. Argumento de Tozé Simões, arte de Luís Louro e prefácio de Rui Zink.
Bravo, bravíssimo, bravo!...
O admiradíssimo herói Jim del Mónaco (bem como a sua exuberante e sensualona noiva Gina, o astuto servidor Tião e o vilão Aristides) festejam trinta anos em 2015. E parabéns por esta gloriosa efeméride!
Ei-los que são magnificamente “ressuscitados” (tal e qual e acertadamente não envelhecidos) num álbum especial com quatro novas aventuras: “Stalking Dead”, “As Bordabundas”, “O Cemitério dos Elefantes” e “O Macaco de Bili”.
Que maravilha!... Só se fica com pena quando a leitura do álbum chega ao fim...
Mas este tomo tem mais tentadoras “coisas” para além das quatro narrativas e do prefácio de Zink e, de entre elas, que Louro aplicou as cores com o apoio do computador; e, na terceira história, encontramos o humorista Nuno Markl a servir de modelo a um dos personagens. Um delírio!
Por mil e uma razões e mais alguma, é bem obrigatório ler-se este álbum, sendo também mais do que obrigatório que Louro e Simões não “matem” pela segunda vez esta série, bem portuguesa e nossa. Vamos a isso?


BAGDAD INC. - Edição Lombard, na colecção “Troisième Vague”, que aqui se inicia no modelo “álbum único”. Autores: argumento de Stephen Desberg e traço de Thomas Legrain.
Não se perdoa aqui a paranóia do ex-presidente dos EUA, George W. Bush, no seu capricho em inventar as armas de destruição massiva (que não existiam) de Sadam Hussein, só para disfarçar a sua voraz cobiça pelo petróleo iraquiano.
E depois, tudo descamba num ambiente escaldante e destruidor pelos imensos mercenários, agora chamados de forças de segurança privada, a soldo de uma cambada de gente poderosa que se rivaliza e que a todo o custo quer dominar e sugar as riquezas do Iraque. E neste conflito infernal, está uma incorruptível advogada (Chalene Van Evera) aliada a um não vendável “mercenário” (Jackson Baines) para acertarem contas com um fanático assassino em série, fugido e banido do seu país de origem, a República Sul-Africana...
Um argumento denunciante e sem medo e uma arte de pleno agrado.
Uma obra a ler, segurando os nervos!


SOUS LE SOLEIL DE MINUIT - Edição Casterman. Autores: o argumentista Juan Diaz Canales, com a arte de Rúben Pellejero.
É o 13.º tomo da série criada pelo saudoso mestre italiano Hugo Pratt. E é também, o triunfal regresso de Corto Maltese, agora “trabalhado” fielmente e com todo o cuidado , tanto no traço como no espírito desta série-ícone da Banda Desenhada europeia. Bravo!
A “rentrée” de 2015/2016 da BD, começa muito bem com dois maravilhosos regressos: Jim del Mónaco e Corto Maltese.
É proibido não ler este novo tomo de Corto Maltese, que se espera bem, esteja em edição portuguesa muito em breve, o que aliás, é urgente... Para já, parabéns à francófona Casterman e aos hispânicos autores, perfeitos e leais continuadores da obra de Pratt.


ANTARES / 6 - Edição Dargaud. Autor: Leo (aliás, Luís Eduardo Oliveira).
Depois do “ciclo Aldebaran” (5 tomos) e do “ciclo Betelgeuse” (5 tomos), o terceiro “ciclo” (Antares) conclui-se neste belo sexto tomo, sendo todos os “ciclos” partes da espantosa série “Les Mondes d’Aldebaran”, dita de ficção-científica...
Leo, que em 2000 foi homenageado ao vivo no respectivo
Salão-BD Internacional da Sobreda, não só tem o talento gráfico de nos fazer viajar, deslumbrados, por situações e mundos fantásticos, como nos projecta a pertinentes análises dos personagens que atravessam esta maravilhosa série.
Este álbum encerra com uma entrevista a Leo conduzida
por Marc Gauvain.
Obviamente, virá em breve um novo “ciclo” desta série...


"Q.I." #134 - Edição EGO.
Mais um número do fanzine "Q.I." ("Quadrinhos Independentes") que o seu activo editor, Edgard Guimarães, teima (e muito bem!) em publicar com uma regularidade impressionante.
Neste número, para além das habituais rubricas "Fórum", "Edições Independentes", "Mantendo Contato" e "Poeta Vital", temos outros artigos de interesse como o que o próprio Edgard Guimarães dedica ao Capitão América, ou o que o nosso amigo Carlos Gonçalves escreve sobre "Patagónia", a primeira aventura de Tex publicada em Portugal.
Como "brinde" deste número, temos o pequeno mas bastante útil encarte "O Mundinho dos Quadrinhos", onde Edgard aponta e corrige alguns equívocos de "O Mundo dos Quadrinhos", obra de referência nas HQ's brasileiras, de Ionaldo Cavalcanti.

A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (12)

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12) O «TINTIN» PORTUGUÊS

Em 1968 por iniciativa de Jaime Mas, o catalão filho de Francisco Mas da Editorial Íbis, iniciou-se a publicação em Portugal de uma revista congénere da «Tintin» belga. A editorial Íbis e a editora Livraria Bertrand eram sócias e nessa altura eu trabalhava nesta última fazendo capas de livros e publicidade às edições, incluindo cartazes para decorar as montras das várias lojas que possuíam, espalhadas pelo país.
Capa do primeiro número da revista "Tintin"
O material incluído na revista era de origem belga e francesa, reunindo o melhor que então se fazia de Histórias em Quadrinhos nesses países. Tinha como diretor o Jaime Mas e como chefe de redação o Dinis Machado, que foi ocupar na Íbis o lugar do Roussado Pinto que fora abrir uma editora própria.
Esta revista impôs-se pela qualidade gráfica e pela criteriosa escolha das histórias, num cuidadoso equilíbrio dos temas, o que levou a ser considerada pelos editores belgas a melhor de entre as muitas com o nome «Tintin» editadas na Europa e mesmo em outros continentes.
Na distribuição da colaboração, deixaram 20% do espaço nas páginas da revista para ser preenchido com histórias feitas em Portugal, e foi convidado o Vítor Péon para preencher esse espaço, que logo no número 1 e em página dupla publicou «A 1.ª Travessia Aérea do Atlântico Sul». Estamos a falar, claro, da proeza de Sacadura Cabral e Gago Coutinho num voo sobre o Oceano até ao Brasil.
O Dinis Machado na nota de apresentação disse mesmo que a revista teria também «acontecimentos e figuras da História de Portugal».
Página dupla de Péon na sua melhor fase. Como foi scanerizado de um volume encadernado, nota-se o
ressalto do medianiz devido à dobra, "comendo" um pouco de desenho e letras.
Uma página e parte de outra onde Péon começou a preencher a rubrica com a nossa ligação
com África, primeiro no tempo dos Descobrimentos e depois nas campanhas militares do Séc. XIX 
Essa rubrica foi sendo preenchida com episódios dos lusitanos, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, até que, no n.º 19, O Péon destacou o Infante Don Henrique. E depois as campanhas em África no século XIX. Aí os belgas não gostaram pois estavam a acontecer grandes alterações nesse continente relativamente a independências e lutas contra o colonialismo. A Bélgica perdera o seu chamado «Congo Belga» e Portugal encontrava-se em plena guerra em África. Alarmados com a reclamação vinda da Bélgica os administrativos do jornal em Portugal entraram em pânico e para apaziguar os seus «maiores» resolveram o problema desta maneira: «Matando o bicho morre a peçonha». Acabaram com o espaço destinado à presença portuguesa preenchendo-o com mais material estrangeiro.
Assim o Tintin transformou-se numa revista totalmente franco-belga traduzida para a nossa língua.
As legendas eram todas desenhadas, como se havia convencionado internacionalmente (mas nem sempre cumprido) que os textos da banda desenhada precisavam de ser igualmente desenhados. Como eram muitas páginas a publicar semanalmente e o Mário Correia, nessa altura já grande profissional de «rotulação» e funcionário da casa, não podia sozinho dar vasão, foi necessário criar uma equipa.
Compunha-a o Mário Correia, o Teixeira Abreu orientador gráfico da Íbis, o Luís Nazaré funcionário da Bertrand e sobrinho do Aníbal Nazaré, que era autor de textos para revistas teatrais, o Strompa, nessa altura montador de Offset nas oficinas da Editora Bertrand e eu. Eu era dos mais fracos a legendar.
Foi necessário que acertássemos o desenho da letra de modo a que não se notasse diferença de umas páginas para outras. Todos tínhamos de trabalhar na mesma dimensão, o mesmo recorte e a mesma espessura da letra.
Fomos obrigados a um treino intenso e tomando por padrão o tipo de letra usado pelos franco-belgas.
Entretanto a editora decidiu também publicar álbuns com as histórias completas em paralelo com a revista, e as respetivas rotulações tinham de ser executadas num curto espaço de tempo. Levávamos para casa um desses álbuns com 44 páginas à sexta-feira para entregarmos tudo pronto após o fim-de-semana. Dividíamos então as páginas pelos cinco e não poderia haver diferença significativa na escrita.
Caneta Rotring que funcionava com uma tinta própria, mais diluída para poder escoar-se nos seus tubos finíssimos que funcionavam como aparos. Porém, para conseguirmos uma maior opacidade no traço,
carregáva-mo-las com tinta-da-china, o que entupia os tubos, obrigando a frequentes
lavagens e perda de tempo. Mas tinha de ser assim... 
As legendas eram executadas sobre papel vegetal, com canetas «Rotring» carregadas a tinta-da-china para ficar mais preta, sobre as páginas originais francesas ou belgas e tinham de caber nos espaços de origem, pois não havia hipótese de se mexer nos balões ou nos desenhos.
Esses vegetais eram montados sobre os fotólitos do desenho a preto cedidos pelas editoras estrangeiras e gravados nas chapas Offset, para a edição em português.
Se a tinta não ficasse bem negra, falhava na passagem à chapa. Também não se admitiam rasuras, e se nos enganávamos tínhamos de reiniciar tudo nessa página, pois qualquer raspagem, corte e colagem ficaria marcado sobre o desenho original. Era verdadeiramente um trabalho sem rede que exigia ficar pronto à primeira.
O facto é que criámos uma homogeneidade tal, que por vezes não sabíamos definir quais as páginas que tinham sido legendadas por nós próprios.
A revista tinha publicidade, alguma de página inteira, para desespero do Dinis Machado que achava estar a retirar ao leitor a possibilidade de ler mais uma aventura. Foi quando entrou em cena a «Agência 2000», de um francês radicado em Portugal.
Começou a mentalizar a administração e principalmente a redação em criar uma publicidade em forma de Quadrinhos, contando uma história. Para ser a agência a encarregar-se desse trabalho, ficaria mais caro do que recebiam do anúncio, por isso lembraram-se de mim, pois fazia parte dos quadros da editora com um ordenado fixo. Até me dava prazer e assim criei e desenhei uma série de pequenas historiazinhas, algumas para produtos da Thibaud, agência publicitária da «Fima Lever» dirigida pelo Telmo Protásio. Foi o primeiro contacto que tive com o que viria a ser, 6 anos mais tarde, o criador e proprietário da Meribérica/Liber.
Saíram várias historiazinhas destas onde a publicidade era bem aceite
pois continha ela própria uma aventura. 
Mas o Dinis Machado lutava para conseguir na revista umas páginas extra onde pudesse anunciar aos leitores as histórias seguintes.
Tanto insistiu com a administração que acordaram incluir 4 páginas, como se fosse um suplemento, em papel inferior ao do resto da revista e impressas só a preto. Chamou-lhe «Tintin por Tintin» e reuniu aí a secção de respostas às cartas dos leitores «Tu Escreves Tintin Responde», artigos sobre os autores franco belgas que o Vasco Granja traduzia do francês. Deu-me carta-branca para elaborar composições a anunciar as novas aventuras a publicar quando as anteriores iam terminando.
 (Continua)

No próximo artigo: A REDAÇÃO DO TINTIN, REALIDADE OU FICÇÃO?

AMADORABD 2015 INAUGURA HOJE!

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AMADORABD 2015
É hoje, dia 23, inaugurada a 26.ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que se manterá até ao próximo 8 de Novembro.
O tema principal é "A Criança na BD", festejando-se em simultâneo o centenário de “Quim e Manecas” de Stuart de Carvalhais.
O núcleo central desta festa da 9.ª Arte localiza-se, como é hábito, no Fórum Luis de Camões, na Brandoa. Mas há polos em diversos pontos da Amadora, de Lisboa e ainda um em Almada.
Programam-se, para além das exposições e da entrega dos Prémios (a 31 de Outubro), a apresentação e/ou lançamento de diversos álbuns (“Jim del Mónaco” de Louro e Simões, “Peregrinação” - 4.ª edição - de José Ruy, “A Batalha” de Pedro Massano, etc.), sessões de autógrafos, entrevistas, exibição de filmes, etc, etc.
Presenças estrangeiras confirmadas: os franceses Jacques Tardi e Mathieu Sapin, o alemão Reinhart Kleist, o grego Yannis Ioaunnou, os angolanos Lindomar Sousa, Olímpio Sousa e Tché Gourgei, os brasileiros Marcelo Quintanilha, André Diniz e Henrique Magalhães e o espanhol Fernando Ruibal Piai.
Para o Fórum Luís de Camões, os horários são: às sextas e sábados, das 10 às 23 horas; de domingos a quintas, das 10 às 20 horas.

NOVIDADES EDITORIAIS (81)

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PEREGRINAÇÃO - Edição Âncora. Autor: José Ruy, segundo os relatos das aventuras “vividas” por Fernão Mendes Pinto (1510-1583).
Trata-se da 4.ª edição desta obra-BD que se encontrava esgotada há alguns anos e que era procurada por muitos bedéfilos. É também uma das criações mais notáveis de mestre José Ruy.
Fernão Mendes Pinto registou, de um modo autobiográfico, a sua agitada e aventurosa vida por terras e mares da Ásia em “Peregrinação”, obra mais do que famosa da nossa Literatura.
Mas, o que ele narra, foi tudo autêntico? Ou há um excesso de fantasias? Ou há uma mistura das duas vertentes? Em qualquer dos pontos de vista, é uma obra para ser lida e admirada por todos nós.
E José Ruy, com o seu entusiasmo, deu-lhe toda a força na adaptação que, com mestria, fez da “Peregrinação” para a Banda Desenhada.
Esta versão em BD foi inicialmente publicada no “Cavaleiro Andante” (1956-1957) do n.º 249 ao 308, contendo 75 pranchas.

BELLE DE NUIT - Edição Delcourt. Autor: Horacio Altuna.
A magnífica ousadia gráfica, sobretudo no aspecto erótico, do argentino Horacio Altuna (que foi homenageado ao vivo no salão Sobreda-BD /1996), volta a brilhar com este álbum, “Belle de Nuit”.
Em Nova Iorque, a bela Jessica Hampton, leva uma vida dupla. De dia, é uma ingénua e acertada menina, filha de uma rica e conservadora família da alta burguesia. À noite... é um ver se te avias, sempre desejosa de sexo.
Ela é insaciável e evita comprometer-se. Apanha o que quer e depois desaparece sem olhar para trás, pela noite negra. Na verdade, ela é irresistível e muito bela... É a bela da noite!

OPTIONS SUR LA GUERRE - Edição Lombard. Autores: o argumentista Stephen Desberg e, no grafismo, Daniel Koller e Bernard Vrancken.
“Options sur la Guerre” é o 16.º tomo da série “I.R.$.“.
O agente do fisco, Larry B. Max, está agora apanhado numa aventura que se escapa da linha normal que tem enfrentado.
Agora, no cenário africano sempre turbulento, ele vai investigar um caso de trafico de armas que, ao fim e o cabo, são dadas como desaparecidas, porém vendidas a ambas as facções da guerrilha por um general... norte-americano

ENFANTS DES ABYSSES - Edição Lombard. Autora: Hélène V. (aliás, Hélène Vandenbussche).
“Enfants des Abysses” é o primeiro tomo da série “La Fille des Cendres” e recebeu em 2014 o “Prix Raymond Leblanc de la Jeune Création”.
O mar foi sempre sedutor, irresistivelmente sedutor... Na sua beleza e na sua maravilha, encerrando também grandes e estranhos mistérios.
Harriet Ashtray, corajosa e enigmática, pertence a uma família ligada ao mar. Melancólica, dentro dela há um estranho poder que a queima e que ela dissimula. E um dia, o mar lança-lhe um apelo...
Interessante registar que o argumento, o traço e as cores, são da autoria de Hélène V., um novo e prometedor valor da Banda Desenhada Francesa.
LB

BD E HISTÓRIA DE PORTUGAL (10) - FERNÃO DE MAGALHÃES

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Fernão de Magalhães (1480-1521)
Pela magnífica e ímpar epopeia das navegações-descobertas dos portugueses, há valores que, infelizmente, são “olvidados”, talvez porque, pelas circunstâncias, tenham navegado sob o pavilhão de outro país;
e no entanto, sem abdicarem de ser portugueses.
Sob pavilhão castelhano, apontam-se os exemplos de João Rodrigues Cabrilho, Estêvão Gomes, José Álvaro Fagundes, Pedro Fernandes de Queiroz e João Martins; sob pavilhão holandês, David Melgueiro. E acima de todos, Fernão de Magalhães, que teve o apoio do rei de Castela (Carlos I, dito Carlos V) e recusa caprichosa do rei de Portugal (Manuel I), realizando um feito quase impensável: a primeira viagem de circum-navegação. Com este feito, provou-se definitivamente ao mundo que a Terra é redonda!
Nasceu na região do Porto (em Sabrosa) em 1480 e faleceu heroicamente em combate a 27 de Abril de 1521, em Mactan, região de Cebu, na actual República das Filipinas.
O feito foi glória para Castela, mas também o foi para Portugal, pois Magalhães jamais mudou de nacionalidade. Até o nosso grande Camões, em “Os Lusíadas”, o salientou pelo feito mas não por ter servido Castela (a opinião do Poeta é válida pois ele era um fervoroso amante da Pátria)Assim, nas estrofes 138 e 140, se Camões critica Magalhães, não deixa contudo de o elogiar:

“Mas é também razão que, no Ponente
Dum Lusitano um feito inda vejais
Que, de seu rei mostrando-se agravado
Caminho há-de fazer nunca cuidado” 
ou 
O Magalhães, no feito, com verdade
Português, porém não na lealdade”

Pelo Cinema, e até agora, constam: uma produção para a TV húngara, em 1977, sob realização de Ferenc András e com o actor Tibor Szilágyi no papel de Fernão de Magalhães; há ainda dois filmes, com o mesmo título, “Lapu-Lapu”, realizados nas Filipinas em 1955 (por Lamberto Avellano e o actor Oscar Kesse) e em 2002 (por William Mayo e o actor Dante Rivero). O nosso saudoso actor António Vilar (1912-1995), que viveu na tela personagens como Camões, Don Juan, D. Pedro I de Portugal D. Diniz I de Portugal, etc, bem se empenhou em produzir, realizar e interpretar a epopeia de Magalhães, mas o prometido apoio do governo português, mais uma vez mesquinho, não foi cumprido e o nosso actor que para este projecto gastou a sua fortuna pessoal, acabou por morrer desgostoso e quase na miséria!...
Contudo, pela sempre atenta (felizmente!) Banda Desenhada (e Artes afins), a vida e a epopeia do nosso Fernão de Magalhães têm sido salvaguardadas através de desenhistas de diversos países, a saber:

PORTUGAL:
Fernando Bento e Manuel Alfredo...
"O Homem que deu a Volta ao Mundo", por Manuel Alfredo (texto) e Fernando Bento (desenho),
in "Cavaleiro Andante" #190 (1955)

Vítor Péon...

"A Primeira Volta ao Mundo de Fernão de Magalhães", por Vítor Péon, in "Tintin" #18, ano I, (1968)

Baptista Mendes...
"Fernão de Magalhães", por Baptista Mendes, inálbum #1 dos "Grandes Portugueses", revista "Camarada"

Eugénio Silva...

"A Primeira Volta ao Mundo", por Eugénio Silva, in "O Novo Livro de Leitura da 4.ª Classe" (1969)

Artur Correia e Manuel Pinheiro Chagas...
"História Alegre de Portugal", por Manuel Pinheiro Chagas (texto) e Artur Correia (adaptação e desenhos),
Bertrand Editora (2010)


Fernando Jorge Costa...
"Fernão de Magalhães", por Fernando Jorge Costa, in "Mundo de Aventuras" #449 (1982)

José Ruy...
"Os Lusíadas", volume III, por José Ruy (adaptação e desenhos), Editorial de Notícias (1984)
...e José Garcês e A. do Carmo Reis, que num dos quatro volumes da "História de Portugal em Banda Desenhada" se referem ao navegador português, de forma breve, numa só vinheta.


ITÁLIA: Franco Caprioli...
"A Primeira Volta ao Mundo", por Franco Caprioli, in "Cavaleiro Andante" #227 (1956)

...e Guido Buzzelli.
"Fernão de Magalhães", por Guido Buzzelli, álbum #9 da colecção "A Descoberta do Mundo",
Publicações Don Quixote (1982) 


BÉLGICA: Albert Weinberg.
"Magellan", por Albert Weinberg, in revista "Tintin" #13, (1954)


FRANÇA: Gal (Georges Langlais)...
"Le Premier Tour du Monde", por Gal (Georges Langlais), in "Spirou" #848 (1954)

 ...e Christian Clot/Thomas Verget /Bastien Orenge.
"Magellan, Justqu'au Bout du Monde", por Clot/Verget/Orenge, Edições Glénat (2012)


MÉXICO: há duas  versões, “Fernando de Magallanes” e “La 1.ª Vuelta al Mundo”, das quais desconhecemos até agora, os nomes dos respectivos desenhistas, ambas as versões pela Editorial Novaro.

“Fernando de Magallanes”, autor desconhecido - Colecção "Aventuras de la Vida Real",  Editorial Novaro (México)

“La 1.ª Vuelta al Mundo”, autor desconhecido - Colecção"Grandes Viajes", Editorial Novaro (México)


ESPANHA: Luis Bermejo (desenho) e Sanchez Abuli (argumento)...
 
"Magallanes y Elcano: El Oceano Sin Fin", Ed. Planeta de Agostinni (1992)

...e Casanovas 
"Fernando de Magallanes", com desenhos de Casanova e capa de J. Chacopino, 
Editorial Ferma (1951)


URUGUAI: Walter Lemos e Eduardo Barreto. Deste, “Magallanes” foi publicado na revista “Choroná” em Outubro de 1973. Infelizmente, não temos imagens desta versão.


E, noutras Artes...
Na PINTURA, destacam-se os quadros pelo nosso Carlos Alberto Santos e pelo inglês Ron Embleton.
Na ESCULTURA: a estátua em Sabrosa e em Lisboa, sendo esta uma réplica da que existe em Punta Arenas (no Chile).
Na FILATELIA: há selos postais em diversos países como Portugal, Espanha, Brasil, Ilhas Cook e na ex-república Ciskei  (hoje território da África do Sul).
Na LITERATURA: para além da famosa biografia pelo austríaco Stefan Zweig, salientam-se “Who Was Ferdinand Magellan?”, que tem uma edição em castellano, com texto de Sydelle Kramer e ilustrações de Elizabeth Wolf (ed. Turtleback School); “Magellan Autour du Monde”, com texto de Hugues Barthe e ilustrações de Christel Espié (ed. Casterman) e “Chamo-me... Fernão de Magalhães” com texto de José Jorge Letria e ilustrações de Leonor Feijó e Marta Belo (ed. Didáctica Editora).
E, sobre este firme e heróico navegador português, se mais devido assunto houver, aqui tal será acrescentado.
LB
Pintura de Carlos Alberto Santos e capa de "Chamo-me... Fernão de Magalhães", com texto de José Jorge Letria e ilustrações de Leonor Feijó e Marta Belo (Didáctica Editora)

BREVES (16)

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CPBD INAUGURA SEDE
O CPBD, Clube Português de Banda Desenhada, tem nova sede, na Avenida do Brasil, 52 A, na Amadora, no espaço que anteriormente foi do CNBDI.
A inauguração, com entrada livre, é no sábado, dia 7, às 18.30 horas.
Estarão patentes várias exposições, bem como as que são dedicadas a “Quim e Manecas”, a José de Lemos (pelo seu centenário), com originais e reproduções, e ainda outra, versando os 40 anos de actividade do CPBD.
Na inauguração, será apresentado o programa para os
eventos para 2015-2016.
Todos ao CPBD! 


AMADORA BD 2015
Termina este fim de semana o Amadora BD 2015, que tem como tema central  "A Criança na Banda Desenhada".
No próximo sábado o destaque via para uma conversa sobre "Os 40 anos da BD angolana", com João Mascarenhas, Lindomar Sousa, Olímpio Sousa e Tché Gourgel, às 15:00 horas. Haverá também sessões de autógrafos com estes e outros autores angolanos, para além de outras actividades que preenchem o programa do festival como grupos de leitura, feira de álbuns e fanzines, etc. 

 

JOÃO AMARAL em VISEU
É inaugurada às 16 horas do dia 14 de Novembro, a exposição de Banda Desenhada “A Viagem do Elefante”, elaborada por João Amaral com base na obra homónima de José Saramago.
É uma acção conjunta da Câmara Municipal de Viseu e do GICAV.
A exposição estará patente na Biblioteca Municipal de Viseu, de 14 a 30 de Novembro.
Horário: de segunda a sexta, das 8.30 às 19 horas; sábados: das 12 às 19 horas. Está encerrada aos domingos e feriados.




EUGÉNIO SILVA no BARREIRO
Nesta salutar e cultural onda de inaugurações e exposições, informa-se que é inaugurada a 1 de Dezembro, pelas 11 horas, no Fórum do Barreiro, uma exposição de aguarelas e alguma Banda Desenhada de Eugénio Silva.
Encerra a 3 de Janeiro de 2016.
As aguarelas também poderão ser compradas.
Horário: de domingos a quintas, da 11 às 17 horas; às sextas e sábados, das 11 às 20 horas.
LB

NOVIDADES EDITORIAIS (82)

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O PAPIRO DE CÉSAR - Edição Asa. Argumento de Jean-Yves Ferri, traço de Didier Conrad e cores de Thierry Méburki, segundo a série criada por René Goscinny e Albert Uderzo.
“O Papiro de César” é o 36.º tomo da série “Astérix”. E não há dúvida que esta série volta a brilhar em cheio. Albert Uderzo não tem força como argumentista, se bem que o tenha tentado após a morte de Goscinny. Porém, essas histórias eram um tanto insípidas e sem força, tanto na sua crítica sócio-política como no seu humor.
Com “O Papiro de César”, onde há insinuações divertidas às “novas tecnologias”, a hilaridade está sempre presente. E, por sua vez, o traço de Conrad em nada se afasta do de Uderzo.

 
LES TERRES RARES - Edição Lombard. Argumento de Luc Brunschwik e Aurélien Ducoudray e traço de Dimitri Armand.
Este é o primeiro tomo da série “Bob Morane: Renaissance”, onde há uma autêntica reviravolta na linha da série e tudo parece começar do zero, renascer...
O novelista belga Henri Vernes em boa hora, em 1953, criou o herói Bob Morane no romance “O Vale Infernal”. Cedo passou a ser também o argumentista para a BD, em adaptações dos seus romances e/ou com textos originais. É quase infindável o número de álbuns existentes!
Quatro notáveis desenhistas tomaram conta dos respectivos grafismos: o italiano Dino Attanasio, os belgas Gérald Forton e William Vance e o espanhol Felicisimo Coria, tendo havido ainda os efémeros e fracos exemplos desenhados por Victor Simek, Jacques Géron e Frank Leclercq.
E agora, sem a participação de Vernes, um outro e respeitável desenhista, Dimitri Armand. Com esta nova equipa, a aventura é reinventada e o traço de Armand tem uma linha mais forte e vigorosa, onde as fisionomias bonitotas de Bob Morane e de Bill Ballantine passam a mais realistas e, quiçá, necessariamente amadurecidas. E muito bem!
Só não se confirma ainda se Bob Morane vai continuar em duas séries paralelas ou se a primeira terminou...

LA MORT DANS L’ÂME - Edição Lombard. Argumento de Serge Le Tendre e grafismo de Jérôme Lereculey.
“La Mort dans l’Âme” é o quarto e último tomo da série “Golias”.
O jovem príncipe grego Golias, tal como o lendário Odisseus (Ulisses, para os romanos ), erra por terras e mares, sofrendo os caprichos dos deuses do Olimpo, uns que o protegem e outros que o querem aniquilar.
Mas, Golias, de uma vez por todas, está decidido a recuperar o trono de Akinoé, usurpado pelo cruel e ávido Polynos, seu tio e assassino de seu pai...

 
CAPITAINE PERDU / 1 - Edição Glénat. Autor: Jacques Terpant; e um elucidativo prefácio de Jean Raspail.
A famosa Guerra dos Sete Anos, entre a França e a Inglaterra, terminou em 1763 com a derrota dos franceses. Como consequência, a França devia entregar aos ingleses grande parte dos seus territórios extra Europa, muito especialmente os vastos da chamada “América Francesa”.
Acontece que os franceses não só eram muito estimados pelos diversos povos ameríndios, como se haviam misturado consanguineamente, pois haviam constituído família e descendência com casamentos mistos. Como seria doravante, que passariam a ser “ingleses”?...
capitão Saint Ange, casado com uma índia da tribo dos Illinois, não pensa retornar a França e tão pouco quer trair as ordens de seu rei (em Paris) e joga com todo este drama sócio-político e familiar. Por sua vez, o bravo líder índio Pontiac, reúne todas as nações ameríndias para fazer frente aos ingleses...
LB

SÉRIES DE TIRAS BD (1) - ORCE-MAN

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Iniciamos hoje uma nova rubrica, dedicada a uma forma de banda desenhada - as tiras BD - cujas origens remontam aos primórdios da 9.ª Arte e que, desde sempre, tem usufruído de grande popularidade entre os leitores.
Pretendemos destacar algumas das melhores séries de tiras publicadas em jornais, revistas, álbuns, blogues e sites por esse mundo fora, dando, naturalmente, maior ênfase àquelas que foram ou são ainda publicadas no nosso país, mas sem fazer disso uma regra, como, aliás, é hoje o caso.
Para começar, escolhemos "Orce-man", série da autoria (texto e desenhos) do cartunista granadino Carlos Hernández (que, recorde-se, esteve presente como convidado especial no salão "Moura BD 2013").
"Orce-man" tem como tema a Pré-História e é publicada, desde 1995, no diário "Ideal", tendo entretanto já sido editado um mini álbum com a compilação de algumas das melhores tiras.
O título da série faz alusão ao "Homem de Orce", um fragmento de osso, de grande valor arqueológico, achado em 1982 em Venta Micena, município de Orce, província de Granada (Espanha), com cerca de 0,9 a 1,6 milhões de anos. 
Através de um grupo de personagens heterogéneo e de um traço limpo e agradável, Carlos Hernandez consegue transformar esta série numa sucessão de gags e piadas que nos fazem rir da primeira à última tira.
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A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (13)

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13) REDAÇÃO DO TINTIN, REALIDADE OU FICÇÃO


Já com 4 páginas a mais na revista, embora com impressão só a preto e branco, o Dinis Machado ficou com mais espaço para poder anunciar as histórias que iam substituindo as que acabavam entretanto. Deu-me carta-branca para essas apresentações.
Acontece que nas variadas peripécias que aconteciam na redação, por vezes (muitas vezes) caricatas e de grande comicidade, em dez segundos eu riscava num papel a situação, caricaturando a cena, sempre com uma legenda adequada. O Dinis Machado achou que seria interessante passarmos a fazer o mesmo nessas apresentações das histórias.
E neste desenho aparecemos todos, como passou a ser hábito, inseridos no ambiente da aventura que estávamos a anunciar.
Em primeiro plano o Vasco Granja, muito alto e magro seguido do Mário Correia, mestre nas legendas, que trazia sempre uma pasta plena de tralha, desde escova para o cabelo, tubo de cola, ampolas de vidro, papelada, pinceis e canetas, muitas, tesoura e chapéu-de-chuva de encolher, enfim, um nunca acabar de surpresas. Eu exagerava e fazia toda a aquela «babilónia» a saltar da pasta. Na corrida, o Dinis Machado e eu numa trotinete com faróis de nevoeiro; isto porque havia comprado um par destes fura-neblina para um carrito que tinha e parecia mais uns faróis com rodas, acompanhado por um cãozinho Coquer Espaniel da minha filha.
No segundo plano o rapaz com a bandeirinha ajudava em pequenos trabalhos na redação, seguido da Maria Quirino, secretária do diretor da editora, e na mesma bicicleta dupla a «Milocas», uma jovem ajudante da Lurdes a secretária da redação, que vai atrás com os seus longos cabelos. Por último o Luís Nazaré, autor dos passa-tempos e de uma parte das legendas desenhadas.
Na torre de controlo O António Ramos, o diretor editorial, a falar para a Lombard, o que fazia constantemente.
Esta rubrica não era semanal, saía só quando se iniciava uma nova história. Ao idealizar a forma da apresentação, tinha a colaboração aprazível do Dinis Machado e do Márinho, como chamávamos carinhosamente ao Mário Correia, até hoje. Um dizia uma coisa, o outro acrescentava e assim se construía a página.
Nesta história dos «Charutos do Faraó», substituímos os balões com a frase atribuída a cada um, por hieróglifos. O Henrique Trigueiros tinha uma espiga, o Dinis Machado tinha o machadinho, eu tinha o Coquer, o Vasco Granja que exibia diariamente uma nova gravata ultrapassando-se nos mais inimagináveis padrões, deixava-a pender das ligaduras de múmia e o Mário Correia espalhava todo o conteúdo da sua pasta de couro, concorrente à «Caixa de Pandora».
Gostava de tirar partido dos contrastes existentes entre nós, principalmente entre a diminuta altura do Mário Correia e do «pé direito» do Vasco Granja. O António Ramos sempre a ligar, ou a tentar fazê-lo, para a Lombard, a Maria Quirino preocupada com os contratos e à procura do sítio em que os tinha guardado da última vez, o Luís Nazaré a saborear o seu cafezinho, o que ia repetindo ao longo do dia, e o Mário Correia com a sua pasta a despejar mais coisas do que a sua capacidade estimada.
Os leitores iam-se apercebendo de que aquelas personagens faziam parte da redação e alguns interpelavam-nos nesse sentido, procurando saber se seria verdade ou ficção. No fundo era uma verdade que ultrapassava a imaginação.
Estavam sempre a acontecer coisas, alguém que tropeçava num fio e espalhava as pastas que levava, um telefonema da Venezuela que por acidente veio parar ao telefone do Dinis Machado, de um Morales que queria à força saber qualquer coisa relativa à administração, e por mais que o Dinis tentasse fazer-se entender a explicar que não era dali, o tal Morales insistia e voltava a repetir a lenga-lenga. Por muito tempo gozávamos com o Dinis Machado, quando ele estava um pouco distraído, a pensar por certo nas histórias, dizíamos: Está lá, Morales!!!
Ele fingia que se irritava, mas não conseguia.

Costumávamos ir almoçar a uma tasquinha na Venda Nova, na Amadora, perto da redação, o Dinis, o Mário Correia, o Teixeira Abreu da Ibis e eu. Um dia, estávamos à espera do prato-do-dia, um guisado de carne, com os pratos voltados ao contrário sobre a mesa para proteção do pó, e distraidamente olhávamos um outro cliente na mesa ao lado, embebido profundamente na leitura de um jornal desportivo. O criado trouxe-lhe a travessa com o «ragu» e ele acto contínuo, sem desviar os olhos do jornal, despejou todo o conteúdo no prato, sem se aperceber de que este estava ao contrário. Na fração de segundo em que isto se passou, esboçámos ainda a tentativa de o avisar, mas o guisado resvalava já pelo fundo convexo do prato, depositava-se em parte na toalha continuando para as calças e sapatos do cliente.
Após a primeira reação de surpresa, fomos atacados pela inevitável vontade de rir, pois o senhor como se tratasse da coisa mais natural do mundo, voltou o prato e com a mão foi encaminhando o derrame para o seu interior, mesmo o que se havia depositado nas calças, deixando só como desperdício o que caíra no chão. E começou a comer continuando a ler o desportivo.
Pode imaginar-se o esforço que tivemos de fazer para não começarmos à gargalhada, incapazes de olharmos uns para os outros, pois só de vermos a expressão de cada um nos fazia mais vontade de rir. Levámos o almoço a engolir mais o riso do que propriamente a carne com as batatas, nem comemos sobremesa e saltámos para a rua onde, aí sim, demos largas às gargalhadas contidas até então. Foi neste propósito que chegámos à redação, lágrimas a correr, para espanto de todos, e sem fôlego para contar o sucedido, pois quando um de nós começava a descrever a cena, desmanchávamo-nos e não conseguíamos dar seguimento nem coerência ao acontecimento. Claro que isto foi motivo para boneco, não para publicar.
Até que o Dinis Machado resolveu que devíamos assumir mostrar como era na realidade a redação aproveitando um concurso promovido pela casa-mãe de Bruxelas. A disposição das secretárias e estiradores, armários e ficheiros está correta neste desenho. Atrás de mim e do Mário Correia havia grandes janelas que davam para a Rua e ao fundo, o gabinete do António Ramos… a ligar para a Lombard. No meu lado direito havia uma porta (que não se vê) que dava para a secção de promoção e publicidade, de onde saía várias vezes ao dia o Vasco Granja sobraçando pastas com desenhos dos franco belgas.
E um dia tivemos a visita do francês dono da Agência 2000 com uma questão.
(Continua)

No próximo artigo: O REPORTER CLIQUE

BREVES (17)

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SALÃO-BD DA ROMÉNIA
O salão-BD da Roménia, que é anual e coordenado por Dodo Nitá, acontece este ano de 20 a 22 de Novembro, na cidade de Craiova, mas nem sempre ocorre numa mesma cidade desse país.
Participam cerca de 25 desenhistas romenos, como o decano Puiu Manu, Gabriel Rusu, etc. O país convidado é a Sérvia, mas haverá também uma homenagem-evocação ao italiano Hugo Pratt.
Recorda-se que Dodo Nitá, já por várias vezes, apresentou desenhistas portugueses, como José Ruy, Fernando Bento e Eugénio Silva, entre outros.



BEDETECA JOSÉ DE MATOS-CRUZ
Inaugura também hoje, às 16:00 horas, na Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana, em Massapés - Tires (Concelho de Cascais), a Bedeteca José de Matos-Cruz, cujo nome homenageia, com toda a justiça, um dos grandes divulgadores da banda desenhada no nosso país.
Depois de Lisboa, Amadora, Viseu e Beja, aí está mais uma Bedeteca pronta para satisfazer leitores e investigadores da 9.ª Arte.
Longa vida à Bedeteca José de Matos-Cruz!


MILIONÁRIO LEILÃO DE PRANCHA DE HERGÉ
Uma prancha original, a preto-e-branco, do álbum de Hergé-Tintin, “O Lótus Azul” (1936), foi recentemente leiloada em Paris pela Artcurial.
Foi arrebatada por um milionário chinês de Hong Kong, no valor de 1,1 milhões de euros, equivalente a 9,6 milhões de dólares de Hong Kong!
Digam lá agora que a BD “não vale nada”!...
Também, da série “Rahan” de André Chéret, capas e originais, têm estado em leilão e por alto preço, em Paris e em Bruxelas.


ANIVERSÁRIOS (AINDA) EM NOVEMBRO

Dia 21: Vassalo de Miranda
Dia 22: Cyril Pedrosa
Dia 24: Horácio Altuna e Carlos Laranjeira
Dia 25: Luiz Beira e Jorge Deodato
Dia 26: Juan Giménez
LB

NOVIDADES EDITORIAIS (83)

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DEMAIN L’APOCALYPSE - Edição Glénat. Autor: Milo Manara.
Que espanto! Com este álbum, autêntico libelo acusatório, com a incontestável arte (texto e grafismo) deste gigante italiano da Banda Desenhada, quase ficamos cilindrados.
Por norma, conhece-se bem Manara pelas suas narrativas na linha erótica, algumas vezes um tanto abusivas e especulativas. Mas ele teve outras vias criativas...
Desta vez, com “Demain l’Apocalypse” (Amanhã, o Apocalipse), ele arrasta-nos e entusiasma-nos para a ficção-científica através de duas narrativas num só álbum: “Révolution” e “La Fugue de Piranèse”. Sem falhar na sua pontuação de cenas eróticas, o que seriamente importa nestas duas histórias são os temas de acusação sem piedade a situações hipoteticamente futuras, da sociedade e da política, do mundo louco, decadente e prepotente em que vivemos. Não se pode assobiar para o lado ante o que Manara aqui nos alerta! Não, não podemos ignorar estes temas!...
Em “Révolution”, há um paranóico e cruel líder que se faz chamar de “Robespierre”, que instaura implacavelmente a guilhotina... e é a hecatombe de decapitações... Feroz, até certo ponto, este Robespierre até tem alguma razão. Ele “defende” o povo de uma “nova nobreza” capitalista que anestesia e vicia o povo, sobretudo através da sinistra televisão...
Em “La Fugue de Piranèse”, há a paranóia de se querer controlar a Humanidade pelos processos mais incríveis e abomináveis, em nome da “paz”  e da “felicidade total”!... A que preço?
“Demain l’Apocalypse” é um álbum que exige a sua urgente edição em português!


 
BERNARD PRINCE Reeditado - O nosso post a 29 de Novembro de 2012 foi dedicado ao tão popular herói Bernard Prince, cuja série foi quase totalmente desenhada por Hermann. Nunca é demais recordarmos certos heróis-BD, pois tal nunca é tema esgotado devido à sua imensa força de pleno agrado.
A parceria Edições Asa/Leya e jornal Público, já há muito nos habituou, positivamente, às suas periódicas edições de álbuns-BD. Ainda recentemente nos brindou com uma dose de Ric Hochet. Mas este herói tem uma quantidade tal de aventuras que, certamente, dará azo a futuras outras doses...
Agora, finalmente, calha a vez a Bernard Prince: de 11 de Novembro a 27 de Janeiro, às quartas-feiras e com o jornal Público, aí vão estar doze álbuns, albergando quinze aventuras. Quinze, pois três deles, englobarão uma segunda narrativa mais curta, todas com argumento de Greg.
Os onze primeiros têm a arte de Hermann e o último, a de Dany, colega e amigo de Hermann. Com boa vontade e algum lógico “esforço”, a série poderia ficar completa com mais uma meia dúzia de tomos...ou não?
Assim, ficam excluídos, pela arte de Hermann, “A Fortaleza das Brumas”, “Objectivo Cormoran”, bem como o mais recente, criado bons anos mais tarde, “Menance Sur Le Fleuve” (com argumento de Yves H.); e também, as sete curtas e primeiríssimas aventuras de Prince (muitas delas com argumento do próprio desenhista) e as cinco curtas, de uma época bem posterior, pois todas elas, as de “ontem” e as de “hoje”, davam um precioso tomo. Os coleccionadores e os muitos admiradores deste herói, ficariam muito contentes e agradecidos
E para completar - completar mesmo! - tudo ficaria óptimo com a inclusão de “Orage Sur le Cormoran” por Dany e as duas narrativas desenhadas por Edouard Aidans: “La Dynamitera” e “Le Poison Vert”.
E, porque não, muito em breve?


ARÈNE DES BALKANS - Edição Les Humanoïdes Associés. Com base numa ideia de Darko Macan, tem argumento de Philippe Thirault e arte gráfica do jovem português Jorge Miguel, com apoio nas cores de Javi Montes.
Toda a trama, localizada no Canadá e nos Balcãs (Croácia e Bósnia) é inventada, se bem que se inspire em factos reais, Atenção, pois!...
O cidadão Frank Sokol, vinte anos mais tarde, torna do Canadá aos Balcãs, para o funeral de sua mãe. Já viúvo, acompanha-o seu filho, ainda petiz e que não fala o idioma croata... E toda a história é um pesado drama, nada piegas, que nos empolga. Fortemente realista, o aplauso maior vai, com justiça, para a arte do nosso concidadão Jorge Miguel.


TEQUILA MOLOTOV POUR OSS 117 - Edição Soleil. Segundo uma obra de Jean Bruge, tem argumento de Ghief, traço de Pino Rinaldi, cores de Usagi e capa de Stéphane Perger.
Tudo muito bonito neste primeiro tomo da série, com “muita gente” em equipa. Tudo bem, pois os ingredientes deste género de aventuras estão lá todos e provocam um certo e lógico entusiasmo. ..
Mas, porém, todavia, contudo... a narrativa está descaradamente a calcorrear o que já sabemos das aventuras de James Bond!
LB

PELA BD DOS OUTROS (18) - A BD DA HOLANDA

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Localização da Holanda na Europa
O Reino da Holanda, também conhecido como Países Baixos, situa-se na Europa, fazendo fronteiras com a Bélgica e a Alemanha. A cidade de Amesterdão é considerada como sendo a capital, muito embora a sede do governo esteja em Haia.
De entre muitos organismos, a Holanda é membro da OTAN, da União Europeia e da OCDE. Tem como moeda o Euro.
País de autênticas amplas liberdades, pelo seu sistema, é livre a eutanásia, o aborto, a prostituição, a homossexualidade e o circuito/uso da drogas. Mas outros aspectos são marca de encanto: os moinhos de vento, as tulipas. o queijo “gouda”, as bicicletas, os típicos tamancos, etc.
Em tempos idos, chegou a ter o seu império colonial, donde por exemplo, a actual Indonésia e a república sul-americana do Suriname. Ainda mantém territórios “protegidos” lá para as bandas das Antilhas... Chegou a atacar, nesses tempos, territórios portugueses (Angola, Brasil, Ceilão, etc.) sob o pretexto de que Portugal estava sob o domínio de Castela, com quem a Holanda estava em guerra...
No entanto, o povo holandês sofreu amargamente com as duas Grandes Guerras, em especial na segunda, ante as paranóias de Hitler. Deste clima recente, o drama real e consequente livro (diário) da jovem judia Anne Frank.
No plano cultural, é vasto e admirável o respectivo registo, como por exemplo, os filósofos Erasmo e Espinoza (descendente de judeus portugueses) e pintores de nomeada, como: Rembrandt, Vermeer, Ruysdael, Van Gogh
e Mondriaam. Salienta-se ainda a actriz Sylvia Kristel e o actor Rutger Hauer.
Chegados à Banda Desenhada, indicamos alguns dos mais notáveis valores: Marteen Toonder...


Hans G. Kresse...

Henk Kabos...


Paul Teng...

Martin Lodewijk...


 Lo Hartog Van Banda...


Peter Kuhn...
 

Dick Matena...

 e Gerrit De Jager.

Destes, Hans Kresse (série “Os Pele-Vermelhas”) e Peter Kuhn (série “O Capitão Audaz”) foram publicados em Portugal. Gerrit De Jager, com o seu incrível humor, chegou a ser convidado para uma das edições dos salões “Sobreda-BD”, até com o patrocínio da Embaixada da Holanda em Lisboa, mas devido à sua profissão numa das televisões do seu país, com tristeza, cancelou a vinda pois fora destacado em serviço para um país asiático.
Outros valorosos desenhistas holandeses: Ulli Bürer...
Fred Julsing Jr...


Joost Veerkamp...

Peter De Wit...
...Jaap Vegter, Stefan Verwey, Peter De Smet, Arne Zuidhoek, Tijn Snoodijk, etc.
São muitos valores em várias vertentes, mas quase nada se vai sabendo de suas obras em português!...
LB

OS DOZE DE INGLATERRA - EDIÇÃO DE LUXO

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Capa e contra-capa para a edição de luxo de "Os Doze de Inglaterra" (Edição Gradiva)

Os Doze de Inglaterraem quadrinhos

A grande novidade deste final de ano e início de 2016 é a brilhante iniciativa da editora Gradiva ao publicar uma obra notável, Os Doze de Inglaterra, adaptada em quadrinhos a partir de um opúsculo atribuído a Campos Júnior, por Eduardo Teixeira Coelho, com o seu traço magistral. A história, com 112 páginas primorosamente desenhadas e inicialmente publicada n’ O Mosquito entre 1950 e 1951, foi agora recuperada numa edição de luxo e insere-se na comemoração dos 80 anos da saída do primeiro número deste mítico jornal, a 14 de Janeiro de 1936.

Aquando da primeira publicação no jornal O Mosquito, devido ao texto excessivo, embora muito bem escrito, de Raul Correia, partes importantes dos desenhos foram lamentavelmente amputadas e a sua composição gráfica alterada devido a esse facto.
Apresenta-se-nos agora a ocasião única de podermos pela primeira vez observar os desenhos completos do grande ilustrador E. T. Coelho.
O aspecto de cada página, embora muito melhorado pelas novas tecnologias ao nosso alcance, mantém as características da publicação no jornal O Mosquito, com a sua textura peculiar.
É uma edição a não perder, por todos os que mantêm a recordação desse tempo, e pelos que tomem agora contacto pela primeira vez com a obra, descobrindo a mestria deste exímio e consagrado autor de histórias em quadrinhos, reconhecido não só em toda a Europa como além dela.
À esquerda, uma página de "Os Doze de Inglaterra" publicada n'O Mosquito, no início dos anos 50.
À direita, a mesma página, já restaurada e legendada, exactamente como será publicada no álbum da Gradiva.

Deixo aqui um conselho, se me permitem: façam já a reserva de um exemplar na editora (www.gradiva.pt), pois a edição será limitada.
O editor da Gradiva, Guilherme Valente, está por isso de parabéns, por esta preciosa edição.
Destaco a dedicação dos técnicos especializados da casa impressora, a Multitipo, e do arranjo da capa sobre um desenho de E. T. Coelho, pelo gráfico Armando Lopes, ele também autor de histórias em quadrinhos.

Compete-nos a todos, admiradores da Arte de Teixeira Coelho, acarinhar esta heróica iniciativa, adquirindo exemplares e divulgando-a como merece.
Se um livro é sempre uma boa prenda para alguém que estimamos, este fará sem dúvida a felicidade de quem gosta de ler e que aprecie as histórias em quadrinhos de qualidade.
José Ruy

A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (14)

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14) O REPÓRTER CLIQUE


Uma tarde recebemos na redação o dono da Agência 2000, um francês que estava a angariar anúncios para o Tintin, e que eu desenhava com o objetivo de integrar a publicidade no ambiente das histórias da revista.
Entretanto ia aparecendo esta publicidade, bem aceite pelos leitores pois continha também uma história,
embora ingénua e simples, dirigida a um escalão etário mais baixo.

A Agência 2000 tinha contactado algumas firmas importantes no mercado que se interessaram em anunciar no Tintin. O francês propunha que criássemos uma personagem que se tornasse conhecida e que funcionaria como elo de ligação na série que acreditava conseguir angariar. Por isso queria conversar connosco, principalmente comigo que fazia os desenhos.
O que me ocorreu de imediato foi criar um jornalista que fosse fazendo as reportagens. Um repórter. Precisava de ter um nome simples, sonante e de fácil memorização. Porque não o som da máquina fotográfica, «clic»? Gostaram e foi aceite, faltava dar forma à figura. E a primeira «grande reportagem» foi na Aliança, e como precisávamos de «ver» para «crer» fui com o Dinis Machado à fábrica receber informações e acompanhar o fabrico para poder explicar em Quadrinhos.
Esta reportagem foi descrita em seis números e fiz acompanhar o «Clique» de um rapazito, o «Tonecas»,
a quem o repórter ia explicando o fabrico durante a visita. Nesta última página, o Tonecas trouxe a «Mariazinha» quando o Clique ia explicar o fabrico das bolachas. Ela simbolizava a bolacha «Maria».

Este novo «herói» interno do Tintin chegou a figurar nas apresentações das histórias, como na de Lucky Luke em «Canyon Apache».

Como previra o francês da Agência 2000 outras empresas foram aderindo a este género de anúncios que tinham até algo de didático: um banco, uma fábrica de sumos, a própria Siderurgia Nacional. Mas a seguir à reportagem na Aliança o Dinis Machado achou que realmente fazia falta um acompanhante para o Clique, de modo a estabelecerem um diálogo enquanto ia «fotografando». Seria um rapazito, como o Tonecas e lembrou-se de lhe chamar «Flash». Clique e Flash. Era o disparo da máquina e da luz.

Estes anúncios ultrapassaram as páginas do Tintin e foram publicados em jornais e outras revistas. A Aliança quis até fazer um folheto para distribuição com o conjunto das páginas, que foi impresso nas oficinas da Bertrand, para o qual acrescentei uma capa. O mesmo aconteceu com a reportagem no Banco.
O suplemento passou a ter 12 páginas e o Fernando Relvas começou aí a publicar as suas primeiras Histórias em Quadrinhos.
O Relvas publicou no "Tintin" algumas das suas melhores histórias, com bom argumento, bem contadas e muito equilibradas na mancha do claro-escuro.

Quando o «Jornal do Cuto» dirigido pelo Roussado Pinto com quem todos nós havíamos já trabalhado fez um ano de publicação resolvemos fazer-lhe uma surpresa. E ele retribuiu publicando-a nas suas páginas.

Mas nos anos 80 do século XX criara-se uma certa instabilidade política em Portugal. A revista «Tintin» continuava com boa venda, mas os direitos precisavam de ser enviados para a Bélgica e para a França e as quantias atingiam um volume que ultrapassava o limite que o Banco de Portugal estabelecera para a saída de divisas. Assim a Bertrand pagava conforme lhe era permitido, mas acumulando sempre uma diferença para o total. Tinham até de pagar a utilização do título «Tintin». Em dada altura as agências franco belgas receando uma súbita alteração política que pudesse pôr em causa receberem o dinheiro em dívida, começaram a pressionar a Bertrand que não podia fazer nada, porque lei é lei.
O Dinis Machado ciente de que o desfecho da polémica poderia levar ao corte do contrato e obrigar á suspensão do Tintin, lembrou-se de criar as condições para que se isso acontecesse poder sair com outra revista à base de colaboração portuguesa e alguma estrangeira de outra origem, aproveitando os assinantes e compradores fieis ao Tintin.
Nessa altura eu estava a trabalhar nas «Edições Europa-América» e o Dinis contactou-me para fazer uma série de histórias com o Clique e Flash sem ligação à publicidade para que os leitores o deixassem de ver comutado com os anúncios.
Saiam em dupla página, todas as semanas, e foram muitas as histórias publicadas.

E assim o Clique e o Flash entraram na pura aventura, com peripécias sempre ligadas à redação. Para que o protagonismo da personagem fosse mais forte, começou a entrar nas capas do Tintin intrometendo-se na divulgação das outras histórias. Mas mais ainda, aproximando-se do próprio título, indiciando um contra ponto à vinheta do Tintin e Milou.

Mas esta estratégica não foi compreendida pela administração, que achou que estávamos (as pessoas da redação) a procurar protagonismo aparecendo constantemente na revista. Porquê eles e não nós? Isto chegou a ser alvitrado. Além disso recearam que os franco-belgas se ofendessem em ver aquele «Clique» em lugar de tanto destaque, junto ao título.
Nessa altura o Henrique Trigueiros continuava como diretor, mas o chefe de redação deixou de aparecer na ficha técnica.
Sob pressões, o Dinis Machado saiu.
Em 1981 o Vasco Granja passou a diretor acumulando a chefia da redação. Mas a condenação estava iminente e o que o Dinis Machado previra aconteceu mesmo. Os belgas decidiram que se não recebessem todo o dinheiro cortavam com o envio dos fotólitos.
E a revista «Tintin» portuguesa acabou deixando os seus fiéis leitores à deriva, procurando outras publicações que entretanto foram surgindo.
(Continua)

No próximo artigo: AS SELEÇÕES BD

EXPOSIÇÃO DE EUGÉNIO SILVA

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Conforme noticiámos há algum tempo, foi inaugurada uma exposição de aguarelas e de alguma banda desenhada de Eugénio Silva, no passado dia 1 de Dezembro, no Forum do Barreiro. Estará patente até 3 de Janeiro, abrindo todos os dias às 11 horas e encerrando às 19, excepto às sextas e sábados, que encerra às 20 horas.
Estão patentes dezasseis belíssimas aguarelas (também vendáveis) focando aspectos do Barreiro antigo. Na parte BD, alguns exemplos, em uma prancha: “Inês de Castro”, “Forja”, “José do Telhado”, “Wari-Wulf” (com texto do malogrado francês Ludovic Joffrain, que devido ao seu repentino falecimento em 2008, ficou incompleta), “No Tempo dos Afonsinhos”, “Eusébio, o Pantera Negra” (com o
respectivo álbum à venda no local), “A Perfeição” e a “prancha-piloto” elaborada para o projecto de “A História do Barreiro em BD”.
Para além de Eugénio Silva, como anfitrião, Miguel Ramos, que é o director comercial do Forum (e em tempos, também desenhista).
Muitos visitantes em demorada apreciação de todos os trabalhos (Pintura e BD) expostos. O BDBD esteve lá, na pessoa de Luiz Beira, bem como a directora do grupo editorial Babel e o jovem pintor e cenógrafo barreirense Ricardo Nunes.
A cidade do Barreiro, banhada pelo Tejo e o seu afluentezinho Coina, não é assim tão longe... Merece um passeio-visita, sobretudo a esta exposição sobre as artes de Eugénio Silva.

Exemplo de uma das aguarelas expostas
Parte do espaço BD
Miguel Ramos, Eugénio Silva e Luiz Beira
Eugénio Silva, Maria José Pereira e Miguel Ramos

NOVIDADES EDITORIAIS (84)

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LES DÉMONS DE SPARTE - Edição Casterman. Autores: argumento de Valérie Mangin, traço de Thierry Démarez, cores de Fabien Alquier e prefácio de Numa Sadoul, segundo a série-obra original de Jacques Martin.
“Les Démons de Sparte” é o quarto tomo da extraordinária série “Alix Senator”.
A Hélada (ou Grécia) está subjugada ao Império Romano, o que não implica que esteja conformada. Ante isto, Roma deseja apossar-se dos livros sibilinos do Oráculo de Delfos... O mais precioso deles está “desaparecido”...
Alix, cinquentão e senador, é enviado à Grécia para desvendar e resolver o mistério do assassinato de um emissário romano. E terá de enfrentar uma certa e impiedosa guerrilha de Esparta...

 
PSICOPATOLOGIA PARA TODOS - Edição  Arcádia. Autor: Miguel Montenegro.
Este é o segundo tomo da hilariante série “Psicopatos - Entre Loucos, Quem Tem Juízo É Pato”.
Se com o primeiro tomo já bem nos tínhamos divertido, com este, vai-se mais longe, num espantoso delírio de humor produzido pela arte e saber de Miguel Montenegro.
E não é um humor ou um sarcasmo gratuito, nada disso. Através das imensas tiras do álbum, deparamos com uma corajosa e irónica crítica a situações e gentes que abundam ridiculamente na realidade quotidiana.
A ler com atenção, juntando à risota, bons aplausos a Miguel Montenegro.

COLAPSO - Edição Asa. Autores: argumento de Philippe Graton e Denis Lapière e arte de Marc Bourgne e Benjamin Benéteau, segundo a série original de Jean Graton, “Michel Vaillant”.
Nesta segunda fase, é o quarto tomo e nele deparamos com uma situação bem negra ante o “império Vaillant”: Jean-Pierre (o irmão de Michel) fez um negócio errado, pior, foi bem enganado e traído. A grande e invejável empresa Vaillant parece falida ou, até mesmo, quase inexistente.
Será que, no fim deste episódio, Jean-Pierre se suicida mesmo apesar de seu irmão Michel, desesperadamente, o tentar segurar?

 
SOLO - Edição Lombard. Autores: argumento de Emmanuel Herzet, traço de Eric Loutte e cores de Didier Ray e Christian Goussale.
“Solo” é - finalmente! - o segundo tomo da série “Alpha - Premières Armes” (não confundir com a série original e paralela, “Alpha”, que continua).
Esta nova série foca os primeiros actos de coragem e de treino do jovem militar Dwight Tyler, que, para além da sua natural bravura, é teimoso e gosta de ser independente... Pois sim!
A CIA topou-o e não o larga na sedução de o apanhar... Ele resiste, mas mais lá para diante, irá tornar-se mesmo no audacioso agente sob o nome de código de “Alpha”.
LB

BREVES (18)

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COLÓQUIO JOSÉ RUY

O Clube Português de Banda Desenhada (CPBD) promove no próximo dia 19 de Dezembro, Sábado, pelas 15:30 horas, na sua sede oficial (Av.ª do Brasil, 52-A, Amadora) o colóquio "Um Autor, uma Obra - José Ruy e a Peregrinação".
O próprio José Ruy guiará o público numa viagem pela obra de Fernão Mendes Pinto, através da sua versão em banda desenhada, que leva já várias edições publicadas. 
Iniciativa, obviamente, a não perder e que vem confirmar o já anunciado "renascer" - que efusivamente saudamos - do CPBD, após um longo período de letargia.

CALENDÁRIO GICAV
O Gicav (Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu) organizou, em Agosto último, uma exposição de cartunes e ilustrações sobre Viriato, conforme demos conta nessa ocasião.
Essas ilustrações e cartunes (vinte e uma no total, assinadas por autores nacionais - veteranos e "novatos") foram agora inseridas num calendário de mesa, editado também pelo Gicav.
Eis uma forma bem original de perpetuar a homenagem a esta figura ímpar da História de Portugal, que tanto diz a Viseu.
Bravo, Gicav!

EXPOSIÇÃO "BD FACEBOOK - A CULPA É DO LIKE"

Continua a decorrer até 31 de Março, na Bedeteca da Amadora, a exposição "BD Facebook - A culpa é do like", que reflecte o uso da internet, como berço de publicação de banda desenhada.
Baseada no trabalho de quatro autores cujas obras publicadas recentemente partem deste universo, a exposição mostra-nos a obra de Sara-a-Dias, «A minha mãe acha que fui trocada à nascença», Fernando Caeiro, «As crianças são muito infantis», Miguel Montenegro, «Psicopatos - Entre loucos quem tem juízo é pato», e do autor anónimo que criou «A Criada Malcriada».







ANIVERSÁRIOS EM DEZEMBRO

Hoje, dia 13: José Carlos Francisco (do blogue português do "Tex") e Leo 
No dia 17: Fabrice Néaud
No dia 21: Jean De Mesmaeker (Jidéhem)

A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (adenda ao n.º 14)

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Adenda ao artigo 14) Clique & Flash

Satisfazendo a curiosidade do nosso leitor A. Santos, aqui deixo mais umas curiosidades sobre a parelha «Clique & Flash» cujas aventuras foram publicadas no «Tintin» português.
Efetivamente, o episódio da visita a casa do Vasco Granja foi feita pelo repórter Clique e seu assistente Flash, como se mostra nas páginas que acompanham este texto. A curiosidade está na reação do Vasco Granja a esta história.
Como já contei no BDBD, esta série foi idealizada pelo Diniz Machado para criar condições destes «heróis» de BD se tornarem título de revista, a substituir o de «Tintin», quando se concretizasse o colapso inevitável. Essa nova revista teria só colaboração portuguesa, para evitar a saída de divisas e a dificuldade em pagar os direitos para fora do País.
Foi-me dada «carta-branca» para criar os episódios, que se baseavam nas figuras da redação do «Tintin», com muita ficção, para dar o tempero necessário de modo a chamar a atenção dos leitores.
Convinha integrar o Vasco Granja nas histórias, pois era na altura figura conhecida pelos programas de cinema de animação que apresentava na RTP.
Como todos os outros episódios, este era completamente louco e inventado. A casa do Vasco Granja não tinha um pé direito tão elevado, mas a quantidade de livros e revistas de BD era considerável, pois mantinha pacotes na varanda, por já não caberem no interior da habitação.
O que o Vasco Granja não gostou, foi que eu dissesse que estava atrasado na entrega dos seus artigos para publicação, pois realmente entregava o material em lotes que dava para vários números.
Mas era um caso de humor, para criar a situação em que as duas personagens precisavam de ir a sua casa buscar os textos.
Então ficou aborrecido comigo dizendo que os leitores assim ficavam com uma ideia errada dele, que nunca falhava nas entregas.
Com o passar do tempo passou-lhe o amuo.
Formávamos uma equipa coesa e eramos amigos de verdade.
Como resultou esta tentativa de transformar o «Tintin» na revista «Clique & Flash», sabem já pelos artigos que escrevi.
José Ruy

SÉRIES DE TIRAS BD (2) - DILBERT

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Criada em 1989 pelo cartunista norte-americano Scott Adams, Dilbert é uma das séries de tiras de maior sucesso em todo o mundo.
Scott Adams foi, durante anos, funcionário da Pacific Bell, como economista, e isso deu-lhe uma enorme «bagagem» para criar Dilbert, onde desenvolve temas empresariais, burocráticos ou de negócios que fazem as delícias de milhões de leitores
Em 1995, Adams deixou a Pacific Bell e passou a dedicar-se por inteiro aos cartunes, coisa que os seus leitores, evidentemente, agradecem até hoje.
Com um traço minimalista e um humor corrosivo, Dilbert é uma série publicada em mais de 2000 jornais e revistas, em 70 países, e traduzida em 23 línguas! 
CR








BREVES (19)

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BOAS FESTAS
Tira de "RIbanho", publicada no "Diário do Alentejo" (23.12.2005)
O BDBD deseja a todos os seus amigos um Bom Natal e um Ano Novo melhor do que o que agora termina. E com muita banda desenhada, se possível :)






"LE COMBAT ORDINAIRE", O FILME
Passou recentemente ao Cinema, já com versão em DVD, a obra-BD “Le Combat Ordinaire” de Manu Larcenet, publicada em 2003 pela Dargaud Éditeur.
O filme tem realização de Laurent Tuel e, como principais actores Nicolas Duvauchelle, Maud Wyler, André Williams e Jeremy Azencott.
Será que o veremos em Portugal?
Trailer de "Le Combat Ordinaire"




BDBD NO FACEBOOK
O BDBD volta a ter uma página oficial no facebook.
Deste modo, os posts do nosso blogue poderão chegar mais longe e a mais leitores.
Podem consultar a página procurando em www.facebook.com/bloguedebd




ANIVERSÁRIOS EM JANEIRO 
Ilustração de J. Bone
Dia 02 - Jukka Murtosaari e Rui Abrantes
Dia 08 - Rá
Dia 09 - Helder Carrilho e João Fazenda
Dia 10 - Paula Pina e Felicisimo Coria
Dia 13 - Jartur Mamede
Dia 16 - Didier Convard
Dia 17 - Miguel Peres
Dia 19 - Ricardo Cabral
Dia 22 - Zé Manel
Dia 24 - Carlos Rico
Dia 28 - Dany

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